Novem

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Acordei sobressaltada com uma batida firme na porta, seguida por uma voz desconhecida.

— Acorda, bela adormecida. Já está mais que na hora, mandaram vir chamar-te, — provocou, com um tom ligeiramente divertido.

Esfreguei os olhos, ainda meio a dormir, e levantei-me da cama. Dirigi-me ao armário e, para minha surpresa, encontrei uma seleção de roupas práticas. Tudo de tecido leve e flexível, ideal para lutar ou treinar. Escolhi umas calças pretas justas e uma blusa cinza de mangas curtas que se moldava ao meu corpo, deixando-me confortável mas com um toque elegante.

Enquanto me vestia, os meus olhos recaíram sobre o amuleto pendurado ao lado do espelho. A pedra negra no centro refletia a luz fraca do quarto, e o metal prateado parecia quase pulsar de vida.

Coloquei o amuleto ao pescoço, sentindo o peso frio contra a pele, e decidi que era a hora de procurar respostas. Saí do quarto e dirigi-me para a sala onde, na noite anterior, Margarita me dissera que os dissidentes costumavam tomar o pequeno-almoço.

O salão de refeições era amplo, com paredes de pedra escura e longas mesas de madeira dispostas em fileiras. Havia tapeçarias antigas penduradas nas paredes, mostrando cenas de batalhas e rituais antigos. O ambiente era rústico, mas havia algo de acolhedor naquele lugar. No ar, pairava o aroma do pão acabado de cozer e do café quente. Ao entrar, vi Corvus sentado a uma das mesas, rodeado por alguns outros dissidentes.

Aproximei-me e sentei-me ao lado dele. No prato à minha frente, coloquei uma fatia de pão com manteiga e peguei numa chávena de café fumegante. Não queria perder tempo.

— Corvus, — chamei, com a voz ainda hesitante. — Este amuleto... foste tu que o enviaste? Chegou até mim através de um corvo.

Ele ergueu o olhar na minha direção, com um leve sorriso que não revelava muito. "Sim, fui eu. Achei que poderias precisar dele."

— Mas... porquê? O que é este amuleto, exatamente? — perguntei, com o tom mais sério.

Corvus pousou a chávena e recostou-se na cadeira.

— Esse amuleto pertencia à tua mãe, Catherina. Ela usava-o como um símbolo da sua ligação com a magia. Acredita-se que possui propriedades especiais, mas o seu verdadeiro poder só será revelado a quem tiver o direito de o usar. Agora, ele pertence-te.

Olhei para o amuleto e senti um peso estranho a crescer no peito.

— E o bilhete? Aquela mensagem de fugir...

— Foi um aviso, — respondeu ele, com a voz mais grave. — Eu sabia que, após a cerimónia, os Magni Stellaris tentariam controlar-te. Tinha de te alertar e garantir que terias uma forma de escapar.

Antes que pudesse fazer mais perguntas, Margarita apareceu à frente da nossa mesa, sentando-se com um prato cheio de frutas e pães.

— Bom dia, Cate, — cumprimentou, com um sorriso amigável. — Estás pronta para a semana que tens pela frente?

Assenti, ainda pensativa sobre a conversa com Corvus. Margarita começou a explicar as aulas que eu teria nos próximos dias enquanto comia.

— Irás treinar combate físico com Lysander, um dos melhores lutadores que temos aqui. Ele é rápido e letal, mas vai puxar por ti, acredita. Também terás aulas de conhecimento mágico com Laurus, que vai explicar-te como a magia funciona em Astralis. E não te preocupes, terás algum tempo livre para descansar. Esta será uma semana intensa, mas necessária...

Enquanto ela falava, os meus olhos percorreram o salão. A Domus Umbrae parecia um lugar cheio de segredos, mas começava a perceber que também poderia ser onde eu aprenderia a verdade sobre mim e sobre o mundo que sempre me foi negado.

O Despertar das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora