Eu aceito voltar. Porém com uma condição...

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Melissa:
Entramos numa sala reservada, as paredes pareciam apertar o ar entre nós. Leila fechou a porta com um clique seco e se virou, os olhos fixos em mim, como se estivesse prestes a enfrentar um touro bravio. Encostei-me na mesa com um meio sorriso no rosto, braços cruzados, tentando parecer indiferente, mas, por dentro, a mágoa e o rancor borbulhavam como lava prestes a transbordar.

— Então, senhora presidente, o que te traz aqui? — comecei, com um sorriso enviesado. — Veio conferir se sua estrela caída está brilhando bem no Chelsea? Ou veio me dizer que tá arrependida?

Leila manteve a pose, mas eu pude ver no olhar dela que a conversa não seria fácil.

— Melissa, eu queria conversar com você sobre... o Palmeiras. Precisamos ajustar algumas coisas, e acredito que você pode nos ajudar.

Soltei uma risada curta, seca.

— Palmeiras, é? Ah, claro. O Palmeiras... O time que resolveu que eu era dispensável. — Inclinei a cabeça, o olhar frio. — Deixa adivinhar: Clara fez alguma besteira. Errou, e agora você quer que eu conserte tudo, não é?

Leila apertou os lábios, como se engolir aquele orgulho fosse amargo.

— Perdemos a Libertadores. Foi um erro da Clara... e a torcida não perdoou. A Mancha tá em cima. O vestiário tá um caos.

— É sério? — falei, abrindo um sorriso debochado. — Quem poderia imaginar que a Clara não aguentaria a pressão, né? Surpresa nenhuma. Aliás, parabéns, Leila. Foi um show de gestão, mandar embora quem carregava o time nas costas pra colocar uma garota mimada no meu lugar.

Leila respirou fundo, tentando se manter no controle, mas eu já a conhecia bem. Sabia que minha provocação tinha acertado em cheio.

— Foi uma decisão difícil, Melissa. Fiz o que achei necessário na época.

Me aproximei lentamente dela, sem perder o sorriso irônico.

— Decisão difícil? Vamos ser sinceras, Leila. Quanto a Clara pagou? Hm? Quanto custou pra ela garantir a vaga e me colocar pra fora?

Por um segundo, ela hesitou. E aí veio a confirmação que eu já esperava, mas ouvir da boca dela ainda tinha um gosto amargo.

— Sim. Ela usou dinheiro pra garantir a entrada.

Eu sorri, mas dessa vez sem nenhuma alegria. Apenas frieza.

— Que coisa feia, hein, senhora presidente? Se deixando levar pelo dinheiro, enquanto prega amor pelo Verdão. Que tipo de torcedora é você, Leila? Só faltava colocar à venda a alma do clube junto, né?

Leila fechou os olhos brevemente, como se minhas palavras fossem farpas perfurando sua pele. Mas quando abriu, a expressão dela estava determinada.

— Eu vim aqui para corrigir isso, Melissa. Quero você de volta. O Palmeiras precisa de você.

Arqueei a sobrancelha, inclinando a cabeça levemente.

— Agora precisa, né? Quando estava tudo bem, eu era o problema. Engraçado como as coisas mudam rápido.

— Vou pagar sua multa rescisória com o Chelsea — disse Leila, a voz firme. — Você volta, assume o time, coloca ordem naquele vestiário e mostra pra torcida quem é que manda.

— E o que eu ganho com isso? — perguntei, com o tom mais sarcástico possível. — Além de ter que limpar a sujeira que você e sua protegida fizeram?

Leila sustentou meu olhar, e eu vi ali uma espécie de súplica silenciosa, algo raro nela.

— A camisa 22 está esperando por você, Melissa. A torcida te ama, e você sabe que ninguém mais pode colocar ordem naquele clube como você.

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