17 - Lewis Hamilton

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Naquela tarde, ele foi mais que um campeão; ele se tornou uma lenda

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Naquela tarde, ele foi mais que um campeão; ele se tornou uma lenda

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Interlagos, 2021

Eu nunca tinha sentido o coração tão acelerado. As batidas eram ritmadas, intensas, pulsando no mesmo compasso dos motores que ecoavam pelo autódromo de Interlagos. A multidão ao redor vibrava, cada grito de torcida carregava emoção e, naquela tarde, não era só pelo Brasil, mas por ele — pelo meu Lewis. Ele era mais que um piloto; naquele dia, ele se tornava uma lenda viva.

A semana toda tinha sido uma montanha-russa. Desde o momento em que chegamos ao autódromo, dava para sentir o peso do desafio no ar. Lewis não só precisava vencer para continuar na disputa pelo campeonato, mas tinha enfrentado um dos fins de semana mais difíceis da temporada. Primeiro, a desclassificação da classificação da sexta-feira devido a uma infração mínima na asa traseira do carro, o que o obrigou a largar em último na corrida sprint. Só de lembrar, eu sentia o estômago revirar. Era injusto, mas não havia escolha. Ele precisaria lutar como nunca.

A corrida sprint do sábado tinha sido o primeiro sinal de que aquele seria um fim de semana especial. Lewis largou em último e, com uma determinação que só ele tem, ultrapassou quinze carros em vinte e quatro voltas. Fiquei sem ar a cada manobra, segurando o grito para não incomodar a equipe ao redor, mas, por dentro, explodia de orgulho. Ele terminou em quinto, algo que poucos conseguiriam. Mas a batalha estava longe de acabar; ainda havia a corrida principal, e ele teria que largar na décima posição devido a uma punição adicional.

No domingo, a tensão era palpável. A largada foi um misto de esperança e medo. Eu sabia que Lewis tinha uma desvantagem enorme. Max Verstappen estava à frente, e cada ponto contava naquele campeonato acirrado. Ao ouvir o som dos motores, minha respiração ficou suspensa, e meus olhos ficaram fixos na tela, acompanhando cada detalhe, cada curva. A pista de Interlagos tinha sua história, e eu sabia que Lewis também queria fazer parte dela.

A corrida começou, e ele parecia incansável. Naquelas primeiras voltas, o jeito como ele passava de adversário em adversário era hipnotizante. A torcida nas arquibancadas explodia a cada ultrapassagem, e eu me sentia parte daquelas vozes, torcendo com todo o coração. Era um duelo pessoal com Max, algo que ia além dos pontos. Era uma disputa intensa, de centímetros, cada um tentando manter a liderança.

Lá pela volta 48, Max o empurrou para fora da pista numa tentativa de defender sua posição. Meu coração congelou por um momento.
— Isso não é justo — murmurei, sentindo um nó na garganta. Mas, de alguma forma, eu sabia que ele não ia desistir. A equipe toda ao meu redor estava tensa, assistindo aos monitores com olhares ansiosos, mas ele não perdeu o foco. Lewis voltou à luta com ainda mais intensidade.

Finalmente, na volta 59, a ultrapassagem veio. Ver ele passar à frente de Max foi uma explosão de alegria. O público foi ao delírio, eu me levantei da cadeira, as mãos cobrindo a boca, quase sem acreditar. Ele estava liderando, e só precisava manter aquela posição. Aquele era o momento, ele tinha conseguido. Eu sabia o quanto ele queria aquilo, não só por ele, mas pelo que representava — a força, a resiliência, a determinação de nunca desistir.

Quando ele cruzou a linha de chegada, o alívio tomou conta de mim. As lágrimas finalmente escorriam pelo meu rosto. Eu sabia o que vinha a seguir, algo que tornaria aquele momento ainda mais especial. Ao ver ele pegando a bandeira do Brasil e a erguendo sobre o carro, como Ayrton Senna havia feito anos atrás, me emocionei de novo. Ele estava homenageando um ídolo, alguém que o inspirava desde a infância, e que inspirava milhões ali no Brasil. Ao ver a bandeira verde e amarela sendo levantada por ele, senti o peso histórico daquele gesto. Aquela era a vitória de um campeão que transcende as fronteiras, que trazia no coração a essência de um povo que também luta com garra e coragem.

Desci rapidamente até a área dos boxes, onde a equipe já começava a comemorar. Quando ele saiu do carro e se aproximou, ainda segurando a bandeira, nossos olhares se encontraram, e eu corri até ele. Ele me puxou para perto, o sorriso brilhando e a respiração ainda ofegante.

— Você fez história, amor — eu disse, a voz embargada.

Ele riu, me envolvendo com o braço e erguendo a bandeira mais uma vez.
— Não foi só eu. Isso aqui é para todos nós — respondeu ele, mirando a multidão. Senti um nó na garganta. Estávamos cercados por gritos e aplausos, mas, naquele instante, parecia que só nós dois existíamos.

A multidão continuava gritando seu nome, cantando em coro. "Senna! Senna!" gritavam alguns, misturando o nome de Ayrton ao dele. Aquele era um momento que ninguém esqueceria. Ele estava ali, como um herói moderno, alguém que tinha atravessado cada obstáculo para provar que, com coragem, é possível vencer.

Quando a cerimônia de pódio começou, eu me permiti afastar um pouco para vê-lo, com aquele troféu nas mãos, o rosto ainda emocionado. O sorriso dele brilhava mais do que o pôr do sol que começava a se despedir sobre São Paulo, e eu sabia que aquilo era só o começo de muitas outras conquistas que viriam. Naquele instante, senti uma conexão profunda com tudo ao nosso redor — com a torcida, com a história do lugar, com a realização de que ele não estava apenas fazendo algo grande para si, mas algo para o esporte, para a memória de Senna, e para todos que acreditavam nele.

Mais tarde, quando estávamos de volta ao paddock, ele me olhou com uma expressão de satisfação.
— Não teria conseguido sem você aqui — ele disse baixinho, me envolvendo em um abraço apertado. O som da torcida ainda ecoava ao longe, e eu sabia que, para ele, aquela vitória era a maior de todas.

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