21 - Lewis Hamilton (PARTE I)

306 11 0
                                    

N/A: Recomendo lerem ouvindo "It Will Rain" do Bruno Mars

"Sem você, meu mundo seria uma tempestade interminável, e cada dia seria apenas mais uma nuvem cinza cobrindo o sol da minha vida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"Sem você, meu mundo seria uma tempestade interminável, e cada dia seria apenas mais uma nuvem cinza cobrindo o sol da minha vida."

***

A luz fraca e constante do hospital iluminava o quarto onde Lewis estava. Eu ocupava a cadeira ao lado da cama, as mãos entrelaçadas e tremendo ligeiramente. Ele parecia tão sereno, mas essa tranquilidade era uma ilusão cruel. Seus olhos permaneciam fechados, o rosto pálido refletia o quão frágil ele estava, e o som das máquinas preenchia o espaço como uma lembrança incessante de que ele ainda estava aqui — porém, tão longe de mim.

O acidente parecia um pesadelo do qual eu não conseguia acordar. Era uma corrida como qualquer outra, cheia de tensão e expectativa. Lembro-me do barulho dos motores, da vibração no ar enquanto ele acelerava, determinado a vencer mais uma vez. Mas tudo mudou em um instante. O carro perdeu o controle, deslizou na pista e bateu com força. O som do impacto ecoou como um trovão ensurdecedor, seguido pelo silêncio absoluto do pânico coletivo.

A visão do carro destruído e a ausência de movimento fizeram meu coração parar. Lutei para me aproximar, ignorando os seguranças e a confusão ao meu redor. Vi as sirenes piscando enquanto a equipe médica o levava às pressas para o hospital. Não lembro como cheguei lá, apenas a sensação esmagadora de incerteza e medo.

No hospital, a atmosfera era densa, quase sufocante. Médicos falavam em voz baixa, usando palavras técnicas que só pioravam meu desespero: "lesões graves", "coma induzido", "não sabemos a extensão dos danos". As palavras deles pareciam ecoar dentro de mim, deixando claro o quão delicada era a situação.

Agora, dias haviam se passado. Sentada ali, ao lado dele, minha única companhia era o som constante do monitor cardíaco. Sua mão estava fria entre as minhas, e o vazio parecia crescer a cada segundo.
— Por que isso aconteceu com você? — sussurrei, minha voz fraca, quase quebrando. — Volta para mim, Lewis. Eu preciso de você.

As horas no hospital se arrastavam, cada segundo parecia mais lento que o anterior. Às vezes, eu tentava distraí-lo — ou talvez a mim mesma —, relembrando momentos felizes. Falei sobre a corrida que ele vencera meses atrás, sobre o sorriso radiante que ele tinha ao cruzar a linha de chegada. Contei sobre os planos para a nova coleção de roupas que ele tanto amava criar. Mas as palavras pareciam desaparecer no ar, incapazes de atravessar o abismo que nos separava.

Noites eram piores. O hospital ficava silencioso, e minha mente vagava para lugares escuros. Lembrei-me de noites que passamos juntos, deitados sob as estrelas, falando sobre nossos sonhos. Era insuportável pensar que essas memórias poderiam ser tudo o que restasse.
— Eu sempre acreditei em você, Lewis. Sempre. — As lágrimas escorriam sem controle. — Por favor, lute. Eu não sei como viver sem você.

Uma tarde, a chuva começou a bater contra a janela do quarto. Fiquei olhando para as gotas escorrendo pelo vidro, como se refletissem minha própria dor. A vida fora daquele quarto continuava, mas, para mim, o mundo tinha parado.
— Se você me deixar, acho que nunca mais vai parar de chover — murmurei, minha voz quebrada. — Porque você é o meu sol.

Os médicos evitavam dizer diretamente, mas eu via em seus olhares a gravidade da situação. Uma enfermeira sugeriu que eu fosse para casa descansar, mas como eu poderia? Cada minuto longe dele parecia um abandono. Cada noite em claro ao lado de sua cama era minha maneira de lutar, de estar presente, mesmo que ele não pudesse me sentir.

— Eu sei que você é forte. Sempre foi — sussurrei certa vez, segurando sua mão com firmeza. — Por favor, volte para mim. Por nós.

Os dias se transformaram em semanas, e a rotina do hospital passou a ser minha realidade. Vi outros pacientes indo e vindo, familiares chorando, enquanto eu permanecia presa em um ciclo de esperança e desespero. Em algumas noites, sentia a presença dele, como se ele estivesse me ouvindo de algum lugar distante. Em outras, parecia que ele estava se afastando mais e mais, e isso me aterrorizava.

A cada novo dia, o peso da incerteza era maior. As memórias de nosso tempo juntos eram minha âncora, mas também minha ruína. Lembrei-me do jeito como ele ria, das promessas que fizemos e dos planos que construímos juntos. Tudo parecia tão frágil agora, como um castelo de areia à beira do mar.

Então, numa noite particularmente silenciosa, observei o rosto dele com atenção. Havia algo diferente — uma suavidade, quase como se ele estivesse sonhando.
— Lewis, você consegue me ouvir? — perguntei, minha voz carregada de emoção. — Se puder, lute. Eu estarei aqui, sempre.

As semanas passaram como um borrão, mas eu me recusava a desistir. Porque, mesmo na escuridão, mesmo quando a esperança parecia frágil, eu acreditava nele. E, acima de tudo, eu acreditava em nós.

***

Continua...

Imagines Fórmula 1Onde histórias criam vida. Descubra agora