"Não é quem eu sou por dentro, mas o que eu faço que me define."
***
Eu sempre soube que ele tinha algo especial. Desde o primeiro dia que vi o Felipe ao volante, havia uma confiança silenciosa em seus olhos. Não era a confiança de quem se acha o melhor, mas a confiança de quem conhece o seu potencial e não precisa gritar isso para o mundo. Hoje, nesse circuito desafiador de Paul Ricard, era o momento de ele mostrar ao mundo do que é capaz.
Acordei cedo, como sempre fazia nas manhãs de corrida. O céu ainda estava meio cinza, e a brisa fria cortava a pele, mas eu estava radiante. Era um dia especial. O Grande Prêmio da França, uma das corridas mais emblemáticas do calendário da Fórmula 1. E lá estava ele, Felipe Drugovich, o piloto brasileiro que, após anos de luta, finalmente tinha a chance de brilhar. Ele nunca foi de se exaltar. Era o tipo de pessoa que lidava com a pressão de forma silenciosa, mas sua determinação falava mais alto que qualquer palavra. Ele sempre dizia que o sonho dele não era ser campeão – era fazer história. E, ao que tudo indicava, o dia de começar essa história tinha chegado.
Acordei e vesti a camiseta da seleção brasileira. Não tinha muito o que escolher. Ele sempre dizia que eu ficava mais bonita quando usava as cores da bandeira. Como se aquilo fosse uma espécie de homenagem à sua pátria, e ao nosso amor. Senti meu coração disparar ao pensar na corrida que estava por vir. Em breve, ele estaria atrás do volante, encarando os desafios de um dos circuitos mais difíceis do mundo. Estávamos no fim de semana da sua estreia real na Fórmula 1, e, apesar de jovem e inexperiente, Felipe tinha algo que os outros pilotos não tinham: a habilidade de adaptação. Ele tinha uma capacidade única de ler as condições da pista, ajustar-se às situações e, principalmente, acreditar em si mesmo. E, por mais que o mundo duvidasse, eu sempre acreditei nele. Mesmo quando ele pensava que o caminho era árduo, eu sabia que ele tinha tudo o que era necessário para alcançar seus sonhos.
O paddock estava movimentado. Mecânicos, engenheiros, jornalistas, mas tudo o que eu conseguia ver era Felipe. Ele estava concentrado, mas não parecia tenso. Eu sabia que ele estava se preparando para a batalha que viria, mas a aura de calma dele era quase surreal. Às vezes, eu o observava e pensava que, se o mundo tivesse visto o que eu via, saberiam que ele estava ali para ser grande.
Antes de ele entrar no carro, me aproximei dele. O calor do momento estava crescendo. As luzes vermelhas do pit estavam piscando, e o som do motor das outras equipes começava a encher o ar. Felipe virou-se para mim, e seus olhos, geralmente tão introspectivos, brilharam com algo que eu só poderia chamar de fé. Fé em si mesmo, fé no trabalho árduo, fé no apoio que sempre teve. Ele me segurou pela mão, me olhou nos olhos e disse com uma leveza que, para mim, era quase como um pacto:
— Vai dar certo.
Eu sabia o que ele queria dizer. Não era apenas sobre a corrida que estava por vir. Era sobre a sua jornada. E eu acreditava em cada palavra.A corrida começou como um turbilhão. Felipe largou em uma posição sólida, mas o traçado de Paul Ricard é traiçoeiro. As curvas são rápidas, e os pontos de ultrapassagem exigem não só habilidade, mas também coragem. Mas Felipe não estava ali para se esconder. Ele logo começou a atacar, se posicionando melhor a cada volta. Ele não era o mais experiente, mas seu ritmo era inquestionável. A cada curva, ele se mostrava mais confiante, mais forte. Eu sabia que, por mais que ele tentasse não mostrar, havia uma pressão para provar que ele merecia estar ali.
