Capítulo 21: Nova Parceria

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Era madrugada de terça-feira. Fazia aproximadamente uma semana desde que Sofia começara a trabalhar com Lázaro, o novo Varredor, um Gangrel taciturno, com o qual ela pouco interagia. Não era uma questão de temperamento ou falta de vontade de conhecer o colega de trabalho. O motivo era muito mais profundo, uma ferida ainda aberta e latejante.

Sofia estava furiosa. E sua fúria era direcionada a Lázaro, a Barão Ernesto e a todo o sistema que havia permitido que Rafael, um amigo importante em sua vida, fosse capturado pela Camarilla. Rafael havia sido levado pelas mãos de Lázaro e outros membros da gangue para os inimigos, algo que Sofia considerava uma traição indesculpável. Ernesto, o Barão, havia prometido a ela que não entregaria Rafael, que faria o possível para protegê-lo, mas, no fim, ele não fez nada. Seu olhar estoico durante a discussão posterior apenas alimentou ainda mais o ódio de Sofia. Ernesto não se defendeu, não ofereceu explicações. Ele apenas a observou, impassível, como se suas palavras não tivessem peso ou consequência.

Desde então, Sofia se mantinha à distância de Lázaro. Sua presença era um lembrete constante da traição, e ela não conseguia sequer fingir que estava interessada em construir algum tipo de relacionamento profissional com ele. Para Lázaro, isso não parecia ser um problema. O Gangrel, com sua aparência rude e natureza selvagem, parecia estar em paz com o silêncio entre eles. Se ele notou a hostilidade de Sofia, não demonstrou. Parecia indiferente à falta de interação, como se sua missão de Varredor fosse a única coisa que importava para ele. Na mente de Sofia, essa indiferença apenas reforçava a distância entre eles, transformando-a em um abismo.

Eles raramente trocavam palavras, limitando-se ao estritamente necessário. As ruas que patrulhavam juntos pareciam ainda mais escuras e perigosas com o peso do silêncio que se instalava entre os dois. Sofia se perguntava como alguém poderia ser tão frio, tão desprovido de qualquer reação emocional. Lázaro parecia uma extensão das sombras que os envolviam, movendo-se com uma fluidez quase animal, atento ao seu entorno, mas distante de qualquer interação social. Ele era uma criatura da noite, em todos os sentidos da palavra, e isso apenas a irritava mais.

Conforme os dias passavam, Sofia tentava encontrar maneiras de aliviar sua frustração. Ela mergulhava em sua tarefa de Varredora com mais intensidade, caçando qualquer indício de ameaça nas ruas, como se, ao eliminar o perigo, pudesse também eliminar o peso que carregava em seus ombros. Mas isso só funcionava por um tempo. Eventualmente, ela sempre retornava aos seus pensamentos sobre Rafael, sobre como tudo havia dado errado. Sofia não era do tipo que se deixava consumir pela culpa ou pelo desespero, mas a situação com Rafael era diferente. Ela sentia que falhou, que não conseguiu protegê-lo, e essa sensação a corroía por dentro.

Naquela noite, enquanto patrulhavam juntos, Sofia finalmente quebrou o silêncio. Não foi planejado. A irritação simplesmente transbordou, e as palavras escaparam de seus lábios antes que ela pudesse contê-las.

— Você não tem nada a dizer? — ela perguntou, sua voz carregada de frustração. — Você entregou Rafael à Camarilla. Não sente nada por isso?

Lázaro parou e a olhou de lado, seus olhos frios como sempre. Ele ficou em silêncio por um momento, avaliando Sofia como se estivesse decidindo se valia a pena responder. Então, finalmente, ele falou, sua voz baixa e controlada.

— Fiz o que tinha que ser feito — ele disse, sem emoção aparente. — Não era pessoal.

Essas palavras, simples e diretas, atingiram Sofia como um soco no estômago. Não era pessoal. Para ele, era apenas uma tarefa, uma obrigação, algo sem importância real. Mas para ela, significava tudo. Sofia apertou os punhos, tentando conter a raiva que queimava dentro dela.

Antes que Sofia pudesse tomar uma atitude precipitada, a raiva borbulhando sob a superfície, Lázaro falou, quebrando o silêncio pesado entre eles:

— Já que você está tão preocupada com seu amiguinho — disse ele com um tom ligeiramente irônico — me ajude com uma coisa.

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