In Memoriam
"O que fazemos em vida ressoa pela eternidade."
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O clima em Interlagos naquele final de semana era denso, carregado de uma expectativa palpável. As nuvens escuras no céu pareciam pressagiar algo grande. Era domingo, dia do Grande Prêmio de 2024, e a chuva já começava a cair, mas a torcida estava em êxtase. Não era apenas mais uma corrida, mas um tributo ao maior campeão da história da Fórmula 1: Ayrton Senna.
Ayrton, aposentado desde 2006, quando conquistou seu nono campeonato mundial, estava de volta àquele autódromo que o consagrou. Nove títulos mundiais, uma carreira que transcendeu as barreiras do esporte e o transformou em um ícone global. Interlagos, para ele, sempre teve um significado especial — foi lá que ele conquistou muitas de suas vitórias mais memoráveis, foi lá onde ele se consagrou definitivamente.
Eu estava ao seu lado, como sempre estive, mas havia algo no ar naquele dia que tornava tudo diferente. Era como se o próprio espírito de Ayrton estivesse ainda mais presente, quase como se ele estivesse sentindo o peso do legado de uma forma mais intensa, mais viva. Meus olhos se voltaram para ele, e vi aquele brilho nos seus olhos, uma mistura de nostalgia e emoção. Apesar de todo o seu sucesso, a simples lembrança de Interlagos sempre o emocionava. E, desta vez, ele estava acompanhando não só as homenagens, mas também o início de um novo capítulo — um capítulo em que seu filho, Guilherme, estava se tornando cada vez mais presente no automobilismo, especialmente agora, pilotando pela Ferrari.
Nosso filho estava no auge da carreira, e, no GP de 2024, ele enfrentava não apenas o desafio da corrida, mas o peso de seu nome. Guilherme sabia que aquela pista era mais do que um circuito qualquer. Interlagos não era só onde seu pai havia feito história, mas era a pista onde ele agora teria a chance de seguir com a história da família Senna.
A cerimônia de domingo estava cheia de surpresas. Uma das mais esperadas, sem dúvida, era a volta de homenagem com o McLaren MP4/4 — o carro com o qual Ayrton Senna conquistou algumas de suas vitórias mais emblemáticas, incluindo o primeiro título mundial, em 1988. A notícia de que o piloto escolhido para essa volta não seria outro senão Guilherme Senna, seu filho, pegou a todos de surpresa. O locutor anunciou que ele, vestindo o capacete de Ayrton, faria a volta com o carro lendário.
Eu sabia o que isso significava para Ayrton. Ele sempre soubera que Guilherme tinha o dom do automobilismo, mas ver seu filho no carro de sua própria história, naquela pista tão simbólica, era algo que ele nunca imaginaria. Ver o futuro da Fórmula 1 carregando o legado de um dos maiores campeões da história foi um misto de orgulho e emoção, e, sem dúvida, algo que nenhum de nós jamais esqueceria.
O público estava em êxtase, e a chuva não parecia diminuir a energia das pessoas que lotavam as arquibancadas. Quando o motor do McLaren foi ligado, uma onda de nostalgia varreu Interlagos. O som do carro ecoava como um grito do passado, mas, ao mesmo tempo, mostrava que o futuro também estava ali, começando a escrever sua própria história. Ayrton estava na linha de frente, observando seu filho a poucos metros de distância. Eu vi seu olhar fixo no McLaren, seu corpo tenso, quase como se estivesse revivendo cada segundo de sua própria trajetória.
A chuva aumentava, mas ninguém se importava. O McLaren MP4/4 deslizava pela pista, com Guilherme pilotando com a mesma precisão e graça que sempre admiramos em Ayrton. O público vibrava, aplaudia, e eu não conseguia desviar os olhos de Ayrton, que estava visivelmente emocionado. Ele estava presenciando o que, para ele, era a culminação de tudo o que havia conquistado — a continuidade de sua história, agora nas mãos de seu filho.
Guilherme pilotava o McLaren como se estivesse imbuído do espírito de Ayrton, cada movimento fluido e preciso. Era como se o carro tivesse vida própria, e a chuva, que poderia ser um empecilho para muitos, parecia só adicionar à mística do momento. A pista molhada, as gotas caindo sobre o vidro do capacete de Guilherme, criavam uma atmosfera única. Eu sabia que aquele momento seria eternizado na memória de todos que estavam ali.
Quando Guilherme cruzou a linha de chegada, as palmas e os gritos de júbilo eram ensurdecedores. Interlagos estava em chamas, não pela força do sol, mas pela paixão que só um momento histórico como aquele poderia despertar. Eu não conseguia controlar a emoção. O filho de Ayrton Senna estava agora naquele carro, pilotando com o mesmo estilo e coragem que seu pai sempre exibiu. O espírito de Ayrton parecia viver ali, no presente, em seu filho.
Ayrton me olhou, e não disse uma palavra. Seu sorriso era tranquilo, mas os olhos brilhavam com algo mais — um orgulho imensurável. Ele não precisava de mais nada. O futuro estava em boas mãos, e o legado da família Senna continuaria a brilhar.
Após a volta de homenagem, o ambiente de Interlagos mudou. Todos sabiam que o que haviam testemunhado era mais do que uma simples homenagem; era a prova de que a história de Ayrton Senna não terminava ali. O legado estava sendo passado, renovado, revigorado por Guilherme, que agora começava a escrever sua própria história na Fórmula 1.
O GP de 2024 seria lembrado para sempre. Não pela vitória de um piloto específico, mas pela vitória do legado, da família, do simbolismo de Interlagos, e pela continuidade daquilo que Ayrton Senna representava para o Brasil e para o mundo. O momento da volta com o McLaren MP4/4 foi apenas o início de uma nova era.
No final da corrida, enquanto o grid se dispersava e os carros retornavam aos boxes, eu estava com Ayrton, olhando para a pista, agora vazia. A chuva finalmente começara a dar uma trégua.
— Você viu? Ele pilotou como eu sempre imaginei que faria. — A voz dele estava suave, mas havia uma satisfação clara em cada palavra.
— Sim, ele fez história. E você também, Ayrton. O que aconteceu hoje... Isso vai ficar para sempre.
Ele respirou fundo, olhando para onde o McLaren MP4/4 havia passado. — Sim... a história continua.
E, naquele momento, percebi o que ele queria dizer. A história de Ayrton Senna nunca teria fim. O que ele construiu não estava apenas em seus campeonatos ou em suas vitórias, mas nas sementes que ele plantou no coração de todos que o acompanharam. Agora, essas sementes estavam crescendo novamente, em Guilherme, e todos nós poderíamos sentir isso. Não havia palavras para expressar o orgulho que sentíamos. O espírito de Ayrton estava ali, com a família Senna, com o Brasil, e com todos os fãs ao redor do mundo.
O legado de Ayrton Senna não estava apenas em sua memória. Estava nas ações de Guilherme, na trajetória da próxima geração de pilotos, e em todos nós que, com os corações cheios de emoção, testemunhávamos a continuidade de um império que jamais se apagaria.
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Talvez vocês já estejam cansados de ler meus imagines sobre o GP de Interlagos , mas foi tão épico que eu simplesmente não consigo parar . As ideias surgem e eu preciso escrever . Espero que vocês não se cansem e que se emocionem tanto quanto eu .
P.S.: Esse, em especial, mexeu com o meu coração ❤️
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Imagines Fórmula 1
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