Jogo das Manipulações

Capítulo 29: A Reunião

Era a fatídica noite em que o grupo seguiria para Sinop. A missão era urgente, e desde o início da noite, os carros da Camarilla já cruzavam a MT-163. O objetivo era chegar o quanto antes à cidade, onde uma reunião importante aconteceria. O grupo, composto por diferentes vampiros, estava a caminho. Rafael estava em uma van junto com Bull King; Katarina; e Melissa, a vampira com quem Rafael compartilhava uma conexão especial, mas que, nos últimos dias, parecia mais distante.

Melissa, de fato, estava ocupada com os preparativos para o encontro da Camarilla com alguns prefeitos do Mato Grosso. Os principais eram os de Sinop e Cuiabá, dois recém-chegados ao vasto e sombrio mundo dos vampiros, onde as regras humanas já não se aplicavam da mesma forma. A política vampírica exigia sutileza, e era justamente essa a função de Melissa: ser a ponte entre os imortais e o mundo humano. Seu papel era fundamental, sendo praticamente a "cara pública" da Camarilla, responsável por negociar, estabelecer contatos e manter a ordem entre os mortais e os seres sobrenaturais.

Nos últimos dias, o distanciamento de Melissa não havia passado despercebido por Rafael. Ele compreendia a importância do encontro, mas havia algo mais em sua frieza, algo que ele não conseguia identificar. Ele observava-a em silêncio, tentando decifrar o que se passava em sua mente.

O clima dentro do veículo era tenso. Bull King, com seus músculos massivos e rosto desfigurado, permanecia em silêncio, encarando o horizonte com um olhar que transmitia ameaça. Katarina, com seus olhos frios e misteriosos, parecia alheia ao que se passava ao seu redor, imersa em pensamentos profundos ou, talvez, em algum tipo de encantamento. Rafael, por outro lado, não conseguia evitar se sentir desconfortável. O distanciamento de Melissa o incomodava mais do que ele gostaria de admitir.

A esperança de Rafael estava fixada na ideia de que seus colegas já estivessem em Sinop, realizando investigações e garantindo que tudo estivesse em ordem. Ele se perguntava que tipo de desculpas poderiam ter dado a Ernesto para saírem de Cuiabá sem levantar suspeitas. Entretanto, em seu íntimo, Rafael sabia que a esperança é a última que morre, e ele se permitiu manter essa chama acesa enquanto realizava seu trabalho.

Os carros avançavam pela rodovia em direção ao município de Sinop, mas, em vez de entrarem na cidade, desviaram por estradas vicinais que cortavam o interior do município. O caminho era de terra batida, ladeado por plantações densas e florestas esparsas. A van então avançava pela estrada, passando por áreas rurais quase desertas àquela hora da noite. As luzes dos outros carros da Camarilla podiam ser vistas à frente, formando uma fila organizada e imponente.

Depois de alguns minutos de viagem pelas estradas secundárias, os carros chegaram a uma vasta propriedade rural. No horizonte, destacava-se um antigo casarão de campo, imponente e isolado, cercado por árvores altas e um ambiente que exalava mistério e história. As luzes dos faróis iluminavam a fachada desgastada do casarão, revelando sua estrutura robusta e a presença de outros carros já estacionados na frente. A presença de veículos diversos indicava que outros aliados da Camarilla já haviam chegado, cada um deles pronto para a reunião que aconteceria naquela noite.

Rafael observava o casarão enquanto o carro estacionava. A construção, embora antiga, ainda mantinha uma aura de grandeza, como se tivesse testemunhado eventos importantes ao longo dos anos. O silêncio ao redor era perturbador, interrompido apenas pelo som dos motores que se desligavam um a um. No interior da van em que Rafael estava, Bull King, o Nosferatu gigante e de expressão severa, foi o primeiro a se mover. Sua presença imponente e sua carranca contínua deixavam claro que ele não estava ali para socializar.

Katarina, saiu logo atrás de Bull King. Seus olhos frios e calculistas varreram o ambiente ao redor, como se ela estivesse avaliando cada detalhe. Rafael, enquanto saía do veículo, sentia-se ligeiramente desconfortável ali.