Melissa:
Acordei na manhã seguinte sozinha na cama. Joaco não ficou, claro. Ele nunca ficava. Sempre arranjava uma desculpa pra sair cedo, voltar pra casa dele. E isso me irritava profundamente. Depois de tudo que conversamos na noite passada, eu esperava um pouco mais de comprometimento, sabe? Mas parece que ele sempre tem um pé fora da porta. Suspirei fundo, tentando afastar a frustração, e me levantei, jogando as cobertas de lado.No banheiro, fiz minhas higienes matinais. Lavei o rosto, me olhei no espelho e tentei apagar qualquer vestígio de cansaço. Mas a verdade é que o peso no peito continuava lá. Joaco era uma presença constante na minha vida, mas, ao mesmo tempo, sentia como se ele estivesse sempre me escapando pelas mãos. Aquilo mexia comigo, me deixava inquieta.
Caminhei até a cozinha, jogando um café preto na xícara e pegando qualquer coisa pra comer. Não dava tempo de pensar muito hoje, o dia ia ser puxado. Treino no CT e uma reunião importante com a comissão técnica. Enquanto tomava meu café, meus pensamentos começaram a vagar entre o futebol, Joaco e essa pressão toda que eu tava sentindo.
Depois de me arrumar e vestir o uniforme, fui pro CT. Me olhei no espelho por um segundo antes de sair. Sentia um frio na barriga, e não era só por causa do treino. Tinha algo no ar, algo que eu não conseguia identificar, mas que me deixava tensa. Hoje era dia de reunião com a Leila, e isso nunca era sinal de boa notícia.
O treino começou, e eu tentei me concentrar no que realmente importava. Mas minha cabeça tava longe. Não demorou muito pra Leila aparecer no campo, chamando a atenção de todo mundo. Ela caminhou direto até mim e Clara, com aquele jeito dela de quem manda e desmanda. Só que hoje, o que ela tinha pra falar era uma bomba.
– Melissa, Clara, vou ser direta. Eu sei que ainda existe uma disputa entre vocês duas pela titularidade. E quer saber? Eu quero ver quem merece de verdade. Então, é simples: quem impressionar mais no treino de hoje fica com a vaga de vez. A outra... bem, vai ser vendida ou emprestada.
Meu mundo parou. Eu olhei pra Leila, incrédula. Ela tava falando sério? Isso era uma piada, só podia ser. Meu sangue começou a ferver. Eu já tinha dado tudo por esse time, e agora ela vem com isso? Como se todo meu esforço até agora não valesse nada. Raiva. Era o que eu sentia, pura e simples. Mas o que mais me irritou foi quando olhei pro lado e vi a cara da Clara.
Aquela mulher tava com um sorriso de orelha a orelha. Um sorriso maldito, de satisfação, como se já tivesse ganhado. Como se esse "desafio" fosse a oportunidade perfeita pra me derrubar. Eu podia ver no brilho dos olhos dela. Ela tava adorando isso, adorando me ver numa posição vulnerável, sendo testada como se eu não fosse nada. Meu estômago revirou.
– Tá falando sério, Leila? – perguntei, sem conseguir disfarçar a indignação.
Mas, ao invés de uma resposta, tudo o que eu conseguia ver era o sorriso de Clara, me provocando, como se dissesse "Boa sorte, Melissa. Você vai precisar."
Eu respirei fundo, tentando não perder a compostura ali no campo. Sentia o olhar de todo mundo em cima de mim, e aquilo só aumentava a pressão. Clara continuava com aquele sorriso presunçoso, como se já soubesse que eu tava na pior. Mas eu me recusei a demonstrar qualquer fraqueza. Se ela tava tão confiante assim, eu ia fazer questão de provar o contrário.
— sim, estou falando muito sério, Melissa – respondeu Leila, com a voz fria e autoritária de sempre. – A diretoria já decidiu, e agora depende de vocês.
Eu queria gritar. Queria questionar a injustiça daquilo, mas sabia que não adiantaria nada. O que eu tinha que fazer agora era simples: ganhar. Não ia deixar Clara se aproveitar da situação pra me tirar do time. Ela podia sorrir o quanto quisesse, mas hoje eu ia calar aquela boca.
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Meu estresse preferido
FanfictionJogam no mesmo clube, personalidades igualzinhas, mas os santos não se batem por nada nesse mundo. Melissa e Piquerez, duas pessoas que não se dão bem de jeito nenhum. Motivos que fizeram nascer esse desentendimentos? Até hoje ninguém sabe, é um mis...