A Outra Malfoy - Harry Potter

49. Magia Inevitável

Estou na biblioteca, com os livros abertos à minha frente, tentando absorver cada detalhe dos feitiços que temos que dominar para as próximas provas. O silêncio da biblioteca é confortável, me permite focar. Eu releio pela terceira vez o feitiço de Estupefação, tentando relembrar as palavras que Potter me disse durante o treino da Armada. Mas o pensamento é interrompido quando Theodore Nott retorna, trazendo uma xícara de café fumegante e uma pequena torta com um aroma adocicado. Ele disse que me acompanharia no estudo da biblioteca.

— Sua favorita — ele diz, colocando o prato de framboesa na mesa.

Levanto os olhos e o encaro, questionando.

— Prefiro torta de limão.

Ele ergue as sobrancelhas e dá um leve sorriso, como se o meu gosto pessoal fosse uma questão irrelevante. Mas ao invés de rebater, Nott apenas empurra a xícara de café na minha direção.

— Essa tem um toque de canela. Achei que fosse gostar.

Levanto uma das sobrancelhas em estranheza. Talvez esteja tentando ser gentil, ou então quer a minha aprovação por conta dessa "amizade forçada". Decido aceitar. Um gole só, nada mais. O sabor do café é forte, com um toque suave e quente da canela. Sinto o gosto percorrendo minha garganta, e, por um instante, um sabor sutil e doce aparece no fundo da xícara, como se fosse uma explosão de sabores.

Engulo, sentindo o calor se espalhar. Um arrepio me percorre e meus olhos encontram os de Nott, que continua me observando com uma intensidade desconfortável. Tento me concentrar nos livros, mas algo dentro de mim começa a mudar. Meu peito acelera, meu rosto esquenta, e sinto um impulso inexplicável de olhá-lo novamente, de observar cada detalhe do seu rosto, do contorno das suas feições.

Theodore Nott.

Nunca reparei o quanto ele é... intrigante. O queixo anguloso, os olhos profundos, aquela postura que sempre considerei um pouco arrogante agora parece charmosa, quase fascinante. Um sorriso nasce nos meus lábios, espontâneo, enquanto olho para ele.

— O que foi? — ele pergunta, arqueando a sobrancelha, claramente surpreso com o meu olhar.

— Nada... — começo, mas me interrompo, as palavras brotando de mim quase sem controle — Só estava pensando em como você... é incrível, Nott.

Meu próprio comentário me surpreende, mas não consigo evitar. Algo em mim me empurra a falar, a dizer o que realmente sinto. É como se, de repente, todos os meus sentimentos reprimidos por ele estivessem explodindo, e eu... gosto disso.

Ele sorri, e é um sorriso presunçoso. Parece satisfeito.

— Engraçado... Nunca imaginei que diria isso, Diana — comenta, baixando o olhar para o livro, mas seus olhos continuam a se desviar para mim.

Quero me aproximar. Meu corpo todo parece magnetizado pela presença dele. Me inclino, os dedos deslizando distraidamente pelas páginas dos livros entre nós, só para sentir que estamos conectados.

— Theodore, você... já se deu conta de como eu gosto de estudar com você? É como se... você me inspirasse. — As palavras me escapam, parecendo absurdas na minha mente, mas ditas como se fossem a coisa mais natural do mundo.

Ele parece quase risonho, mas mantém a compostura. Sinto uma mão leve dele sobre a minha, e a conexão é instantânea, quase eletrizante. Meu coração dispara, e tenho uma vontade inexplicável de me perder nesse toque.

— Também gosto, Diana — responde ele, em um tom quase suave, porém com um brilho de diversão nos olhos — Nossos pais... Eles gostariam dessa nossa proximidade, eu imagino.