Capítulo 30

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Hermione

Só podia ser Anthony Dolohov.

A lembrança do confronto entre eles no Departamento de Mistérios volta à tona, com a picada da maldição dele ainda persistindo em sua mente. Naquela época, os Comensais da Morte pareciam quase monstros míticos, assustadores e maiores do que eles.

Mas agora ela sabe melhor. Dolohov não é nada mais do que um homem vil.

O olhar dele se fixa nela, causando-lhe arrepios na espinha, não por medo, mas por puro nojo.

"Hermione Granger", ele zomba, seus olhos percorrendo a forma dela com um sorriso doentio. "Que coisa bonita a garota dourada cresceu e se tornou."

Antes que Hermione pudesse processar suas palavras, Draco soltou um rosnado estrondoso, sua fúria reverberando através do vínculo que compartilhavam. A atenção de Dolohov se volta para Draco, de costas para Hermione, enquanto o estuda.

"Não me diga que você se apaixonou pela vadiazinha do Potter, Draco... A risada de Dolohov ecoa pelo armazém, sua diversão causando uma dor oca nas entranhas de Hermione. "Que divertido."

Hermione lança um olhar para Draco, notando a tensão enrolada em seus músculos como uma mola pronta para estourar.

"Seu pai ficaria desapontado."

"Não mais do que ele me decepcionou", Draco rebateu, com as palavras carregadas de ressentimento venenoso.

"Ah, estamos bravos com o papai, não é?" A voz de Dolohov está cheia de alegria maliciosa. "É por isso que você está transando com uma vaca de sangue-ruim?"

O termo depreciativo atinge Hermione como um golpe físico, acendendo um fogo de indignação dentro dela. Ela encolhe os ombros, observando as costas de Dolohov com os olhos estreitados.

Mas é Draco quem mais sofre com a provocação. A clara faísca de raiva assassina é visível em seus olhos enquanto Hermione o observa atacar violentamente Dolohov.

Seu pulso se acelera e seus sentidos se aguçam, o ar fica denso com a tensão e o cheiro acre da magia. A varinha de Draco está segurando firmemente em sua mão, com gavinhas cinzentas de magia se formando bem na ponta, prontas para liberar sua ira sobre o mago mais velho.

Mas Dolohov não joga limpo.

Hermione ofega quando o ataque dele se dirige a ela, um raio de luz ardente apontado diretamente para o seu peito. Ela se debate em uma tentativa desesperada de se libertar e se esquivar do feitiço que se aproxima, mas o homem que a segura permanece imóvel, apertando-a com uma força contundente.

Com um suspiro resignado, ela fecha os olhos, preparando-se para o impacto inevitável do feitiço.

A dor vem.

Mas é como se estivesse... amortecido. Filtrado de alguma forma.

A confusão nublou sua mente quando ela abriu os olhos, apenas para ver Draco se ajoelhando bem na sua frente.

"Draco!", ela grita, com o pânico tomando conta de seu coração.

Não é a dor dela que ela está sentindo. É a dele.

Suas mãos tremem involuntariamente, com vontade de estender a mão. Ela quase pode sentir o gosto da dor que o está percorrendo, um sabor amargo que permanece em sua língua. Gotas de suor se formam em sua testa e seu peito se aperta, restringindo sua respiração, como se espelhasse a agonia que percorre o vínculo entre eles.

Enquanto ele não emite nenhum som, ela cerra os dentes, forçando-se a não gritar, temendo saber que isso é apenas um pequeno vislumbre do que ele está sentindo.

Luna Vinculum | TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora