Sex

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O som de pancadas fortes ecoava pelo quarto, arrancando-me da tranquilidade do meu sono. Levei alguns segundos para perceber onde estava – o quarto grandioso do palácio, com os seus tetos altos e as cortinas prateadas pesadas que bloqueavam a luz do amanhecer.

Bateram na porta novamente, com mais insistência. Levantei-me a custo, o chão frio sob os meus pés descalços a despertar-me por completo.

Quando abri a porta, deparei-me com Petrus, com a expressão séria e os braços cruzados, como sempre. O uniforme preto, ajustado ao corpo, realçava a sua figura musculosa. Os detalhes em dourado nas mangas e ombros indicavam a sua posição de prestígio. Ele usava botas de couro que com certeza eram daquelas que faziam um barulho irritante no chão de mármore sempre que se movia.

— Finalmente acordada, — disse ele, sem um traço de paciência. — Já estás atrasada para começar a preparação para a cerimónia. Vem comigo.

Olhei para ele, ainda meio atordoada.

— Atrasada? Mas ainda nem amanheceu direito...

Ele virou as costas sem responder e começou a caminhar pelo corredor.
Não me preocupei em lhe pedir que esperasse.

Antes de o seguir, virei-me para o armário para me vestir. Lá dentro, havia uma seleção de roupas que pareciam ter sido escolhidas especialmente para mim, mesmo que fossem requintadas demais, eram exatamente do meu tamanho.

Escolhi uma túnica que imitava um vestido, leve de tecido fino em tons de azul escuro, com detalhes prateados nas bordas que imitavam estrelas. A túnica ajustava-se perfeitamente à minha cintura e caía suavemente até aos tornozelos, com mangas longas que ondulavam ao caminhar. Calcei umas botas pretas de couro macio, que se ajustavam confortavelmente aos pés, o que me deu uma sensação de conforto inesperado.

Saí apressada do quarto, a tentar adivinhar se Petrus teria esperado ou me deixado ali. Descobri logo que se tratava da primeira opção, felizmente e infelizmente para mim. Por mais que ele não me agradasse, não me apetecia andar perdida num palácio gigantesco logo de manhã.

O corredor onde Petrus me esperava estava frio, e o som dos nossos passos ecoava pelas paredes cobertas de tapeçarias que retratavam cenas de antigas batalhas e rituais mágicos. O palácio tinha uma imponência que me esmagava, e cada recanto parecia esconder segredos que eu ainda não estava preparada para descobrir.

Chegamos a um enorme conjunto de portas que levava a outro corredor, mas este era maior e mais requintado que o anterior. As portas de madeira maciça ecoaram ao fecharem-se atrás de mim, enquanto seguia Petrus pelo corredor principal do palácio.

Ele andava com uma postura rígida, como se carregar o peso do mundo fosse a sua rotina. Não era o tipo de pessoa com quem eu me sentia confortável, especialmente com a forma fria e distante que sempre demonstrava.

Durante o caminho, ele explicou o que eu deveria fazer para me preparar para a cerimónia. Havia regras a seguir, rituais a cumprir.

— Terás de meditar três vezes por dia, — começou, sem olhar para mim. — Precisas de alinhar a tua mente com a magia que flui dentro de ti.

— Três vezes por dia? — repeti, num tom meio brincalhão. — Isso é ainda mais do que uma religião exige...

Petrus ignorou o meu comentário, continuando com a mesma voz impassível.

— A tua concentração terá de ser perfeita. Se falhares em manter o foco durante a cerimónia, pode ser fatal.

Revirei os olhos, mas mantive-me em silêncio. Era inútil tentar qualquer tipo de abordagem descontraída com ele. Então, se ele queria frieza, iria tê-la.

O Despertar das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora