Jogo das Manipulações

Capítulo 27: Halloween

A sexta-feira finalmente chegou, e com ela, a esperada festa de Halloween da UFMT. Para muitos, era um momento de descontração, uma chance de escapar da rotina e mergulhar em um universo de fantasias, máscaras e celebração. No entanto, para Rafael, a perspectiva de participar dessa festa era tudo menos animadora. Se não fosse pelo acordo que tinha feito com Jennifer, ele sequer cogitaria colocar os pés lá. Sua vida, naquele momento, parecia um verdadeiro caos, e a ideia de se perder em trivialidades como festas e fantasias parecia absurda.

Rafael sentia como se estivesse carregando o peso do mundo nas costas. Problemas pessoais e uma sensação constante de estar desconectado da própria vida o mantinham preso em um ciclo de inquietação. Sua cabeça girava em torno de mil pensamentos. Contudo, o compromisso com Jennifer pesava. Ela havia insistido tanto para que ele fosse.

A grande questão agora era: com o que ele iria vestido? Para ele, bastava estar presente. Mas a festa de Halloween exigia uma fantasia, e ele sabia que Jennifer esperava que ele aparecesse pelo menos com algo minimamente criativo. Sentado na cama, Rafael olhou ao redor, tentando encontrar alguma ideia. Não havia absolutamente nada que pudesse ser transformado em uma fantasia de última hora.

Foi então que ele se lembrou do closet de Melissa. Melissa. Nos últimos três dias, ela havia desaparecido, o que não era incomum. Melissa sempre foi uma pessoa envolta em mistério, sempre perseguindo seus próprios interesses, que Rafael nunca conseguia acompanhar. Ele sabia que ela tinha um gosto peculiar para roupas, e talvez, apenas talvez, ela tivesse deixado algo em seu apartamento que pudesse servir como fantasia.

Rafael foi até o closet de Melissa e abriu o guarda-roupa. Lá, pendurados de forma impecável, estavam vários vestidos, roupas sofisticadas e uma série de peças elegantes que ela costumava usar em suas aparições misteriosas pela cidade. No entanto, em meio às peças femininas, havia um armário com roupas masculinas, e uma específica para resolver seu problema: um terno masculino.

Rafael tirou o terno do cabide e o examinou. Era preto, clássico e muito bem conservado. "Por que não?", ele pensou. Não era exatamente uma fantasia, mas era uma maneira de aparecer bem-vestido na festa sem parecer completamente deslocado. E se Jennifer questionasse por que ele não estava vestido de algo mais temático, ele já tinha a resposta na ponta da língua: "Estou de 007."

Ao chegar ao campus, Rafael imediatamente sentiu a energia vibrante e contagiante da festa de Halloween. O lugar estava completamente transformado, envolto em uma atmosfera de euforia e diversão. Abóboras iluminadas, teias de aranha falsas e decorações temáticas tomavam conta de cada canto. As luzes coloridas piscavam ao ritmo da música alta que já ecoava por todos os lados. Ele se viu cercado por uma multidão de pessoas fantasiadas dos mais variados personagens — monstros clássicos, figuras de anime e heróis da cultura pop. A cada passo, novos detalhes o imergiam na atmosfera festiva.

Enquanto caminhava pelos corredores iluminados, Rafael olhava em volta, buscando sinais de Jennifer. Ela havia insistido tanto para que ele viesse à festa, e agora ele se perguntava onde ela estaria. Tentava não pensar muito no fato de estar ali sem uma fantasia adequada, apenas vestido com o terno que pegara emprestado do armário de Melissa. A cada minuto que passava, ele se sentia mais deslocado em meio àquela multidão de gente animada e completamente caracterizada.

Ao se aproximar do salão de festas, onde o som da música eletrônica era mais forte, ele de repente sentiu uma mão se fechar em seu braço. Rafael parou e, ao se virar, encontrou o rosto familiar de Jennifer, que o encarava com um olhar misterioso. Jennifer estava completamente diferente do que ele estava acostumado a ver.

Ela usava um vestido preto, que contrastava de forma marcante com seus longos cabelos loiros, que estavam soltos e brilhantes. O tecido do vestido tinha detalhes tricotados que simulavam teias de aranha, criando um visual sombrio e ao mesmo tempo elegante. Era uma peça detalhada, cuidadosamente escolhida, e que combinava perfeitamente com o tema da festa. Rafael reparou também nas luvas que cobriam os braços dela — luvas pretas que saíam do dedo médio e iam até acima dos cotovelos, adicionando um toque gótico ao visual.