Capítulo 19: Discordância

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O homem, percebendo o alívio na postura de Melissa, fez uma reverência sutil e os guiou pelos longos corredores da mansão. As paredes de pedra antigas, repletas de segredos e histórias esquecidas, emitiam uma aura de mistério. O silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelos passos firmes do trio que atravessava o local. O ambiente sombrio refletia a natureza das atividades que ali ocorriam, sempre envoltas em segredo e poder.

Após alguns minutos, o homem parou diante de uma parede aparentemente sólida, mas, com um toque sutil, revelou uma passagem oculta. Melissa entra sem hesitação. Ao atravessarem a passagem, encontraram-se em um salão amplo, mais escuro e ainda mais silencioso que os corredores. O local exalava um ar de exclusividade, reservado apenas para aqueles que possuíam grande importância.

Dentro do salão, havia várias pessoas já presentes. Homens e mulheres da elite humana, cuidadosamente escolhidos, aguardavam ansiosos. Eles estavam ali para servir. Seus olhos, embora temerosos, brilhavam com uma mistura de fascínio e submissão. Sabiam que eram peças no jogo de poder que Melissa e Rafael jogavam. Mesmo que quisessem resistir, eram impotentes diante da presença imponente dos vampiros.

A sala exalava um ar de decadência e excessos. À primeira vista, era como qualquer outro ambiente de festas luxuosas, com uma decoração opulenta, sofás de couro espalhados e luzes difusas em tons de vermelho e dourado. No entanto, ao observar mais de perto, o verdadeiro cenário se revelava: um antro hedonista de vícios e depravação. Homens e mulheres da elite humana, aqueles que estavam no controle das decisões mais importantes da sociedade, se entregavam sem restrições a prazeres carnais e ao uso desenfreado de substâncias ilícitas.

Alguns fumavam cigarros com cheiro de ervas fortes, enquanto outros inalavam pós brancos com euforia e delírio estampados em seus rostos. As drogas fluíam livremente, e o ambiente estava impregnado pelo cheiro doce e enjoativo de substâncias químicas misturadas ao suor e ao perfume caro. Garotas de programa, com vestidos justos e maquiagens impecáveis, circulavam pela sala como se fossem parte do cenário, atendendo cada capricho dos presentes, sempre dispostas a bajular e satisfazer.

Aquela era a elite humana. Homens e mulheres que, do lado de fora, eram vistos como os poderosos e intocáveis, responsáveis pelas decisões que moldavam o destino de cidades inteiras. Eles controlavam os negócios, influenciavam a política, manipulavam o mercado financeiro, mas ali, naquele ambiente de prazer e caos, se mostravam como realmente eram: criaturas dominadas pelos próprios desejos, escravizadas pelas próprias fraquezas. A ironia não passava despercebida para Rafael, que observava o cenário com desdém.

O homem que os guiava, um dos servos de confiança da Camarilla, conduzia-os pelo salão sem demonstrar qualquer incômodo. Ele parecia imune à decadência ao seu redor, como se já estivesse acostumado com a degradação. Suas roupas estavam impecavelmente ajustadas, o que contrastava com a atmosfera caótica da sala.

— Estamos quase lá, meus senhores — disse o homem, sua voz calma e educada, enquanto os guiava para o fundo do salão. Algumas pessoas os observavam enquanto passavam, mas o olhar que lançavam a Melissa e Rafael era mais de curiosidade do que de reconhecimento. Para os humanos, a presença de vampiros era um segredo bem guardado, ainda que muitos soubessem, em um nível subconsciente, que forças maiores do que eles controlavam as engrenagens do mundo.

Finalmente, o homem parou diante de uma porta dupla, que levava a uma área ainda mais isolada. Ele se virou para Melissa e Rafael, inclinando-se levemente em sinal de respeito.

— Chegamos — anunciou, abrindo a porta com um gesto suave.

Melissa e Rafael entraram na sala sem hesitar. O ambiente era completamente diferente do que haviam acabado de atravessar.

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