Sentei-me na arquibancada da academia de ginástica observando o ambiente animado com as atletas treinado suas performances. Não era a primeira vez que vinha assistir os treinos de Júlia, mas cada vez que vinha a energia das atletas me contagiava.
Minha amiga se movia com tanta graça e precisão, como se cada salto fosse uma dança cuidadosamente ensaiada. Era impossível desviar os olhos de cada movimento do corpo dela.
Júlia estava na barra de equilíbrio, seu olhar focado, o corpo em perfeita harmonia com o equipamento. O ambiente ao redor parecia parar, como se todas as conversas e sons fossem abafados pelo meu próprio coração acelerado. Quando ela finalizou a sequência com um giro impecável, pousando com firmeza, meus olhos encontraram os dela.
Ela sorriu daquele jeito que fazia meu estômago dar voltas.
Depois do treino, estava esperando a morena perto dos vestiários, como sempre. Júlia saía todos os dias, cansada, mas determinada, sempre com o cabelo ainda preso em um coque impecável e o olhar tranquilo de quem estava acostumada com a pressão.
Quando ela me viu, me peguei sorrindo boba em sua direção. Ela tinha esse efeito em mim, que estava ficando cada vez mais difícil de fingir normalidade em sua presença.
— Ei! Que bom que você veio de novo - ela disse, jogando a pequena toalha sobre os ombros - Não cansa de me ver caindo por aí?
Dei risada balançando a cabeça.
— Difícil você cair. E, mesmo se caísse, eu estaria aqui para te aplaudir de pé.
Júlia riu, o som leve ecoando pelo espaço. Era esse riso, esse jeito descontraído que sempre me fazia relaxar, mesmo nos momentos de maior tensão. Ela parou em minha frente, mais próxima do que o habitual. Seus olhos castanhos, intensos, pareciam buscar algo nos meus.
— Sabe... - ela começou, hesitando por um segundo, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras - Eu fico feliz que você venha aqui me ver. Mais do que devia admitir, talvez.
O que ela estava tentando dizer? Meu coração disparou com a fala da mais nova.
— Eu gosto de estar aqui. Gosto de ver você... Ser você - respondi sentindo as palavras saírem antes que pudesse pensar demais.
Por um momento, Júlia apenas me observou, com aquele olhar brilhante que eu não achava justo de alguém ter aquele olhar tão doce e cativante.
Me avaliou por uns segundos, enquanto meu coração parecia que ia explodir quando sentiu o calor da proximidade dela.
— Eu estava pensando... Talvez a gente pudesse fazer algo fora daqui. Sem barras de equilíbrio, sem saltos... Só nós duas.
— Pensei que esse momento nunca ia chegar - soltei sem perceber fazendo papel de boba mais uma vez, mas tirando uma risada fofa dela.
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