Capítulo 31: Socorro

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Rafael estava paralisado, a dor da estaca cravada em seu tronco pulsando como um eco incessante. Era como se o tempo tivesse parado, e ele se encontrasse em um outro local, distante do caos e da batalha que ainda ecoava em sua mente. Estava sentado em uma cadeira, seus braços e pernas paralisados, incapaz de se mover. O ambiente ao seu redor era sombrio e opressivo, com luzes fracas.

Os guardas estavam ao seu redor, seus olhares fixos em Rafael, observando cada movimento que ele fazia. Eles eram imponentes e ameaçadores, armados e prontos para agir a qualquer momento. Mas, mesmo entre toda aquela vigilância, era Melissa quem dominava seus pensamentos. Ela estava diante dele, mas a distância emocional que os separava era gigante.

Melissa se mantinha em pé, com os cabelos castanhos avermelhados caindo sobre os ombros, emoldurando seu rosto de forma delicada, mas seu olhar era distante. Seus olhos magenta, que costumavam brilhar com vitalidade, agora refletiam um fardo. Rafael sentiu um aperto no coração ao ver a expressão dela. Havia um laço entre eles, um vínculo que transcendia o físico. Ele podia sentir sua dor, a confusão em sua mente, e isso o feriu mais do que qualquer estaca poderia.

Melissa começou a falar, sua voz baixa e trêmula, mas cheia de uma intensidade que Rafael não conseguia ignorar.

— Você perdeu todas as suas chances, Rafael. Perdeu tudo. — Ela hesitou, o olhar dela desviando para o chão, como se estivesse procurando por palavras que pareciam escorregar de seus dedos. — Eu tentei te ajudar, eu pensei que poderia te mudar...

As palavras dela estavam carregadas de uma decepção profunda, um eco do que já havia passado entre eles. Rafael sentia um aperto, uma dor. Era difícil ouvir o que ela falava.

— Mas nós cometemos erros, não é? Eu cometi um erro. — Melissa virou-se para Rafael, e seu olhar agora refletia uma combinação de decepção e raiva que cortava mais profundo do que qualquer espada. — Seguinte, Rafael, você lascou com nossos esforços. Os políticos foram embora, amedrontados. Você quis matar Hoffmann; você jogou tudo fora por uma justiça barata.

A lembrança da confrontação com Hoffmann, a raiva que o dominara, a necessidade de vingança. Era verdade, ele havia cruzado uma linha. Mas ele não se arrependia.

Melissa então pegou uma foto em uma mesa, erguendo-a na altura dos olhos de Rafael. Ele reconheceu imediatamente a imagem: era a foto da Jennifer.

— Você estava com essa foto, Rafael. — Melissa disse, a voz agora quase um sussurro. — Aparentemente, essa é a enteada de Hoffmann. Não sei qual é o seu vínculo com ela, mas você se autocondenou e condenou a garota que você quis fazer justiça.

Melissa continuou, sua voz tensa e carregada de uma frustração contida.

— A menina é uma das herdeiras da família. Então, obviamente, ela vai servir como um peão substituto no lugar de Hoffmann. Ela será minha, Rafael.

As palavras dela atingiram Rafael como um soco no estômago. Ele tava paralisado, com a mente gritando em protesto enquanto tentava processar a gravidade do que ela estava dizendo. A ideia de Jennifer, sendo usada como um instrumento nas mãos da Camarilla, era uma perspectiva aterradora e inaceitável.

Rafael tentava se levantar, mas a paralisia que o dominava era pesada, como se correntes invisíveis o prendesse à cadeira. Ele queria gritar, lutar, fazer algo para evitar o que estava prestes a acontecer. Mas ele estava preso em uma armadilha de impotência, incapaz de agir.

Melissa desviou o olhar, uma expressão de tristeza misturada com raiva no rosto. Era como se ela estivesse lutando contra suas próprias emoções, tentando se manter firme enquanto a dor transparecia em cada uma de suas feições.

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