Capítulo 24: Calmaria Antes da Tempestade

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Rafael piscou, surpreso pela resposta direta de Thales. Ele ficou em silêncio por um momento, processando o que acabara de ouvir. A tensão na sala era palpável, e Rafael sabia que estava pisando em território perigoso. Mas, ao mesmo tempo, ele não podia simplesmente aceitar o que Thales estava dizendo sem questionar.

— Vocês acham que foi o Ernesto que fez o Príncipe desaparecer? — Rafael perguntou, sua voz agora mais controlada. Ele se recostou na cadeira, tentando parecer mais relaxado, embora sua mente estivesse fervilhando com pensamentos.

Thales manteve o olhar firme, seus olhos penetrando os de Rafael. — Nós não achamos, Rafael. Nós sabemos. As evidências apontam para ele.

Rafael riu, um riso seco e sem humor. — Então é isso? Vocês estão aqui tentando me fazer acreditar que Ernesto sequestrou o Príncipe, e agora eu deveria entregar tudo sobre ele e sobre os Anarquistas para vocês? Só porque vocês têm suas suspeitas?

Thales se inclinou para frente, seu olhar agora ainda mais sério. — Isso não é uma questão de suspeitas, Rafael. Sabemos o que aconteceu, mas precisamos confirmar os detalhes. E é aí que você entra.

Rafael balançou a cabeça, sem acreditar no que estava ouvindo. Ele sabia que a Camarilla estava disposta a fazer qualquer coisa para manter o controle.

— E se eu disser que não sei de nada? — perguntou Rafael, desafiador. — Que vocês estão apenas procurando um bode expiatório para a incompetência da Camarilla em manter o Príncipe no poder?

Thales manteve a compostura, mas Rafael pôde ver a frustração crescendo em seus olhos. — Então, você se recusa a cooperar?

Rafael deu de ombros. — Não é isso, Thales. Eu estou aqui, não estou? Eu quero entender o que está acontecendo tanto quanto você. Mas não vou simplesmente aceitar suas palavras sem questionar. Vocês querem o Príncipe de volta? Então talvez seja hora de começarem a agir com mais transparência.

Thales soltou um suspiro pesado, claramente se contendo para não perder a calma. — Rafael, a Camarilla está tentando manter a ordem. Se Ernesto realmente está envolvido no desaparecimento do Príncipe, isso significa que ele está jogando um jogo muito perigoso. Um jogo que pode levar à destruição de tudo o que conhecemos.

Rafael riu de novo, desta vez com mais sarcasmo. — Vocês adoram essa palavra, né? Ordem. Como se tudo fosse tão preto no branco. Vocês falam de ordem como se fossem os heróis, mas eu já vi o que a Camarilla é capaz de fazer para manter esse 'equilíbrio'. Não me venha com esse papo de moralidade.

— Não é uma questão de moralidade — Thales retrucou, com um tom firme. — É uma questão de sobrevivência. A Camarilla existe para garantir que os vampiros continuem vivendo nas sombras, sem serem descobertos pelos humanos. Se a Máscara cair, se os humanos souberem da nossa existência, todos nós estamos condenados. Inclusive você.

Rafael suspirou, esfregando o rosto com as mãos. Ele sabia que havia verdade nas palavras de Thales, mas também sabia que a Camarilla sempre usava o medo da exposição como uma arma para manipular os vampiros a seguir suas regras.

— Você realmente acha que Ernesto quer destruir a Máscara? — perguntou Rafael, finalmente, olhando diretamente para Thales.

Thales ficou em silêncio por um momento, avaliando a pergunta. — Eu não sei o que Ernesto quer. Mas o que ele fez, ou pode ter feito, ameaça a segurança de todos nós. Se o Príncipe está realmente morto ou desaparecido por causa dele, precisamos lidar com isso rapidamente.

Rafael se levantou da cadeira, andando pela sala. Ele sabia que estava sendo pressionado de todos os lados, e que qualquer movimento errado poderia ser fatal. Mas, no fundo, ele também sabia que não podia confiar cegamente em Ernesto, assim como não podia confiar em Thales.

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