Draco
Ela se sente como uma estátua nos braços dele, com o corpo rígido e imóvel como pedra. Está claro que a posição está deixando-a desconfortável, que é exatamente o que ele estava tentando evitar quando os trocou da posição anterior.
Os joelhos dela estavam doendo. A ideia o perturbou, então ele a moveu.
Agora ela está deitada aqui, congelada.
Mas Granger terá de lidar com isso porque, enquanto seu desconforto for apenas emocional, não há perspectiva de ele permitir que ela se afaste. Não quando ela se sente tão incrível em seus braços. Não quando a dor constante que ele vem sentindo nos últimos meses está finalmente começando a diminuir. A dor agonizante estava tão profundamente enraizada nele que Draco já havia aceitado sua existência inevitável e permanente - sem saber que a cura estava bem diante de seus olhos. Ele sentia o desejo, não, a necessidade de tocá-la, mas nunca lhe passou pela cabeça que a sensação era a tentativa desesperada de sobrevivência de seu corpo.
Ele era um homem morrendo de sede e parece que acabou de receber uma garrafa de água.
Segurá-la é como voltar à vida.
"Malfoy?", ela chama, ainda imóvel.
"Sim, Granger?" Sua voz soa mais rouca do que o normal.
A febre terrível que o atormentou durante todo o dia está diminuindo, permitindo que ele tenha um processo de pensamento mais coerente. A situação piorou quando eles estavam na livraria e as palavras do antigo manuscrito que ele estava lendo começaram a se misturar. Havia um fogo que o consumia de dentro para fora e tudo o que ele conseguia pensar era que não poderia deixá-la sozinha fora de Hogwarts enquanto Bellatrix ainda estivesse solta.
Herói de guerra ou não, Draco entendeu algo muito importante enquanto estava sob a tutela de sua tia.
Voldemort era um monstro com ambição. Bellatrix é apenas um monstro. Ela se alimenta da dor, do sofrimento. O poder é apenas o meio para um fim. Mas é isso que a torna mais perigosa.
E ela conhece Granger. Ela a marcou.
Sua tia acabaria com a própria vida por diversão.
"Tenho que lhe contar uma coisa."
O olhar de Draco se estreita com suspeita e ele se afasta de seus pensamentos. "O que foi?"
"Luna Lovegood me disse algo ontem, durante os jogos de teste de Quadribol", ela o informa. "É a única razão pela qual eu descobri o que estava acontecendo com você."
"O que ela disse?"
Ela se mexe. É a primeira vez que ela se mexe desde que ele a puxou para seus braços. "Ela viu um fio-nos conectando".
"Um fio?", ele repete, com as sobrancelhas erguidas.
Granger se vira em seus braços para ficar de frente para ele. Mas a mão direita dela continua envolvida pela dele, como se fossem estudantes do primeiro ano com uma queda. Deveria parecer imaturo segurar a mão de uma garota. Em vez disso, é uma tábua de salvação, que o mantém vivo.
"Luna é... especial", ela revela, com cuidado.
Ele sabe quem é Luna Lovegood. A Ravenclaw loira com uma personalidade fora do comum.
"Ela é... peculiar", ele comenta. Mais para completamente excêntrica.
Granger franze a testa para ele, como se pudesse ler sua mente. Draco fica quieto, alegando inocência.
"De qualquer forma, ela me disse que isso o deixaria doente...", diz ela. "Acho que foi isso que ela quis dizer".
"Doente? Quase me matou", diz ele, mordazmente.
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Luna Vinculum | Tradução
Kurt AdamDurante a batalha de Hogwarts, na noite de lua cheia, Draco Malfoy é mordido por um lobisomem. Sem ter como escapar da maldição, tudo o que ele pode fazer é escondê-la. Hermione Granger é a única pessoa - além de seu agressor - que sabe a verdade. E...