Capítulo 19

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Draco

"Houve um avistamento. Bellatrix foi vista em Hogsmeade."

O coração de Draco se aperta quando ele observa a súbita quietude de Granger, sua expressão antes animada foi substituída por um véu de medo. Isso dura apenas um segundo antes de seu rosto ficar completamente vazio.

Suas mãos se transformam em punhos. Quanta prática ela tem em esconder sua dor? Quantas vezes ela se forçou a fazer isso?

O olhar de Draco segue o movimento hesitante de sua mão, pairando logo acima de seu braço. Ele passa por cima da parte que está envolta em um curativo, movendo-se para baixo. Quando os dedos dela roçam aquele ponto familiar - onde as palavras cruéis permanecem, gravadas em sua pele - Draco quase pode sentir o peso da dor que sai de dentro dela.

A ferida é antiga, mas o tempo não tem sentido para curar o que realmente a machuca.

O que está escondido sob o tecido de sua túnica não são apenas cicatrizes antigas, mas a feia lembrança da crueldade de sua tia. Uma lembrança terrível de seu horror passado, gravada em sua carne como uma lembrança sombria e miserável.

É visível como a enxurrada de lembranças volta à tona, assombrando-a nesse momento - seu rosto congelado em seu próprio tipo de pânico silencioso.

O peito de Draco se aperta quando ele se lembra de suas próprias lembranças daquela época - como ele se encolheu sob o domínio dos outros, paralisado pelo medo e incapaz de parar os gritos horríveis que ecoavam pela mansão.

Mesmo naquela época, antes de conhecê-la sinceramente, o som da tortura de sua tia havia acendido um inferno de impotência dentro dele. Ele não se atreveu a fazer nada para impedir. Apenas observou, furioso consigo mesmo. Desesperado.

Mas ele não é mais aquele garoto fraco e medroso.

Draco está preparado para suportar qualquer outra agonia necessária para garantir a segurança dela. Ele suportará cada grama de dor se isso significar protegê-la do perigo. Não se trata mais de buscar redenção ou obediência ao vínculo, trata-se de proteger a única pessoa que encontrou furtivamente o caminho para os recônditos mais profundos de seu coração.

Draco descobriu Hermione Granger. E ninguém a tirará dele.

"Granger", ele rosna, aproximando-se dela. Ele não suporta vê-la assim, com uma máscara sobre suas feições. Draco agarra a ponta do queixo dela entre o polegar e o indicador e gentilmente força o rosto dela a se inclinar para cima. Ele fica olhando para os olhos dourados de sua garota dourada. "Não vou deixar que ela lhe faça mal novamente." Sua voz é baixa, mas cheia de convicção.

Ela olha para ele e ele percebe o momento em que ela sai de sua estase, suas pupilas aumentam e a cor de mel de seus olhos se intensifica. "Eu também não vou deixar que ela me machuque novamente. Ou a qualquer outra pessoa." Uma carranca toma conta de sua boca. "É a vez dela de machucar."

Draco não consegue evitar o sorriso que se forma em seu rosto. Minha pequena selvagem. "Você é a heroína da guerra, Granger", diz ele.

Ela retribui com um pequeno sorriso.

O momento deles é interrompido por outra figura que entra correndo na sala. Mas não é Blaise. Granger se vira abruptamente, afastando-se dele, e ele segue os olhos dela para fitar - e possivelmente assassinar - a segunda pessoa que interrompeu seu momento com ela.

Seus olhos se arregalam quando ele percebe quem é.

"Harry?" Granger suspira, passando por Theo para alcançar seu amigo. Draco aproveita a chance para olhar para o outro Slytherin de forma ameaçadora, com uma pergunta em seu olhar.

Luna Vinculum | TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora