"Você deve ser beijada e frequentemente e por alguém que sabe como."
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O paddock em Monza tinha um ar vibrante e pulsante; o som das ferramentas, dos motores sendo testados, das conversas apressadas e das trocas de olhares tensas se misturava em uma atmosfera única, carregada de adrenalina e ambição. Eu estava no meu elemento ali. Como estrategista da Mercedes e filha de Toto Wolff, minha presença era constante e respeitada, mas nunca passei despercebida. Desde muito jovem, me acostumei a ser observada, a seguir as regras – incluindo a mais importante: não me envolver romanticamente com ninguém do paddock.
Esse acordo entre meu pai e eu, feito anos atrás, parecia fácil de cumprir. Afinal, eu tinha foco na carreira e sabia que Toto temia as distrações e complicações que um relacionamento com alguém do meio poderia trazer para ambos. Mas Oscar Piastri, com seu sorriso discreto e determinação calma, começou a romper as barreiras que eu mesma havia levantado para proteger o que construí.
Conhecemo-nos melhor no início da temporada, durante um evento promocional em que nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez. A nova promessa da McLaren era reservado e sério, mas bastou uma conversa despretensiosa sobre o peso de nossas posições para descobrirmos uma sintonia inesperada. Ele falou sobre a pressão que sentia ao ser comparado a grandes nomes da Fórmula 1, e eu compartilhei como meu pai esperava que eu estivesse sempre à altura da fama da Mercedes.
— Às vezes, sinto que todos estão esperando um erro meu — admitiu Oscar, os olhos fixos em mim, buscando empatia.
— Você não está sozinho. A pressão é pesada para todos nós — respondi, um sorriso reconfortante se formando em meu rosto.
A nossa amizade era um segredo bem guardado, marcada por encontros casuais no paddock, trocas de mensagens tarde da noite e risadas abafadas em cantos onde ninguém nos veria. Eu sabia que cruzar a linha da amizade poderia colocar tudo em risco – meu trabalho, meu acordo com meu pai e minha própria confiança no que era certo. Mas havia algo magnético entre nós, um tipo de conexão que desafiava todas as regras.
No fim de semana do GP da Itália, Monza estava ainda mais deslumbrante, lotada de fãs, jornalistas e equipes preparadas para tudo. Concentrei-me ao máximo na estratégia da Mercedes, ciente de que, em algum lugar no circuito, Oscar também estava dando o seu melhor. A corrida estava frenética; o barulho ensurdecedor dos motores, o calor e a energia do público faziam o ar vibrar. Oscar pilotava de forma impecável, focado e preciso. Cada volta completada com perfeição era um triunfo silencioso, e eu me sentia dividida entre torcer por ele e manter meu foco no trabalho.
Finalmente, quando Oscar cruzou a linha de chegada em terceiro, senti um orgulho que não consegui esconder. Ele havia garantido seu primeiro pódio, e a McLaren explodiu em comemoração. Hesitei, mas algo em mim sabia que precisava vê-lo naquele momento. Aproveitei uma brecha e caminhei rapidamente em direção ao box da McLaren, tentando parecer neutra, mas com o coração acelerado.
Ele estava cercado pela equipe, comemorando, mas quando me viu, abriu espaço. O instante em que nos aproximamos foi como se o tempo parasse. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me puxou para um abraço firme e, sem aviso, seus lábios tocaram os meus. Foi um beijo breve, mas carregado de sentimento, que dizia tudo o que não ousamos falar. A sensação era indescritível, mas, assim que nos afastamos, os flashes das câmeras trouxeram a realidade de volta. Engoli em seco, sentindo o peso do que acabara de acontecer.
Na manhã seguinte, meu pai me chamou para uma conversa privada. O escritório estava silencioso, com as cortinas parcialmente fechadas, o que deixava o ambiente ainda mais tenso. Toto estava sério, as mãos cruzadas e os olhos fixos em mim.
— Nós tínhamos um acordo, Sn. — A voz dele era baixa, controlada, mas o olhar de preocupação dizia mais do que qualquer palavra. — Eu sei que você é adulta e que tem suas escolhas, mas aqui, as coisas são diferentes.
Respirei fundo, encarando meu pai e me preparando para explicar algo que nem eu mesma compreendia totalmente.
— Pai, eu nunca quis quebrar o nosso acordo, mas... é diferente com o Oscar. Ele não me distrai; ele me entende, de uma forma que poucas pessoas entendem. Eu não planejei isso.
Ele suspirou e desviou o olhar por um momento, provavelmente lembrando-se de quando ele próprio se apaixonou no meio das tensões do paddock.
— Susie e eu... também tivemos que aprender a equilibrar as coisas — ele disse, num tom mais calmo. — Mas me prometa que vai ser cuidadosa. Sei o quanto é fácil perder o foco nesse mundo.
O alívio misturado com a ansiedade me tomou por completo, e assenti. Ele estava tentando entender, e isso era o suficiente para eu seguir adiante.
A partir daí, Oscar e eu nos tornamos mais discretos, mas isso só parecia intensificar nosso desejo de estar juntos. Em cada corrida, entre estratégias e planejamentos, eu sentia seu olhar atento e sabia que ele me via, mesmo à distância. As mensagens trocadas em segredo, as conversas baixas no final dos treinos, os olhares furtivos – tudo isso se tornava nosso refúgio em meio ao caos.
— Consegue imaginar a nossa vida fora disso? — perguntei a ele uma noite, enquanto estávamos sentados em um canto do paddock, longe dos olhares curiosos.
— Às vezes, sonho com isso. Mas, por enquanto, precisamos ser cuidadosos — respondeu Oscar, seu olhar refletindo a mesma mistura de esperança e preocupação que eu sentia.
A pressão era imensa. Havia dias em que nos cruzávamos sem trocar uma palavra, ambos ocupados com o trabalho e conscientes de que todos os olhares estavam sobre nós. Mas Oscar se tornava meu ponto de equilíbrio, e a cada vitória ou derrota, ele era a primeira pessoa com quem eu queria compartilhar. E, juntos, construímos algo que só nós dois entendíamos: um amor construído em silêncio e força, que sobrevivia em meio às exigências da pista e ao peso de nossas escolhas.
À medida que a temporada avançava, percebi que estava cada vez mais ligada a Oscar, e a ideia de perder aquilo que havíamos construído me aterrorizava. Durante a corrida seguinte, enquanto eu revisava as estratégias, ele me enviou uma mensagem rápida: "Não esqueça de olhar para o céu durante a corrida. Eu estarei lá."
Aquela simples mensagem me lembrou de que, mesmo no meio da pressão e do caos, havia um espaço reservado para nós. Naquele momento, percebi que, independentemente do que acontecesse, não conseguiria mais ignorar o que sentia por ele.
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Imagines Fórmula 1
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