42. Ministério da Magia

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O verão havia se instalado, quente e sufocante, mas a calma que o calor deveria trazer estava longe de alcançar a realidade. O mundo bruxo vivia um estado de tensão invisível, onde a negação e o medo conviviam em silêncio. Voldemort estava de volta, mesmo que o Ministério se recusasse a admitir. E, enquanto todos fingiam que nada havia mudado, eu sabia que, na verdade, tudo estava prestes a desmoronar.

Desde que saí de Hogwarts, não recebi nenhuma notícia direta sobre o que estava acontecendo além dos rumores que circulavam em casa e os jornais que os elfos recebiam. Os dias na mansão Malfoy eram longos e sufocantes, e meus pais falavam cada vez menos comigo. Depois de tudo o que tinha acontecido com Cedric, e do envolvimento de meu pai com os Comensais, era como se minha presença rebelde fosse um lembrete incômodo do que eles preferiam esquecer.

Draco também estava um pouco deprimido, era estranho vê-lo quieto. Quero dizer, eu passo tempo demais quieta refletindo em meus pensamentos, enquanto Draco é quem fala e deixa sua opinião bem clara. Agora nós dois ficamos quietos, principalmente durante as refeições, que éramos obrigados a conviver com a presença um do outro.

Estava deitada no meu quarto, encarando o teto enquanto a luz fraca da tarde se infiltrava pelas cortinas. As cartas de Bárbara e Tory estavam jogadas ao meu lado, sem respostas. Eu havia me distanciado de quase todos desde que saí de Hogwarts, principalmente os gêmeos, tentando processar tudo, mas a verdade era que me sentia mais sozinha do que nunca.

De repente ouvi vozes vindo no andar de baixo. No início, achei que era meu pai, sempre envolvido em reuniões secretas, mas o tom urgente das conversas me chamou a atenção. Levantei-me, vestindo meu robe, e desci as escadas, o coração batendo mais forte do que eu gostaria de admitir. Quando me aproximei do salão, pude ver de relance as figuras que estavam lá dentro. Três homens de rostos duros e vestes escuras conversavam com meu pai em tons baixos. Eram Comensais da Morte. Reconheci dois deles de encontros anteriores: Yaxley e Dolohov. O terceiro era mais jovem, mas trazia o mesmo ar sombrio que os outros. Meu pai me notou no corredor e, com um gesto discreto, me chamou para entrar. A tensão no ar era quase palpável

— Diana, venha aqui — ele ordenou, sua voz firme.

Avancei, tentando controlar o nervosismo que crescia dentro de mim. As conversas cessaram assim que entrei, e todos os olhares se voltaram para mim.

— Já soube das últimas notícias? — Yaxley perguntou, a voz grave e fria. — As coisas estão acontecendo rápido. Lorde das Trevas está reunindo força. Precisamos garantir que todos estejam prontos.

Olhei para meu pai, que permaneceu em silêncio, os olhos fixos em mim. O significado da visita era claro. Eles estavam aqui para pressionar. A lealdade à causa dos Comensais nunca foi uma questão para meu pai, mas, para mim, a escolha não era tão simples.

— Eles estão prontos — meu pai disse, se referindo aos dois jovens filhos — Sabem qual o dever deles.

Yaxley me avaliou por um momento, como se tentasse medir minha lealdade. Mantive a expressão neutra, embora por dentro estivesse um caos.

— Espero que sim — ele disse, finalmente — Não podemos nos dar ao luxo de incertezas agora. A batalha está se aproximando, e Lorde das Trevas não tem paciência para fraqueza.

As palavras dele me atingiram como um soco. Minha mente começou a correr, tentando processar o que isso significava para mim, para a minha família. Meu pai não parecia preocupado, mas, por dentro, eu sabia que ele estava contando com a minha obediência.

— Não haverá fraqueza alguma — Draco entrou na sala de repente, a voz carregada de confiança. Ele se aproximou, parando ao meu lado — Sabemos o que está em jogo.

A Outra Malfoy - Harry PotterWhere stories live. Discover now