"Para os mortos, a morte é apenas uma mudança de vestuário."
***
O ar estava cheio de um aroma doce e intenso de flores de cempasúchil, as vibrantes flores amarelas que são a marca do Dia dos Mortos no México. Sergio havia me levado até o coração de Guadalajara, onde ele nasceu e cresceu, para que eu pudesse compartilhar uma das celebrações mais importantes de sua cultura. Com os olhos brilhando de entusiasmo, ele me conduziu pelas ruas cheias de vida, decoradas com altares coloridos e música mariachi.
O sol já estava se pondo, e as cores das flores e velas refletiam uma luz cálida e aconchegante. As ruas vibravam com uma energia única, quase mágica, que me fez sorrir involuntariamente. Sergio percebeu e apertou minha mão, como se quisesse dizer que aquele era apenas o começo.
Ele me guiou pelas avenidas movimentadas, onde cada esquina parecia guardar uma nova história, um novo altar repleto de memórias.
— O Dia dos Mortos é uma celebração da vida — explicou ele, seus dedos entrelaçados nos meus com um carinho que me acalmava. — Não é sobre tristeza, mas sobre lembrar quem a gente ama com alegria.
O brilho em seus olhos era um misto de orgulho e saudade.
Passamos por altares cuidadosamente adornados com fotos, velas e pratos de comida. Cada um contava a história única de alguém que já havia partido, mas que ainda permanecia vivo nas memórias de seus familiares e amigos. Sergio parou em frente a um dos altares, abaixou-se para acender uma vela e depois apontou para uma foto de um senhor sorridente.
— Esse era meu avô — disse ele, os olhos brilhando com nostalgia. — Ele adorava tequila e mole. Sempre ríamos muito quando ele contava histórias.
Era impossível não se emocionar com a reverência e o carinho que Sergio demonstrava ao falar de seu avô. Eu o observava atentamente, tentando absorver cada detalhe daquele momento.
— Ele parece alguém cheio de vida — comentei, imaginando o quanto Sergio deve ter herdado dele.
Sergio sorriu, concordando.
— Ele era. Nunca deixava uma oportunidade passar sem contar uma boa história ou soltar uma risada alta. Esse tipo de alegria é uma das maiores heranças que ele deixou para a gente.
Enquanto ele falava, pegou uma pequena caveira de açúcar do altar e a colocou em minha mão. Era decorada com cores vibrantes e detalhes intrincados, um símbolo poderoso e, ao mesmo tempo, gentil da aceitação da morte como parte da vida.
— As caveiras de açúcar são uma lembrança de que a morte faz parte da vida — ele disse, olhando fundo nos meus olhos. — E que devemos aproveitar cada momento.
Senti um arrepio percorrer meu corpo. O significado daquela tradição era tão profundo e verdadeiro, e estar ali, com Sergio, parecia tornar tudo ainda mais especial.
— É uma perspectiva bonita — respondi, sorrindo com sinceridade.
— Sim — ele disse suavemente. — Minha família sempre acreditou que, ao celebrarmos assim, estamos mantendo nossos entes queridos vivos em nossas lembranças, como uma parte do nosso presente.
Continuamos caminhando, e cada novo altar que encontrávamos parecia revelar uma nova camada daquela tradição tão rica. A música mariachi, alegre e festiva, ecoava pelas ruas e misturava-se ao aroma de comidas tradicionais, como pan de muerto e tamales, que alguns vendiam em pequenas barracas decoradas.
Mais tarde, fomos para uma praça onde um festival local acontecia. As pessoas estavam vestidas com roupas tradicionais, e muitas delas tinham o rosto pintado como catrinas — aquelas figuras icônicas, com caveiras adornadas por flores e cores. Sergio sorriu para mim, e seus olhos brilhavam com uma alegria genuína.
— Quer um pouco de tequila? — ele me ofereceu, erguendo um copo. — Em homenagem ao meu avô — disse ele com um sorriso travesso, e erguemos os copos para brindar.
A tequila desceu quente, e senti a energia vibrante ao nosso redor me envolver ainda mais. Sergio puxou-me para dançar, e logo estávamos no meio da multidão, rindo e nos movendo ao ritmo da música, completamente imersos naquele momento. Ele girou-me, puxou-me para perto, e a conexão entre nós parecia ainda mais forte e natural, como se estivéssemos em nosso próprio mundo.
À medida que a noite avançava, ele me levou para um lugar mais calmo, longe da agitação, onde podíamos observar as velas que iluminavam a praça e ouvir o som distante da festa. Sentados ali, lado a lado, ele me envolveu com seu braço, deixando um beijo suave em minha testa.
— Obrigado por vir comigo — ele disse, a voz carregada de gratidão. — Queria te mostrar uma parte de mim e do que significa a minha cultura.
Toquei sua mão, sentindo-me profundamente tocada pelo que ele havia compartilhado comigo.
— Obrigada por me mostrar tudo isso, Sergio. É bonito ver como vocês celebram a vida das pessoas que amam, mesmo quando elas já não estão aqui.
Ele sorriu, seus olhos brilhando na luz suave das velas. Ficamos ali, em silêncio, apenas apreciando o momento. A noite era iluminada não só pelas velas, mas por algo muito maior — um sentimento de amor e conexão que transcendia o tempo e o espaço.
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Imagines Fórmula 1
FanfictionJá imaginou fazer parte do eletrizante universo da Fórmula 1, vivendo momentos intensos ao lado dos maiores pilotos do mundo? Neste livro, você terá a chance de mergulhar em histórias únicas e inesquecíveis, onde cada página o leva para os bastidore...