16 - Charles Leclerc

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"Quero sentir a adrenalina, a emoção do céu

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"Quero sentir a adrenalina, a emoção do céu."

***

Eu estava terminando de ajustar minha máscara de oxigênio quando o diretor do documentário se aproximou, dando-me as instruções finais sobre o plano de filmagem para o treinamento. Hoje seria um dia incomum na minha carreira como piloto de caça: levaríamos um civil a bordo de um Dassault Rafale, e não era qualquer civil. Charles Leclerc, piloto de Fórmula 1, mundialmente conhecido por sua habilidade ao volante, estava prestes a viver uma experiência completamente diferente. Ele havia sido convidado para participar do documentário Supersonique, do CANAL+, e seria meu passageiro durante uma missão de treino da Força Aérea Francesa.

O céu estava incrivelmente azul naquela manhã, o tipo de dia que sempre me faz lembrar o porquê de eu ter escolhido essa carreira. O som dos motores sendo preparados preenchia o hangar, e risadas e conversas de outros pilotos ecoavam ao fundo. Enquanto aguardava a chegada de Charles, um leve formigamento de antecipação começou a se formar em meu estômago. Ele estava acostumado com velocidade, mas eu estava curiosa para ver sua reação quando atingíssemos velocidades que fariam os carros da Fórmula 1 parecerem brinquedos.

Quando Charles apareceu no hangar, vestido com o macacão de voo da Força Aérea, um sorriso discreto cruzou meus lábios. Ele parecia... ansioso. Diferente do piloto confiante que eu já havia visto em tantas corridas.

Ele se aproximou, e nossos olhares se encontraram.

— Pronto para a experiência de sua vida? — perguntei, tentando quebrar o gelo.

Charles soltou uma risada leve.

— Eu diria que estou mais nervoso do que pronto.

— Não se preocupe. Você está em boas mãos — respondi com um sorriso, tentando transmitir segurança.

Enquanto o guiava até o caça, expliquei rapidamente como seria o procedimento de embarque e o que ele poderia esperar durante o voo. Eu não pude deixar de notar os olhares furtivos que ele me lançava enquanto falava. Estava acostumada a lidar com pessoas nervosas, mas havia algo diferente em Charles. Talvez fosse sua fama, ou o fato de que ele parecia... curioso sobre mim, além da experiência de voar.

Assim que nos acomodamos no cockpit, a preparação final começou. O Rafale é um dos caças mais modernos do mundo, capaz de atingir velocidades de até Mach 1.8, quase duas vezes a velocidade do som. Ajustei sua máscara de oxigênio e verifiquei se ele entendia como o assento ejetável funcionava — uma explicação que sempre deixava os civis ainda mais nervosos.

— Nunca pensei que precisaria de um botão de emergência em um veículo — ele comentou, e pude ouvir o sorriso na voz dele, mesmo através do comunicador.

— Bem, você está voando em algo que vai mais rápido do que qualquer coisa que você já pilotou — respondi, pressionando os controles enquanto ligava os motores. O som dos jatos encheu o ar. — Mas prometo que vamos manter os pés — ou melhor, as rodas — no chão pelo maior tempo possível.

Enquanto taxiávamos pela pista, o clima parecia ficar mais leve. Observando Charles pelo canto do olho, percebi sua concentração total. Ele estava imerso em cada movimento da aeronave, seus olhos brilhando de emoção e curiosidade.

— O que você acha até agora? — perguntei, tentando suavizar a tensão crescente antes da decolagem.

— Inacreditável. E nem começamos a voar ainda.

Sorri para mim mesma e ajustei o controle de potência.

— Então se prepare. Aceleração máxima em três, dois, um...

E decolamos.

O Rafale rugiu enquanto nos impulsionava para o céu. A força da aceleração nos pressionou contra os assentos, e eu sabia que Charles estava sentindo a potência da máquina em cada fibra do corpo. Poucos segundos depois, estávamos no ar, deixando o solo para trás em uma fração de segundo. Olhei rapidamente para ele. Seus olhos estavam arregalados, mas havia um sorriso no rosto. Ele estava maravilhado.

Nos próximos minutos, fizemos uma série de manobras para dar a Charles a verdadeira sensação do que era pilotar um caça. Realizamos curvas fechadas e inversões, permitindo que ele sentisse a força G — a pressão que o corpo sofre quando o avião realiza manobras bruscas. No auge de uma manobra, um pequeno tremor inesperado atravessou a aeronave, e senti o corpo de Charles ser empurrado para o assento com força. Ele soltou uma exclamação.

— Você está bem aí atrás? — perguntei, rindo um pouco.

— Estou! Isso é... incrível. Nunca imaginei que algo pudesse ser mais intenso do que uma curva na pista de Mônaco.

— Bem-vindo ao mundo da aviação supersônica.

O tempo passou voando, e quando terminamos o treinamento e estávamos voltando para a base, notei algo diferente em Charles. Ele estava mais relaxado, mas havia algo mais. Enquanto conversávamos sobre o voo, ele parecia mais aberto, seus comentários carregavam uma curiosidade genuína sobre mim e minha experiência.

— Acho que acabei de ganhar um respeito ainda maior por pilotos como você — ele disse quando desligamos os motores após pousar.

— Você foi muito bem para um primeiro voo — respondi, tirando meu capacete e soltando o cabelo, agora levemente bagunçado pelo calor da cabine.

Seus olhos me seguiram de maneira sutil, mas perceptível, enquanto ele também retirava o capacete. Havia uma tensão no ar que não estava presente antes. Algo havia mudado entre nós durante aquele voo. Algo que nenhum documentário conseguiria capturar.

— Cansativo, não é? — comentei, tentando manter a leveza.

Ele sorriu, um sorriso um pouco mais suave, mais pessoal.

— Sim, mas valeu cada segundo.

Descemos juntos do caça, e percebi que as câmeras que estavam por perto agora estavam a uma distância segura, filmando de longe. Parecia que tínhamos um momento só nosso, longe da produção.

— O que você faz depois de algo assim? — ele perguntou enquanto caminhávamos para o hangar.

— Normalmente, eu reviso o voo, faço anotações e, depois... aproveito um bom café.

Charles riu.

— Acho que vou precisar de mais do que um café para me recuperar.

Dei uma risada curta.

— Então talvez devêssemos encontrar algo mais forte.

Ele ergueu uma sobrancelha, um olhar intrigado no rosto.

— Está me chamando para um drink, piloto?

— Talvez eu esteja — respondi, sem quebrar o olhar.

A tensão entre nós estava inegável agora. Eu estava acostumada a homens me admirando pelo que eu fazia, mas com Charles era diferente. Havia uma conexão. Um respeito mútuo que ia além do papel de piloto e passageiro. Enquanto caminhávamos juntos, sentia meu coração acelerar, não apenas pela adrenalina do voo, mas pela possibilidade de algo novo surgindo entre nós.

Nos encontramos depois daquela filmagem, e o que começou como uma troca profissional se transformou em algo mais... pessoal. Charles Leclerc, o piloto que estava acostumado com pistas de corrida, havia descoberto um novo mundo nas alturas — e talvez, apenas talvez, ele tivesse encontrado algo mais nesse voo do que apenas a emoção de pilotar um caça supersônico.

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