A chuva começou a cair de forma intermitente, tornando a pista ainda mais traiçoeira. As gotas que batiam no capacete de Felipe, que refletiam as luzes do circuito, pareciam um reflexo da batalha interna que ele travava. Eu vi a força da sua determinação na forma como ele ajustava o carro, fazendo os movimentos certos quando todos os outros estavam se desestabilizando. Felipe não era só bom sob pressão – ele era excelente.
Com a pista escorregadia, a capacidade de adaptação de Felipe brilhou. Ele ultrapassou pilotos mais experientes com uma precisão que fazia até os veteranos olhar para ele com respeito. Eu o via no visor, sua postura tranquila no cockpit, o controle absoluto. Para quem estava vendo de fora, ele era mais um novato. Mas para mim, ele era um campeão desde o momento em que começou sua jornada. Ele não era só um bom piloto. Ele era alguém que entendia que os grandes momentos não eram feitos apenas de vitórias, mas da maneira como se lida com as adversidades.
A cada ultrapassagem, meu coração batia mais forte. A torcida brasileira, mesmo distante, estava aplaudindo e vibrou a cada avanço dele. A chuva aumentava, e eu sentia a tensão crescendo, mas algo em Felipe parecia imune a tudo aquilo. Ele se movia com precisão, aproveitando as falhas dos outros, mas também cuidando para que o carro não perdesse a aderência.
Quando a última volta se aproximava, eu sabia que ele estava perto de conquistar algo que não era apenas uma vitória pessoal, mas uma grande realização. Felipe tinha o que os campeões têm: a capacidade de mostrar ao mundo que, quando o sonho é grande, não importa o quão difícil o caminho seja, você vai chegar lá. A última curva parecia ser uma luta contra o tempo, contra os outros, contra a própria pista. Mas ele estava lá, firme, rápido, com a estratégia perfeita.
E então, ele cruzou a linha de chegada.
O mundo parecia se acalmar em um segundo. O som do motor desapareceu, e eu me vi ali, olhando para ele. A mistura de alívio, alegria e uma satisfação profunda estampada no seu rosto. Ele sabia que aquele não era apenas o fim de uma corrida. Era o começo de sua jornada.
Eu corri até ele, sem me importar com as câmeras ou com as pessoas ao redor. Eu queria estar ali, ao lado dele, naquele momento em que ele mais precisava. Ele desceu do carro, ainda ofegante, e me abraçou com uma força que era quase como se ele estivesse dizendo: "Eu consegui. Nós conseguimos."
O cheiro de borracha queimada e gasolina ainda estava no ar, mas nada importava naquele momento. Ele olhou para mim e, com um sorriso no rosto, disse, já com a voz embargada:
— Eu sabia que tudo isso era possível porque você sempre acreditou em mim, mesmo quando parecia difícil.
Eu não disse nada. Não precisei. O olhar que trocamos naquele momento dizia tudo. Ele estava dizendo que essa vitória não era só dele. Era nossa. E, mais importante, eu sabia que essa vitória era só o começo. Não só para ele, mas para nós dois. A jornada dele na Fórmula 1 estava apenas começando, mas, no fundo, eu sabia que o que realmente importava era que, ao lado dele, meus próprios sonhos também estavam sendo realizados.Felipe Drugovich conquistou sua primeira vitória na Fórmula 1, mas para mim, aquele momento era mais que isso. Era a celebração de um amor que resistiu a todas as dificuldades, de uma crença inabalável em alguém que nunca duvidou de sua capacidade, e, acima de tudo, de uma jornada de superação que acabara de começar.
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Imagines Fórmula 1
Fiksi PenggemarJá imaginou fazer parte do eletrizante universo da Fórmula 1, vivendo momentos intensos ao lado dos maiores pilotos do mundo? Neste livro, você terá a chance de mergulhar em histórias únicas e inesquecíveis, onde cada página o leva para os bastidore...