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Richard Ríos

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Richard Ríos

— Eu sou a Maju.

Sorrio. Ela acha mesmo que eu não sei ?

— Oi, Maju. Eu sou o…

— Richard Ríos! Você é famoso no tiktok.

— Maria Júlia… — Vitória repreende, e eu apenas dou risada.

Saímos do apartamento e assim que chegamos no carro ela novamente não se conteve.

— Mamãe, o Richard trouxe presentes!

— Estou vendo, florzinha.

Florzinha. Sigo sorrindo, mesmo um pouco paralisado. Meus olhos lacrimejam e eu suspiro, sentindo que não vou suportar. Preciso chorar.

— Está tudo bem, Richard ? — ela pergunta, preocupada. Confirmo, sem
jeito, e Vitória acaricia sua cabeça, ainda de pé não ajuda e eu acabo rindo de quão patético devo parecer.

Maju está distraída com os presentes  e Vitória se aproxima.

— Precisamos estabelecer regras nessa relação pai rico e mãe pobre — ela brinca e eu rolo os olhos.

— Eu sei o que vai dizer! Mas vou mimar a minha filha e o presente não é só pra ela.

— Não?

— Não, linda.

— Richard — ela diz, baixo, e eu odeio isso.

— Desculpa, vou tentar não te chamar de linda.

— Não sei se deveria aceitar.

— Porque me odeia?

— Por aí.

Eu sei que ela não me odeia, mas mal posso esperar para que confesse isso.

— Me odeie amanhã. Pode ser? É um presente em nome da nossa trégua.

— De onde vocês se conhecem? — Maju pergunta quando chegamos no restaurante, ela passou o caminho inteiro espiando os presentes e sei que quer abri-los logo, mas prefiro que abra ao fim do jantar. Vitória e eu trocamos um olhar.

De onde nos conhecemos?

— Richard morou na cidade da vovó, florzinha e trabalhamos juntos no time do vovô.

Maju abre a boca o máximo que pode. É a coisa mais adorável que já vi.  E eu não sei o que falar. Não faço ideia.

— Florzinha… Richard e eu… Precisamos conversar com você, e é meio sério —
Vitória começa, baixinho. Sinto seu medo e isso quebra meu coração. Maju une as sobrancelhas, olhando para mim e para ela, esperando. — Promete ouvir tudo com calma? Temos a noite toda.

Ela confirma e eu mordo o canto da boca. Vitória me lança um olhar preocupado e eu balanço a cabeça, sinalizando que estou pronto.

— Richard e eu… — Vitória tenta começar.

— Nós… — Tento ajudar e travo. Respiro fundo. — Eu e sua mãe nós nos… — Vitória me encara e eu percebo como estamos perdidos. — Nós nos apaixonamos.

— Agora? — ela quer saber, confuso.

— Não! — Vitória é rápida em negar. — Foi quando ele jogou no time do vovô.

Maju franze a testa, devagar, ainda sem entender.

— Você namorou o Richard, mamãe?

— Sim, Florzinha. — Ela engole em seco e a vira um pouco para si, erguendo seu queixo. — Já disse o quanto eu te amo? — Ela confirma. — Eu amava o Richard quase tanto quanto.

— E eu a amava o triplo disso. — acrescento. Vitória não me encara e isso dói.

— E às vezes… Uma pessoa ama a outra e elas se unem, formando um só. — Ela entrelaça os dedos aos dela, trêmula. — Richard e eu… Nós éramos assim. E em uma noite, nos tornamos um e mais
um. Porque fizemos você.

Ele não diz nada, meu coração dispara, esperando uma reação.

— Não entendi, mami. Eu vim de você…e do Richard ?

Confirmamos, nervosos, e ela aperta os lábios, ainda processando. Digo, não podemos explicar sexo agora para uma criança, certo?

— Mas aí… Aí ele seria meu papai, mãe. E meu pai foi embora.  Ele foi embora, lembra?

Isso me estraçalha. Talvez ela tenha se acostumado a odiar o pai, a não ter um. Não faço ideia do quão difícil vai ser conquistá-la e me sinto quebrado. Parece que minhas peças só voltarão a se encaixar quando me aceitar e não sei o que fazer.

— Você mentiu pra mim, mamãe.

— Não, não, não. Nunca, florzinha! Seu pai e eu… brigamos naquela noite. Nós… — Vitória não sabe o que dizer.

Maju também me encara, com as sobrancelhas unidas e a boca entreaberta, sem entender.

— Você é meu pai?

Confirmo, engolindo em seco.

— E foi embora?

— Maju, eu…

Seu rosto fica vermelho e isso me destrói. Vitória me encara, com os
olhos marejados, e eu me sinto na beira de um abismo.

— Por que...? Por que não...? — Ela não sabe o que dizer, não sabe o que pensar. Ele só tem quatro anos. Porra! — Como não sabia? Como um papai não sabe que tem um filho?

— Nos separaram, Maju — tento.

— Quem? — ela murmura, perdida. Não o respondemos e ela une ainda mais as sobrancelhas. — Por que ?

— Florzinha…

— Eu tenho um pai? — ele me encara e eu confirmo.

— Eu quero te conhecer melhor — digo, devagar. — Se quiser.

Ela não diz nada por muito tempo. Com os olhos marejados, Maju não parece confiar em nós dois. Ela parece se sentir traída.

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