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A tarde se arrastava com uma calma incomum quando S/N ouviu seu celular vibrar na mesa ao lado

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A tarde se arrastava com uma calma incomum quando S/N ouviu seu celular vibrar na mesa ao lado. Ele olhou de relance para a tela e viu o nome de Giselle piscando, acompanhado por uma foto divertida dos dois em uma festa. Com um sorriso, atendeu a chamada, mas logo percebeu pelo tom urgente da voz dela que não era só uma conversa casual.

— S/A, por favor, preciso que você me ajude com uma coisa hoje à noite. — começou Giselle, sem rodeios. O coração de S/N acelerou um pouco. Sempre que ela usava aquele tom, sabia que vinha alguma ideia meio louca —

— O que houve, Gi? — ele perguntou, tentando manter o tom despreocupado —

— Meus pais... Eles arranjaram um encontro às cegas pra mim, mas eu simplesmente não posso ir! Você sabe como eles são, e eu não quero causar mais problemas. Preciso que você vá no meu lugar. — S/N piscou algumas vezes, processando a informação —

— Espera aí... eu? Em um encontro às cegas? Giselle, eu sou um garoto, lembra? — do outro lado da linha, ele ouviu o suspiro de frustração dela —

— Eu sei disso, mas, por favor, só dessa vez! Você pode se vestir como uma garota. Lembra daquela peruca rosa que você usou na festa à fantasia? E suas roupas... Ninguém vai notar, S/A. É só por uma noite.

S/N respirou fundo, sentindo a pressão começar a se acumular em seus ombros. Ele sabia que Giselle passava por dificuldades com os pais, que mesmo conscientes da sexualidade dela, insistiam em forçar situações desconfortáveis. A lembrança da última vez em que ela havia chorado após uma briga feia com a mãe fez seu peito apertar. Giselle era uma das poucas pessoas que sabia sobre sua identidade e sempre o apoiou, fosse em momentos de dúvida ou na celebração de pequenas vitórias.

— Isso parece uma ideia maluca, Gi. — disse ele, mas a hesitação em sua voz já indicava que estava considerando a proposta —

— Eu sei! É maluco! Mas você é a única pessoa em quem confio pra isso, e eu prometo, prometo mesmo, que vou te recompensar. Faço qualquer coisa que você quiser depois. Por favor, S/A, eu não posso lidar com a reação deles se eu recusar mais uma vez.

Houve um momento de silêncio, em que apenas a respiração tensa de Giselle ecoava pela ligação. S/N passou a mão pelos cabelos, pensando em como seria passar uma noite disfarçado. Com a peruca e algumas roupas mais neutras, ele poderia enganar quem estivesse no encontro. Afinal, ninguém ali sabia quem ele era, e isso poderia funcionar... Ao menos, por algumas horas.

— Tudo bem, Gi. Eu vou fazer isso. — respondeu finalmente, sentindo um frio na barriga que misturava apreensão e excitação. Do outro lado, um suspiro de alívio surgiu, seguido por uma risada nervosa —

— Obrigada, S/A! Você é o melhor amigo que eu poderia pedir. Vai ser só uma noite, prometo.

Depois de desligar, S/N caminhou até o armário e abriu a gaveta de baixo, onde guardava algumas roupas menos usadas. A peruca rosa estava enrolada em uma caixa, com fios vibrantes e longos que ele havia comprado impulsivamente para uma festa temática meses antes. Pegando a peça, ele a colocou sobre a mesa e se olhou no espelho. "Eu consigo fazer isso", pensou, enquanto puxava uma blusa mais larga e uma calça jeans ajustada. As peças unissex ajudariam a completar a ilusão.

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