Sofia cambaleava, a mente turva e confusa, enquanto tentava se orientar em meio ao caos que a cercava. Uma das balas disparadas por Katarina atingira um de seus ouvidos, deixando-a temporariamente surda, com um zunido ensurdecedor que parecia ecoar em sua cabeça. Ela caminhava pelos corredores escuros e frios, a adrenalina pulsando em suas veias, à procura da bruxa que havia causado tanto estrago. Sabia que precisava encontrar Rafael, mas as sombras ao seu redor tornavam difícil focar.
Finalmente, em um cruzamento de corredores, Sofia esbarrou em alguém. Ao olhar para baixo, percebeu que era uma humana, a tal de Jennifer, que Rafael havia tentado salvar. Mas a menina estava sozinha, e isso a deixou alerta. Sem hesitar, Sofia segurou Jennifer pelos ombros, a pressão de suas mãos um reflexo de sua urgência.
— Ei! Onde está o Rafael?! — Sofia gritou, mas a surdez ainda a afetava, e suas palavras saíram distorcidas.
Jennifer parecia tentar responder, mas Sofia não conseguia ouvir. O zunido em seus ouvidos começava a diminuir, e ela se esforçava para entender o que a humana estava dizendo. Assim que a clareza voltou, as palavras de Jennifer finalmente fizeram sentido.
— Ele tá lutando contra um outro homem. Ele falou para eu correr o máximo que eu pudesse e vim para cá até esbarrar em você!
A informação a atingiu como um soco no estômago. Rafael estava em perigo, e a urgência de encontrá-lo crescia a cada segundo. Com um aceno rápido, Sofia disse:
— Então me leve lá!
Jennifer assentiu, e as duas mulheres se apressaram de volta em direção ao salão.
Ao entrarem no salão, no entanto, um ar de estranheza tomou conta do ambiente. O espaço estava vazio, exceto por Rafael, que estava caído no chão. O outro homem com quem ele lutara não estava mais presente, apenas uma poeira fina permanecia no local onde ele estivera. Ao lado de Rafael, uma espingarda repousava, a única evidência de uma luta intensa.
Mas o que mais chamou a atenção de Sofia foi o estado de Rafael. Ele convulsionava no chão, seu corpo tremendo de maneira incontrolável. As presas estavam à mostra, a expressão de dor e fúria se misturando em seu rosto. Sofia, percebendo a tensão crescente, disse, com a voz entrecortada pela preocupação:
— Droga, ele tá perdendo a consciência para a Besta!
Jennifer sabia que Rafael havia perdido muito sangue na luta e que a possibilidade de ele ceder à sua natureza instintiva era real e iminente. O instinto de proteção tomou conta dela. Sofia correu até Rafael, agachando-se ao seu lado. Com um movimento firme, segurou o ombro dele, pressionando-o contra o chão.
— Rafael! — gritou, determinada. — Acorde! Você precisa lutar!
Ele tentou mordê-la, o instinto primitivo se manifestando de forma brutal. Sofia conseguiu se esquivar da boca dele, enquanto o segurava com firmeza. Era uma batalha não apenas contra a força física de Rafael, mas também contra a escuridão que ameaçava engolir sua consciência.
As convulsões de Rafael continuaram, seu corpo lutando contra a fúria que se acumulava dentro dele. Ela viu seu olhar, uma mistura de dor e confusão, e soube que ainda havia uma parte dele que estava lá, lutando para não sucumbir.
Sofia estava em um turbilhão de pensamentos. Cada segundo que passava sem que Rafael se alimentasse poderia significar a permanência de sua condição. A gravidade da situação a fazia sentir uma pressão esmagadora em seu peito. Se ele não recebesse o que precisava, tudo o que conhecia e amava poderia se perder para sempre. Sabia que Rafael precisava de sangue humano—sangue fresco—e era hora de agir.
Ela olhou para Jennifer, a expressão de desespero clara em seu rosto. A determinação a guiava, e quando gritou, sua voz estava cheia de urgência.
— Dê seu sangue a ele! Ele pode se recuperar se beber agora!
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Jogo das Manipulações
ActionUma história que ligeiramente adapta conceitos de Vampiro a Máscara. História ambientada entre 19/10/2024 a 05/11/2024. Em um mundo onde humanos e vampiros coexistem, Rafael, um vampiro dividido entre sua...