Capítulo 15: Prisão e Acordo

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Rafael caminhava ao lado de Thales e um Nosferatu, por um caminho que cortava o parque. Era uma caminhada silenciosa, marcada apenas pelo farfalhar de folhas secas sendo esmagadas sob seus pés e o ocasional som de animais noturnos que se aventuravam na penumbra.

A presença do Nosferatu ao seu lado era especialmente intimidadora. Sua silhueta massiva parecia projetar uma sombra ainda mais imensa sob a tênue iluminação do parque, quase engolindo Rafael no processo. Thales, mais esguio e menos ameaçador à primeira vista, tinha um olhar penetrante e uma postura sempre atenta, como se pudesse prever cada movimento antes de acontecer.

À medida que o grupo avançava pelo parque, Rafael percebeu que estavam indo em direção às saídas que levavam para as ruas movimentadas da cidade. Ele não sabia o que viria a seguir.

Antes que Rafael pudesse reagir, sentiu as mãos poderosas de grandão segurarem firmemente seus braços, enquanto Thales retirava de uma mochila um saco preto de tecido grosso. A tensão de Rafael aumentou, mas ele sabia que resistir seria inútil. Com a destreza de quem já havia feito aquilo muitas vezes antes, o Nosferatu puxou o saco sobre a cabeça de Rafael, cobrindo sua visão completamente. O mundo ao seu redor, se tornou obscurecido pela escuridão.

Agora, privado de sua visão, Rafael só podia contar com seus outros sentidos. O cheiro de terra molhada e vegetação era intensificado pela falta de visibilidade, e os sons do parque pareciam mais distantes e abafados debaixo do tecido que cobria sua cabeça. Sentia-se vulnerável, indefeso, nas mãos das duas figuras.

Thales, que estava na frente, parou por um momento para verificar os arredores, provavelmente certificando-se de que o caminho estava livre de curiosos ou inconvenientes indesejados. Em seguida, ele voltou a andar, guiando Rafael com um leve empurrão nas costas. O Nosferatu, atrás, mantinha uma mão firme no ombro de Rafael, não dando espaço para qualquer hesitação ou tentativa de fuga.

Conforme se afastavam cada vez mais das profundezas do parque e chegavam às suas bordas, o ambiente começou a mudar. Rafael ainda estava cego, mas ele podia sentir a diferença no ar. O silêncio natural do parque aos poucos foi sendo substituído por ruídos urbanos que ele começava a perceber ao longe. O som de veículos acelerando, freadas, e, eventualmente, vozes humanas, começaram a ecoar ao redor.

Rafael foi empurrado para dentro de um veículo com força. Ele mal teve tempo de reagir antes de sentir o impacto do corpo contra o assento. O saco preto ainda cobria sua cabeça, abafando os sons ao seu redor, mas ele pôde ouvir a porta do carro sendo batida com força logo após ser arremessado para dentro.

O motor roncou para a vida, e logo o carro começou a se mover. Rafael tentou escutar qualquer coisa que pudesse lhe dar pistas sobre o que estava acontecendo, mas tudo ao seu redor parecia um borrão de ruídos. Ele conseguia distinguir vozes abafadas de Thales e o Nosferatu conversando em tom baixo, mas não conseguia captar nenhuma palavra concreta.

A movimentação do carro logo começou a ficar mais evidente. Ele sentia as mudanças repentinas de direção, sendo jogado levemente para os lados a cada curva, enquanto o carro fazia manobras rápidas, como se estivesse tentando despistar qualquer perseguidor.

A cada virada, seja à esquerda ou à direita, Rafael tentava mapear mentalmente o caminho, mas rapidamente percebeu que era inútil. Com o saco preto cobrindo sua cabeça e a adrenalina correndo em suas veias, qualquer tentativa de adivinhar para onde estava sendo levado parecia em vão. O veículo continuava em movimento, com curvas fechadas e rápidas aceleradas, deixando Rafael desorientado. A única coisa que ele podia fazer era esperar.

A sensação de tempo se perdeu. A viagem parecia durar horas, mas Rafael sabia que poderiam ter se passado apenas alguns minutos. Ele sentia o balanço do carro e o barulho do trânsito ao redor. Não estava em uma estrada deserta, isso era certo. O som de buzinas e motores distantes sugeria que estavam em uma área movimentada da cidade, mas sem sua visão, o espaço ao seu redor era apenas uma vastidão de sons desconexos e trevas.

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