Pengunto fazendo um carinho nos cabelos da mulher que estava com o corpo totalmente em cima do meu.
- Sim... - murmura sonolenta.
- Pode dormir meu amor, eu estou aqui com você - sussurro sentindo sua respiração calma no meu pescoço.
Estávamos deitadas no sofá da casa da Paola, após ela me ligar chorando por ter terminado o seu casamento com o seu, agora, ex-marido. Como uma ótima melhor amiga eu vim o mais rápido que pude para consolá-la.
Eu não poderia dizer que estava surpresa com o divórcio, já que eu observava de perto o andamento desse relacionamento e sabia que a Paola não iria tolerar o descaso que o marido fazia por ela e por tudo que a mesma se envolvia.
Mas mesmo sabendo disso, eu sabia também que ela iria sofrer... Então mesmo com todos esses sentimentos dentro de mim, eu iria estar sempre ali pra ela.
(...)
- Ei você, estranha - digo lavando os talheres que tinha sujado, vendo a mais velha entrar na cozinha ainda sonolenta.
- Estava cozinhando? - fala baixo apoiando os braços na bancada.
- Não, você sabe que não sou tão boa quanto você. Estava apenas comendo uns morangos - rio sem graça - Então como hoje é uma exceção, eu irei pedir uma pizza para nós.
Ela balança a cabeça em concordância antes de deitar a mesma entre os braços.
Enxugo minhas mãos, pegando um copo de água colocando a sua frente junto com o comprimido que separei.
Ela levanta a cabeça e me olha confusa.
- Você está com dor de cabeça - ela levanta as sombrancelhas em surpresa pegando o comprimido desconfiada - Eu te conheço Paola.
- Obrigada - diz após tomar o comprimido que lhe dei.
Fomos para o sofá onde havia um cobertor e fui pedir a pizza deixando com que a morena escolhesse algo para assistirmos. A pizza chegou e nos aconchegamos no sofá, dando play no seu filme favorito.
- Tá, agora me fala - digo vendo os créditos do filme passar na tela.
- Dizer o quê?
- Você ainda não me disse o que está sentindo, desde da hora que cheguei aqui. Eu sei que está triste, mas sei também que você precisa desabafar.
- Ok... - suspira sentando de lado para que ficasse de frente a mim - Não tem muito o quê contar, não é como se você já não tivesse notado. Ele a alguns meses vinha chegando tarde em casa, sem dar explicações, somente dizendo que estava cansado que o trabalho estava cansando ele. Com o passar dos dias ele vinha se afastando, sendo rude comigo, sendo grosso com todos na casa... Ah S/n, eu já não conhecia o homem que eu tinha me casado. Ele me tratava de uma forma que não dava mais para aceitar sabe, deixava o ambiente tenso entre nós. Eu sei que ele sempre teve grande dificuldade para lidar com o sucesso da minha profissão, mas ele foi inadmissível, disse coisas horríveis na frente da minha filha, eu não poderia deixar que ele fizesse isso de novo.
A esse ponto a mais velha já chorava me abraçando e eu só suspirei tentando me manter calma.
- Ele não te merecia Paola, ele perdeu uma mulher incrível - disse lhe abraçando mais apertado sentindo suas lágrimas molharem minha camiseta.
- Talvez eu não tenha sorte no amor. Talvez eu realmente deva ficar sozinha como ele disse - ela suspira enxugando o rosto se afastando.
- Não fala assim - seguro seu rosto lhe forçando a me encarar - Essas coisas acontecem, e você não tem 1% de culpa nessa confusão toda. Você sabe que todas essas mentiras que ele te disse foi para te atingir. Poxa Paola, têm tanta gente que daria tudo para te ter da forma que ele teve e eu sinto meu sangue ferver por ver que ele desperdiçou uma oportunidade dessa que eu-
No mesmo momento travo vendo o que eu dei a entender. Ela me observava fungando e leva suas mãos até as minhas em seu rosto.
- Você o quê S/n?
- Eu?
- Sim, você. Você disse "Uma oportunidade dessa que eu..?"
- Ah é. Eu... - eu estava totalmente travada naquele momento. Não acreditando como deixei aquilo escapar.
- S/n? O que você quis dizer com isso?
- Olha, eu acho que agora não seja um bom momento mas... Eu te amo Paola.
- Eu também te amo S/a - ela diz rouca por causa do choro e eu suspiro fazendo um carinho em seu rosto.
- Você não entendeu - sussurro encarando seus olhos - Eu REALMENTE te amo... Tipo, muito.
Digo dando ênfase para que a mulher entendesse o que eu quis dizer e parece ter funcionado, já que a mesma me olhou com os olhos levemente arregalados.
- S/n, eu não sei o que te dizer-
- Não precisa dizer nada - me apresso - Nesse momento temos que cuidar de você, nós podemos cuidar desse meu sentimento depois. Você não precisa me dizer palavras bonitas agora-
Fui calada por um rápido selinho. Lhe olho em choque sem compreender o que tinha acontecido.
- Você...
- O que eu fiz...Meu Deus S/a, desculpa - coloca as mãos em sua boca em choque com sua própria ação - Eu não sei porque fiz isso.
Lhe calei com outro selinho, só que dessa vez mais demorado. Me afastei para lhe encarar e a encontro ainda de olhos fechados. Sinto sua mão em minha nuca me puxando devagar para mais perto me permitindo sentir novamente a maciez de seus lábios. Me afasto devagar vendo seu rosto me perseguir.
- O que estamos fazendo? - digo rindo baixo.
- Eu não sei, isso foi confuso - abre seus olhos - Eu também te amo S/n... Pensava que nunca teria a oportunidade de lhe dizer isso.
Sorrio mordendo meu lábio inferior, vendo seu rosto se iluminar.
- O que vamos fazer?
- Agora? - recebo um aceno - Cuidar de você.
- Você já faz isso, o que vai ganhar em troca?
- Sua companhia já basta - digo fazendo um carinho em seu rosto - E talvez mais beijos?
- Abusada.
- Você que me atacou - rebato rindo e ela fecha sua expressão - Somos confusas.
- Eu gostei da nossa confusão.
Sorrio sentindo sua mão em minha nuca mais uma vez. Talvez eu tenha gostado dessa confusão.
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