O caos me persegue

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Eu me olhava no espelho, ajeitando os últimos detalhes da minha fantasia. Cruella de Vil. A versão sexy, claro. Nada da Cruella caricata com aquele casaco enorme. Eu estava mais para a versão que faria qualquer um desviar o olhar e engolir em seco. Maiô preto e branco, com decote generoso, bota de cano longo de saltos altos e aquela peruca icônica que contrastava perfeitamente com meu batom vermelho sangue. Tudo estava milimetricamente calculado para causar o impacto certo. Eu sabia que hoje seria uma noite para lembrar, e não era só pela festa badalada na casa do Carlos Sainz.

Enquanto terminava a maquiagem, meus pensamentos vagavam. Eu precisava dessa distração. Depois de tudo o que aconteceu com Victor e com o Joaco, eu merecia me divertir um pouco, ou pelo menos esquecer temporariamente o caos que vinha sendo minha vida. A festa parecia o lugar ideal para isso. Pilotos de Fórmula 1, celebridades, bebidas caras e, claro, a minha presença impecável. O que poderia dar errado?

Peguei meu celular para ver as mensagens. Scarlett tinha mandado um "boa sorte" com um emoji de diabo sorridente, e Charles Leclerc havia confirmado que eu estava mais do que bem-vinda para a festa. Ele sempre foi um cavalheiro. Sorri ao lembrar da última vez que jogamos futebol juntos. Esses pilotos são engraçados quando tentam fazer algo fora das pistas.

Coloquei os brincos longos que complementavam o look e olhei mais uma vez no espelho. Pronta. Se essa festa fosse tão boa quanto prometia, eu iria aproveitar até o último minuto. E, se algum engraçadinho resolvesse me testar, eu estava mais do que preparada para lidar com isso da minha própria maneira, enfiando o salto da minha sandália na cara dele.

Mentira... do meu jeito é bem pior que um salto enfiado na cara.

Cheguei à casa de Carlos Sainz e, logo de cara, percebi que o lugar estava lotado. Carros de luxo estacionados, luzes vibrantes, música alta, e o burburinho de pessoas influentes e excêntricas vestidas com suas melhores fantasias. Era o tipo de evento que a alta sociedade adorava, e eu? Bom, eu adorava ser o centro das atenções em festas como essa.

Quando entrei, todos os olhares vieram na minha direção. Mulheres cochichavam entre si e homens... Bem, homens faziam exatamente o que eu esperava: olhavam com aquele misto de admiração e desejo. "Bons modos", pensei, sorrindo com o canto da boca. Eu sabia o poder que tinha, e hoje eu estava disposta a usá-lo.

Encontrei Charles e Carlos no bar, ambos já animados e cercados de gente. Charles estava vestido como um cavaleiro medieval, e Carlos como um príncipe espanhol — meio clichê, mas funcionava neles. Eles me cumprimentaram com um sorriso e uma bebida, e em poucos minutos já estávamos conversando e rindo.

— Cruella de Vil, hein? — disse ele, erguendo o copo em minha direção com aquele sorriso que ele sempre usava quando queria ser o engraçadinho da noite. — Definitivamente, você sabe como fazer uma entrada, Mel.

Sorri de volta, porque é claro que ele tinha razão. Ninguém fazia uma entrada como eu.

— Alguém tem que dar um pouco de classe a essa festa, né? — respondi com um tom levemente provocativo, enquanto me aproximava. — E quem melhor para isso do que a vilã mais icônica de todas?

Carlos, ao lado, riu enquanto me oferecia um copo. Ah, Carlos. Sempre tão cortês, mas com aquela aura de quem estava sempre pronto para um desafio.

— Concordo, você definitivamente roubou a cena. — Ele estendeu a bebida para mim com um sorriso que era tanto de admiração quanto de brincadeira. — E, claro, estamos honrados com sua presença. Devo dizer que você está perigosa essa noite.

Peguei o copo dele, levantando uma sobrancelha enquanto levava a bebida aos lábios. "Perigosa." Uma escolha de palavras interessante, especialmente vinda dele.

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