Cinco borrões sombrios cortavam o céu de uma metrópole tropical, saltando com agilidade de prédios a casas, de casas a prédios. O cenário noturno estava dominado por uma lua cheia que paira sobre a cidade, lançando seu brilho prateado sobre as ruas e avenidas abaixo. O vento quente, típico daquela região, soprava suavemente, trazendo consigo o cheiro da vegetação e o murmúrio distante da vida urbana. Aos poucos, conforme os borrões passavam por postes de luz e telhados, ficava evidente que não se tratavam de simples sombras: eram cinco figuras humanas. O ritmo de seus movimentos era sincronizado, quase coreografado, mas havia algo peculiar sobre eles.
Quatro dessas figuras pareciam estranhamente idênticas, como reflexos distorcidos de um mesmo espelho. Seus traços físicos eram semelhantes, desde a estrutura facial até o jeito fluido de se mover, sugerindo uma conexão profunda. Talvez fossem gêmeas, ou clones criados em laboratório, ou algo ainda mais misterioso. O quinto borrão, no entanto, se destacava dos demais. Sua aparência é notavelmente diferente: uma mulher de pele pálida, com cabelos curtos e castanho-avermelhados que balançavam ao ritmo de seus saltos. Os cincos claramente são figuras femininas.
No meio daquele movimento rápido e silencioso, uma das mulheres do grupo dos rostos idênticos virou-se para a outra, a que era mais pálida e cujos olhos brilhavam sob a luz da lua. Seus cachos laranja reluziam enquanto ela falava, com uma voz baixa, mas carregada de preocupação:
— Tem certeza que por aqui conseguiremos passar pelos varredores?
O tom da pergunta era sério. Ela sabia que o plano não era perfeito e que qualquer erro poderia custar muito. Os varredores, afinal, não eram obstáculos triviais.
A mulher de cabelos castanho-avermelhados, que até então mantinha um olhar fixo no horizonte, virou-se levemente em resposta à pergunta da companheira. Seus lábios pintados com batom escuro curvaram-se em um sorriso enigmático, quase predatório. Havia confiança em sua postura, como se ela soubesse algo que os outros não sabiam.
— Sim, — respondeu com firmeza, sua voz carregada de uma tranquilidade inquietante. — Digamos que essa varredura em específico tem uma fraqueza contra mim. Posso manipular isso a nosso favor.
Ela falava com uma certeza quase sobrenatural, como se já tivesse lidado com aquele tipo de ameaça antes e soubesse exatamente como contorná-la. A mulher dos cachos laranjas assentiu lentamente, embora seu olhar ainda estivesse cheio de cautela.
Sem perder mais tempo, o grupo retomou sua marcha. A mulher pálida liderava o caminho, correndo com uma destreza que parecia natural para ela, enquanto as figuras idênticas flutuam logo atrás. Era quase como se o próprio ar as sustentasse, movendo-se com uma rapidez e leveza impossíveis para humanos comuns.
Logo avistaram uma linha invisível à frente — uma fronteira metafórica, mas que representava muito mais do que uma simples linha no mapa. Ao cruzá-la, as coisas mudariam. Elas estavam prestes a se infiltrar em uma área altamente controlada, onde o menor erro poderia resultar em consequências irreversíveis.
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Jogo das Manipulações
ActionUma história que ligeiramente adapta conceitos de Vampiro a Máscara. História ambientada entre 19/10/2024 a 05/11/2024. Em um mundo onde humanos e vampiros coexistem, Rafael, um vampiro dividido entre sua...