Capítulo 35

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Notes:

TW: Menção de estupro.
TW: Ansiedade.
TW: Angústia

Harry

Harry Potter está sentado em uma poltrona de pelúcia perto da janela, olhando fixamente para a paisagem sombria do lado de fora da mansão dos Malfoy. A chuva respinga contra a vidraça, um cenário adequado para seus pensamentos melancólicos. Ele se sente à deriva, sem propósito nesse estranho mundo pós-Voldemort.

Merlin, Harry. É como se você perdesse a porra da cara de cobra, ele se adverte.

Uma batida na porta tira Harry de seu estado de reflexão. Ele olha para ela, hesitando antes de dizer: "Entre".

A porta se abre e Theodore Nott entra, seus olhos afiados imediatamente se fixam na expressão certamente sombria de Harry. "Está se escondendo, Potter?"

Harry dá um sorriso fraco. "Só estou... pensando."

Theo fecha a porta atrás de si e caminha, seus passos são suaves no carpete grosso. Harry não pode deixar de notar como Theo é bonito - para um homem. Seus traços marcantes, a maneira confiante como ele se comporta e aqueles olhos esmeralda penetrantes. É uma constatação confusa.

"Você tem pensado muito ultimamente. O que está acontecendo?" Theo pergunta, sua voz é gentil, mas perspicaz.

Harry suspira, passando a mão pelo cabelo bagunçado. "Não sei, Theo. Tudo parece... vazio. Antes da guerra, eu tinha um objetivo. Derrotar Voldemort. Agora, é como se... tudo ainda estivesse desmoronando, mas eu não sei o que devo fazer a respeito. Não sei como ajudar a Hermione ou qualquer outra pessoa. Eu nem sei mais quem diabos eu sou".

As palavras saem dele sem pausa.

É raro ele ser tão aberto. Mas o Sonserino tem uma aura que faz com que a pessoa se sinta à vontade. Seguro.

Theo se senta no braço da cadeira de Harry, fazendo com que ele se endireite. "Você ainda é você, Potter. Você é mais do que apenas 'O Garoto que Viveu'."

"Estou?" A voz de Harry é um murmúrio. "Ginny estava certa em terminar comigo. Preciso descobrir quem eu sou fora disso."

Não é fácil para ele admitir essas palavras. Seu coração ainda não está totalmente curado dos danos que a garota lhe causou. E ele não sabe o que dói mais: sentir-se injustiçado pelas ações dela ou compreendê-las.

Ambas as versões funcionam como punhais em seu peito.

Theo acena com a cabeça, pensativo. "Talvez ela estivesse certa. Mas isso não significa que você está perdido para sempre. Você está apenas... em transição. Descobrir as coisas leva tempo."

Harry olha para Theo, procurando em seu rosto algum tipo de resposta. Theo não é nada parecido com Ginny, que é toda fogo e paixão. Theo é firme, calmo e perspicaz. Um pouco travesso. É um contraste gritante que intriga e perturba Harry. "Eu me sinto tão inútil. Todos os outros parecem estar seguindo em frente, reconstruindo suas vidas. E eu estou apenas... preso."

Os olhos de Theo se suavizam e ele coloca uma mão no ombro de Harry. "Não há problema em se sentir assim. Você passou por mais coisas do que a maioria das pessoas pode sequer imaginar. Mas você não está sozinho, Harry. Você tem amigos que se preocupam com você, que querem ajudá-lo a encontrar seu caminho."

Harry sente uma pequena onda de calor em seu peito com as palavras de Theo. "Obrigado, Theo. Eu só... não sei por onde começar."

"Comece com as pequenas coisas", sugere Theo. "Passe um tempo com seus amigos. Permita-se aproveitar um pouco a vida. Você não precisa salvar o mundo para fazer a diferença."

Luna Vinculum | TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora