03 - Ayrton Senna

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In Memoriam

"Você ainda se lembraria de meu nome, se eu o visse no céu?"

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"Você ainda se lembraria de meu nome, se eu o visse no céu?"

***

O ar estava pesado, denso de uma maneira que eu não conseguia entender. Algo estava diferente naquela manhã em Ímola, e eu não sabia explicar o que era. Enquanto Ayrton se preparava para a corrida, o silêncio nos boxes parecia mais profundo, mais carregado do que o habitual. Eu tentei afastar aquele sentimento, mas ele persistia, como uma sombra que se recusava a ir embora.

Olhei para ele de longe, observando cada detalhe do seu rosto enquanto ele colocava o capacete. A luz do sol dançava em seus cabelos, criando um brilho dourado que parecia capturar a essência de sua determinação. Ele sempre teve esse jeito especial de se mover, como se o mundo ao seu redor desaparecesse quando estava prestes a competir. O som distante dos motores ecoava pelo circuito, uma sinfonia de velocidade e adrenalina que vibrava no ar. Cada rugido de motor ressoava dentro de mim, fazendo meu coração bater mais rápido.

Enquanto ele ajustava o capacete, um misto de orgulho e ansiedade se apoderou de mim. Lembrei da primeira vez que assisti a uma corrida sua; a emoção de vê-lo cruzar a linha de chegada em primeiro lugar, o sentimento de que, apesar de tudo, ele sempre parecia indestrutível. Mas naquele dia, havia algo diferente. O silêncio que envolvia os boxes era profundo, como se o próprio tempo estivesse hesitando, prendendo a respiração junto comigo.

Eu queria correr até ele, abraçá-lo e sussurrar que tudo ficaria bem, mas uma estranha inquietação me impedia. Olhei para o sorriso de confiança em seu rosto, o mesmo que sempre me deu coragem, e tentei encontrar segurança nele. Contudo, sob a superfície daquele sorriso, percebi uma fragilidade, uma sombra que não conseguia explicar. Era como se ele estivesse carregando um peso invisível, algo que eu não conseguia tocar, mas que sentia pulsando entre nós.

— Ayrton, você está bem? — perguntei, me aproximando, a voz baixa, quase com medo da resposta, como se as palavras pudessem quebrar a magia daquele momento.

Ele se virou para mim, os olhos brilhando através do visor do capacete. Ele sorriu, aquele sorriso que fazia meu coração disparar, mas, dessa vez, havia um brilho diferente em seu olhar, algo que parecia dizer que ele sabia mais do que estava disposto a compartilhar. Um calafrio percorreu minha espinha, e eu me perguntei se ele também sentia aquele pressentimento. O ar estava carregado de tensão, um prenúncio de algo que estava por vir.

— Sempre estou, meu amor. Não se preocupe. — Ele disse, colocando a mão na minha, apertando levemente. Mas seu olhar fugia do meu, como se ele estivesse lutando contra um destino que ele não podia evitar.

— Promete que volta pra mim? — Minha voz soou mais como uma súplica do que eu pretendia, e a vulnerabilidade em minhas palavras ecoou em nosso pequeno mundo.

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