18 - Toto Wolff

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"Às vezes, você precisa se perder para encontrar aquele que realmente precisa

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"Às vezes, você precisa se perder para encontrar aquele que realmente precisa."

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A energia do paddock estava elétrica. Em Mônaco, as coisas sempre pareciam mais intensas, como se o peso da competição fosse ainda mais pesado dentro das vielas estreitas, dos yachts de luxo ancorados e dos olhares atentos de todos ao redor. O Grand Prix de Mônaco não era só uma corrida; era um teste de nervos, e cada um dos chefes de equipe sabia disso. Mas naquele dia, a tensão entre Toto Wolff e eu, Sn, chefe da Red Bull, era quase palpável.

O aroma de combustível misturava-se com o cheiro de mar que vinha dos iates ancorados. As vozes animadas dos mecânicos e os gritos dos fãs formavam uma sinfonia caótica, enquanto os motores roncavam como monstros prontos para a batalha. O sol brilhava intensamente, refletindo nos carros de corrida como se cada um deles estivesse ansioso para se destacar na pista. Na reunião entre os chefes, todos os olhos pareciam atentos aos nossos pequenos embates. Toto estava do outro lado da mesa, seu olhar cravado em mim, como se pudesse me desarmar com uma única palavra. Eu sabia que ele tinha cartas escondidas; Toto sempre tinha. E com uma confiança irritantemente tranquila, ele soltava insinuações como quem jogava migalhas para os outros.

A conversa estava técnica, sobre ajustes de carros e estratégias de corrida, mas bastava ele abrir a boca para que seus comentários parecessem dirigidos exclusivamente a mim. Ele sempre soube como insinuar que a Red Bull e eu tínhamos uma fragilidade oculta que ele era o único capaz de ver.

— Então, Sn — disse ele, com aquela voz profunda que parecia ecoar pela sala. — Esses ajustes de última hora... esperança de ganhar um milésimo a mais? Parece arriscado.

Revirei os olhos, deixando escapar um sorriso irônico. Claro, Toto sempre estava lá para questionar cada decisão, sempre com aquele tom calculado, como se pudesse ver através das estratégias dos outros.

— Toto, não sabia que se importava tanto com nossa performance — repliquei, cruzando os braços e mantendo o olhar fixo no dele. — Talvez devesse se concentrar em manter seus próprios pilotos longe das barreiras... isso, sim, é arriscado.

Vi Andrea Stella, da McLaren, disfarçar um sorriso, enquanto Frédéric Vasseur, da Ferrari, observava atentamente nossa troca de farpas. A tensão estava se acumulando, quase palpável, como um combustível prestes a explodir. Toto me devolveu um sorriso, aquele sorriso irônico que já era familiar, cheio de provocação, como se estivesse me desafiando a continuar.

— Digamos que eu gosto de saber quando um adversário já está acuado — respondeu ele, seu olhar fixo em mim, desafiador.

Aquela palavra ecoou pela sala. "Acuado". Ele realmente achava que poderia me colocar contra a parede com uma provocação? Inclinei-me para frente, encarando-o de perto, sem baixar o tom de voz, mas o suficiente para todos na sala ouvirem.

— Bem, Toto, se é isso que pensa, é melhor revisar suas estratégias. Porque nós, da Red Bull, não recuamos.

Andrea soltou uma risada abafada, e Mike Krack, da Aston Martin, parecia genuinamente surpreso com minha resposta firme. Vi o olhar de Toto endurecer por um segundo, antes de se transformar em um meio sorriso de pura provocação, como se ele tivesse se divertido com a intensidade da minha resposta.

— Vamos ver se essa bravura dura até a bandeira final, não é? — ele respondeu, seu tom arrogante, um toque de sarcasmo, desafiando-me ainda mais.

A reunião se encerrou, e enquanto os outros chefes saíam, continuei na sala, organizando as minhas anotações. Sabia que Toto ainda estava ali, observando. Quando levantei o olhar, lá estava ele, parado, com aquele sorriso de canto, um olhar de quem não pretendia sair tão cedo.

Aproximei-me para sair, mas, ao chegar perto, ele bloqueou a passagem, fingindo estar distraído com seu relógio. Quando ele finalmente ergueu os olhos, aquele sorriso provocador estava lá, fixo em mim.

— Está satisfeita com as provocações de hoje, Sn? — murmurou, num tom baixo que só eu podia ouvir.

— Satisfeita? — O riso escapou dos meus lábios, mais afiado do que eu pretendia. — Talvez eu goste de te ver incomodado, Toto.

Ele deu um passo para frente, diminuindo ainda mais a distância entre nós. Senti minha respiração acelerar, mas não daria o gostinho de demonstrar a ele. O mundo ao nosso redor parecia desvanecer, e a atmosfera estava carregada com algo mais do que rivalidade.

— Incomodado? — Ele repetiu, com um sorriso perigoso nos lábios. — É isso que você acha?

Engoli em seco, mantendo o queixo erguido. Ele estava próximo o suficiente para que eu sentisse o perfume amadeirado que usava, o som da respiração dele, o que tornou a atmosfera ainda mais carregada. Algo naquela proximidade fazia o mundo parecer suspenso, como se tudo ao redor houvesse desaparecido, deixando apenas nós dois.

— Não vai se afastar, vai? — murmurei, cruzando os braços e encarando-o.

— Talvez eu esteja esperando o momento certo — ele respondeu, sua voz rouca, quase sussurrando, mas cheia de uma ameaça velada.

A cada palavra, sentia a tensão aumentar. Ele se inclinou ligeiramente, e quando seus lábios chegaram próximos ao meu ouvido, senti a respiração quente dele causar um arrepio.

— Talvez o que estamos evitando seja justamente o que precisamos — ele murmurou.

Senti o calor subir pelo meu corpo, um misto de raiva e algo que eu não queria admitir. Nossos olhares se encontraram novamente, e naquele momento, não havia mais sarcasmo. Só havia algo cru, primitivo, que parecia estar entre nós há muito tempo, esperando para ser liberado.

Antes que eu pudesse processar, dei um passo para trás, sentindo a intensidade da situação. Ele me observava, um brilho de satisfação em seu olhar.

— E quem disse que eu preciso de algo de você, Toto? — minha voz saiu suave, quase uma confissão.

Ele riu baixinho, um som que me fez estremecer, como se ele soubesse mais do que estava deixando transparecer.

— Ah, eu sei — respondeu, e por um instante, a máscara de rivalidade caiu, dando lugar a algo mais profundo, algo que nós dois estávamos ignorando há muito tempo.

Nossos olhares se fixaram, e naquele breve segundo, o paddock, as equipes, e todas as pressões sumiram. Só restava o desejo acumulado que não queríamos admitir, mas que se tornava impossível de ignorar.

Quando nossos lábios finalmente se encontraram, foi como se uma faísca se incendiasse. Tudo o que tínhamos reprimido – a tensão, o desafio, o desejo – explodiu. Eu podia sentir o gosto de vitória em sua boca, como se essa fosse a batalha final, onde não havia perdedores. No meio do paddock, onde todos acreditavam que éramos apenas adversários, finalmente revelávamos o que éramos de verdade.

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