Capítulo 26: Fugitivo

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Rafael corria pelas ruas escuras de Cuiabá, em uma caçada desesperada ao Assassino Noturno. O cenário era um labirinto de becos, vielas e sombras profundas que pareciam se fechar ao seu redor. O Assassino Noturno, um Filho de Haqim, movia-se com uma velocidade impressionante, equiparável à própria celeridade de Rafael. A perseguição se tornava quase impossível, como se ele estivesse correndo atrás de um fantasma que se desvanecia a cada passo. Comparado com outras caçadas, como a que teve contra Jamón, essa parecia uma corrida contra algo inalcançável, um adversário que se movia além da realidade.

O Filho de Haqim tinha uma vantagem adicional: sua capacidade de se camuflar nas sombras. Era como se a escuridão ao seu redor fosse parte de sua essência, permitindo que ele desaparecesse à menor provocação. Rafael não podia se dar ao luxo de perder tempo tentando adivinhar para onde o inimigo iria. Ele precisava confiar em seus instintos e nas habilidades adquiridas ao longo de sua não-vida. Cada movimento errado poderia significar o fracasso, e esse era um preço que ele não podia pagar.

A noite havia começado de maneira estranha, como tantas outras desde que ele havia sido chamado ao dever pela Camarilla. Thales, o Malkaviano lunático e paranóico, havia sido o portador da mensagem. Ele veio a Rafael com uma missão específica: ser o algoz do Assassino Haqim. A Camarilla, sempre zelosa das tradições que protegiam sua sociedade secreta, não podia permitir que um de seus membros quebrasse suas leis mais sagradas. O Filho de Haqim havia começado a se desviar, atacando outros Kindred e sugando sua Vitae. Isso era um ato de traição. Ele havia se tornado uma ameaça à Máscara, violando a sexta tradição ao drenar seus semelhantes.

Thales sabia que Rafael, com suas habilidades e experiência, era o vampiro perfeito para a tarefa. No entanto, Rafael não estava sozinho nessa missão. Katarina, a Tremere astuta e misteriosa, estava ao seu lado. E também havia Bull King, o Nosferatu gigante, cuja presença inspirava temor. Seu tamanho e força bruta o tornavam um tanque vivo, pronto para esmagar qualquer resistência que encontrassem. Juntos, eles formavam um trio improvável, mas letal, cada um com suas próprias habilidades, que deveriam se complementar em um momento crítico como esse.

A perseguição, no entanto, se limitava por enquanto a Rafael e o Assassino Haqim. Com suas habilidades de celeridade, ambos se moviam a uma velocidade que ultrapassava a compreensão humana. Era uma corrida silenciosa, onde o tempo parecia distorcido, com cada segundo se estendendo em minutos. Rafael sentia o vento cortando sua pele morta, enquanto seus olhos vampíricos tentavam captar cada movimento do Filho de Haqim nas sombras. Ele sabia que não poderia contar com Katarina ou Bull King até que conseguisse desacelerar o assassino, forçando-o a lutar ou a parar. O único objetivo naquele momento era encurralá-lo, nem que para isso tivesse que arriscar a própria existência.

Apesar das habilidades sobrenaturais do Haqim, ele também tinha suas limitações. A celeridade era uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo. Usar essa habilidade exauria sua energia, e Rafael precisava encontrar o momento certo para sobrepujá-lo.

Em uma fração de segundo, tudo mudou. Rafael, com seus sentidos aguçados e sua experiência em combate, viu uma abertura. Aproveitando a oportunidade, ele lançou sua mão com precisão mortal e agarrou firmemente o tornozelo do Assassino Noturno. O impacto foi imediato. O vampiro estava correndo a uma velocidade tão absurda que, ao ser puxado, arrastou Rafael junto com ele. Os dois corpos colidiram contra os becos e as paredes, ricocheteando violentamente enquanto a perseguição frenética chegava a uma nova fase.

Finalmente, os dois foram lançados em uma parte mais ampla do labirinto de ruas e vielas. Parecia um pequeno campo, semelhante a uma quadra de futsal esquecida no meio da periferia, cercada por casas decrépitas e janelas fechadas. O silêncio do local era quase tão opressivo quanto a escuridão que o envolvia. Apenas as luzes fracas das casas ao redor forneciam uma iluminação mínima, projetando sombras alongadas e deformadas sobre o terreno. O ambiente tinha uma aura pesada, como se a própria noite estivesse assistindo ao embate que estava prestes a ocorrer.

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