Luna Vinculum | Tradução

Capítulo 28

Hermione

"Tem certeza, Hermione?" pergunta Ginny, sentando-se em frente a ela em sua própria cama.

Hermione acena com a cabeça, um sorriso educado curvando seus lábios. "Sim."

"Mas isso não vai machucá-la?"

Hermione faz uma pausa, contemplando sua pergunta. Quando é que não está doendo?

"Acho que vai doer mais se eu decidir não ir", ela finalmente admite.

No dormitório da Grifinória, uma luz suave de lamparina lança um brilho quente contra as cortinas vermelho-escuras bem fechadas nas janelas, protegendo o cômodo do dia frio de inverno lá fora. O ar está repleto de uma atmosfera aconchegante, pontuada pelo crepitar do fogo na lareira e pelo ocasional bater de flocos de neve nas vidraças das janelas.

Baús empacotados estão espalhados pelo cômodo, com as tampas abertas para revelar um amontoado de roupas de inverno, cachecóis e luvas. O baú de Hermione fica ao lado de sua cama, com seu conteúdo bem organizado, mas com livros e pergaminhos espalhados por dentro.

As paredes são adornadas com decorações festivas, adicionando um toque de alegria natalina ao ambiente.

Ao olhar em volta, Hermione sente uma pontada de tristeza ao pensar em deixar para trás o conforto familiar do castelo. Embora para a maioria das pessoas as férias sejam um momento para recarregar as baterias e se reconectar com seus entes queridos, ela agora é uma das alunas que não consegue esperar o calor da família e a alegria das festas de fim de ano. É isso que Harry tem sentido todos esses anos? Seu peito fica apertado ao pensar nisso.

Afinal, o que ele está planejando para as festas de fim de ano?

"Ginny, o Ron já falou com o Harry sobre o Natal?" pergunta Hermione.

A pergunta faz com que o comportamento de sua amiga mude. Seus ombros se contraem e seus dedos começam a brincar nervosamente com o tecido do roupão. "Ele não está planejando vir para a Toca. O olhar dela cai para o colo. "Ron disse que Harry lhe disse que não é por minha causa... mas nós dois sabemos que isso não é totalmente verdade. Ela suspira. "Você acha que eu tirei dele o único lar que lhe resta, Hermione?"

Uma pontada de compaixão lhe toca o coração ao ouvir suas palavras. "Ginny", diz Hermione suavemente, estendendo a mão para apertar a mão da amiga, "você não roubou nada do Harry. Ele é uma pessoa só dele, com suas próprias escolhas a fazer". Ela faz uma pausa. "Mas se ele está decidindo não ir por causa de seus sentimentos, então é algo que ele precisa resolver por conta própria."

O olhar preocupado de Ginny se volta para cima, encontrando o de Hermione. "Eu só não quero machucá-lo", admite ela, com a voz rouca.

Hermione lhe dá um sorriso tranquilizador. "Eu sei, Ginny. Mas você está sendo honesta com ele, e isso é o mais importante. Ele merece saber a verdade... mesmo que seja difícil."

"Eu sei. Eu só... gostaria que as coisas fossem diferentes..." Ela se levanta de seu lugar na cama, tirando as vestes com um suspiro. "Vamos terminar de fazer as malas. O trem partirá em breve."

Enquanto continuavam a organizar suas coisas, a mente de Hermione se distraía. Já se passaram exatamente duas semanas desde a festa na Sala de Requisição e a lembrança do confronto de Draco com Cormac ainda permanece em sua mente. Mas agora, outra preocupação pesa mais em seus pensamentos. Em apenas alguns dias, Draco se transformará em um lobisomem novamente.

Eles precisam voltar da Austrália antes disso, já que ele insistiu em acompanhá-la.

Hermione se lembra muito bem da conversa. Inicialmente, ela protestou, citando o pouco tempo que tinham antes da transformação dele e os riscos envolvidos. Mas Draco foi inflexível, sua determinação era inabalável, apesar das preocupações dela. E, por mais que ela tenha lutado contra ele, ficou aliviada por ele ter ido. Ela não queria se separar dele.