Vitória Almeida
Richard me frustra, de verdade, ele me irrita. Quero bater nesse filho da puta. Mas quero gritar com ele até que entenda que defendemos um ao outro, que isso não pode ser unilateral. Quero que confesse o que meu coração idiota já sabe: que tudo isso é uma mentira do caralho.
Ele deveria ter me contado a verdade, encontraríamos uma solução juntos, depois de ouvir tudo que o Veiga me disse a minha vontade é sair dessa sala e socar a cara do Richard por ser tão idiota.
— Pela sua cara, imagino que queria bater nele né ? Eu também quis quando soube. — Veiga diz e eu nem lembrava que ele ainda estava sentado aqui.
— Eu preciso resolver essa merda. — murmuro baixo mas sei que ele escutou.
— O que pretende fazer ? — pergunta curioso.
— De verdade ? Estou na dúvida entre bater na Natália antes ou depois de bater no Ríos.
— Você é engraçada Vitória. — ele diz rindo. — E sei que assim como aquele idiota, você também o ama, eu prometi que não falaria nada, mas não sou capaz de ver uma família tão linda quanto a de vocês se desmoronar por causa de uma maluca. Ela usou vocês o tempo todo.
— Essa história do meu genitor não me afeta mais, Veiga. Se o mundo inteiro descobrir que ele é um filho da puta, a vergonha é dele e não minha.
— Sabe que não vão pensar assim, por isso ele achou que se afastando, pouparia vocês duas de uma exposição desnecessária.
— Bem, que se foda. Não posso perdê-lo porque meio mundo de pessoas se acha no direito de julgar uma criança que foi abandonada por um criminoso, que se tornou uma mulher que jamais quis se associar a ele.
— Eu marquei uma reunião com o advogado amanhã, existe uma possibilidade minúscula mas não deixa de ser uma esperança pra vocês.
Concordo com a cabeça, minha mente está pensando em tantas coisas, tantas possibilidades e eu nem sei por onde começar. Raphael se levanta da cadeira devagar e oferece um abraço, meio estranho já que acabamos de nos conhecer ? Com certeza, mas no momento é exatamente isso que eu preciso, ouvimos a porta ser aberta novamente e uma carranca de poucos amigos entrar na sala.
— Que merda é essa ? — a voz que faz todos os pelos do meu corpo levantarem surge no meio da sala.
— Para de gritar que aqui não é sua casa Richard.
— Da pra explicar o que está acontecendo aqui ?
— Não que seja da sua conta, mas estávamos conversando.
— E precisa conversar agarrada nele ?
— Você tá falando sério cara ? — Veiga pergunta rindo e eu acabo rindo junto já que está sendo ridícula essa cena de ciúmes dele.
— Preciso conversar com a Vitória, será que você pode sair ? — Veiga sai da sala rindo e eu me esforço para me conter. — Sobre o que estavam conversando ?
Sobre o quanto você foi um covarde, babaca, mentiroso e que mesmo tentando te odiar eu ainda quero beijar essa boca, ah inferno de homem.
— Nada que seja da sua conta. — é o que eu respondo mesmo que meu coração não pense da mesmo forma.
— Posso ficar com a Malu esse final de semana ?
— Não dá.
— Porra Vitória, não dificulta as coisas.
— Não estou dificultando nada Richard, já temos planos para o final de semana.
— Posso saber quais ?
— Você é muito curioso não acha? — Reviro os olhos e ele continua me encarando, esperando por uma resposta.— Vamos para o Rio, é aniversário da minha mãe.
— Quando vocês voltam ?
— Na segunda a tarde.
— Posso levar ela pra jantar, quando vocês chegarem?
— Se ela quiser ir, por mim, tudo bem.
— Ela pediu pra passar o restante do dia comigo no CT tem algum problema pra você?
— Nenhum, peço para o Diego pegar ela com você mais tarde.
— Não fode Vitória, porque não posso levar ela em casa ?
— Tanto faz Richard, agora pode me dar licença? Tenho muito trabalho pra fazer aqui.
— Sei que faz menos de 24 horas mas eu...
— Você que escolheu assim, então só me dá licença, por favor.
Ele concorda e sai da sala me deixando sozinha, sei que parece meio cruel, mas eu preciso pensar em tudo que o Veiga me falou.
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