Tudo menos meu irmão, não! Não podia ser!
Por que Hailey me escondeu isso? A maneira como falou, parecia ter sido há um bom tempo. Mas por que meu Deus? Sei que cometi muitos pecados, mas levar meu irmão?
— Wesley!
Gritei enquanto corria até seu abraço. Mas também pronta para ouvir mais uma bronca. Afinal, fiz besteira. Não era mais virgem e tive o azar de ter engravidado e pus um fim em uma possível tragédia. No entanto, minha mãe flagrou o momento em que o feto de quatro semanas escorria pelo banheiro, ela agora me odiava. Ainda mais por não haver um pingo de arrependimento de minha parte. Desseseis anos é muito nova e eu nunca me agradei da ideia de ter filhos. Mesmo assim, tive um deslize com meu melhor amigo, Theo. Ele por sua vez, muito novo assim como eu mas não deixei ele saber.
— Minha pequena…
Pude sentir o doce som de sua voz próximo ao meu ouvido.
— Você sabe o que eu fiz?
— Sim, sei… mas não vou lhe punir, eu não sou mulher para compreender. Mas sei da sua decisão, foi o melhor pra você.
Meu rosto ficou rodeado pelas mãos dele, enquanto seus dedos enxugavam as lágrimas correntes pela bochecha.
— A minha mãe me odeia agora…
— Com um tempo, ela vai lhe perdoar. A tia tem opiniões diferentes apenas, mas um dia ela vai lhe aceitar.
— Eu te amo!
O tomei para um abraço apertado. Tudo o que eu mais amava no mundo era ter a proteção de meu irmão.
A primeira porta que avistei à minha frente foi a da biblioteca, o ar estava um pouco mais frio que antes. Perdi a força das pernas e sentei no chão me apoiando na parede, involuntariamente às trazendo pra mim, como uma criança que havia se perdido dos pais. E eu havia perdido o meu tudo.De repente meu rosto foi tomado pelas lágrimas sem fim. Elas não iriam trazer ele de volta, mas a dor me causou um enorme desespero, eu só queria o meu irmão ao meu lado. Só que me vejo diante de uma realidade diferente sem saber o que fazer e como fazer. Aparentemente tenho um trabalho que sempre quis mas não consigo fazer nada pois sou uma inútil e minha equipe está “cuidando” de mim por eu ser uma inútil.
— Luísa…
Me odiei no mesmo instante ao lembrar que não tranquei a porta da biblioteca. Mas ao mesmo tempo senti uma pontada na barriga ao ouvir aquela voz.
— Que bom que está aqui. — Mesmo através das lentes dos óculos, consegui perceber a intensidade do seu olhar. — Eu preciso que me ouça.
— Não adianta, Lee! Só eu sei o que eu estou sentindo.
— Tem razão, tem toda a razão mas você não pode perder a noção.
As mãos dele tocaram sutilmente as minhas, juntando as duas em meu joelho esquerdo.
— Com a dor do luto, você agiu sem controle algum e sofreu o acidente responsável pela perda de memória.
Surgiu a figura de um homem na minha cabeça, ele ria de mim enquanto o chão na qual eu pisava se partia.
— Luísa?
O doce tom de Lee me despertou, chamando minha atenção para ele.
— Você lembrou de alguma coisa?
— Sim…quer dizer…não sei eu não…
— Isso é bom, apesar de não ter sido em uma boa hora.
— O que eu fiz?
— Apenas tome o controle, não se deixe levar pelas emoções. Tenho conhecimento do quão intensa você é, mas é pelo seu bem.
A angústia tomava conta de mim, uma vontade imensa de chorar veio e por alguma razão,não queria que ele me visse naquele estado. Avancei e ele me tomou nos braços, seu aperto me trouxe refúgio para o meu coração acelerado em meu peito. Não sabia quem era aquele homem que parecia se importar comigo, não havia lembranças dele na minha mente mas naquele momento eu tive a certeza que valeu a pena conhecê-lo.
— Foi isso que aconteceu.
Hailey finalizou sua explicação de tudo que eu não lembrava. A mão dela percorreu pelo lençol que cobria meu corpo todo. Não sabia ao certo quantas horas eu estava naquela poltrona, só me lembro de ter saído do banho e sentado sobre ela e Sihyeon ter me dado o cobertor. Apenas parada refletindo toda aquela história, não saía mais nenhuma lágrima do meu rosto, após imensas horas chorando sem parar.
— Meu amor, você tá me ouvindo?
— Eu tô. — Encarei os olhos cor de mel. — Parece que acordei de um sonho e tô vivendo um pesadelo!
— Você é muito forte! — Entrelaçamos nossas mãos. — Agora…
— Eu vou comer. — Confessei o meu desejo. Já que passei um dia sem conseguir comer nada. — Você…
— Trabalhei e não tive como fazer nada pra você. Mas comprei uma lasanha, está na geladeira. Vou esquentar.
Deixei escapar um sorriso em comemoração pela notícia. Porém o vazio que se instalou em meu coração estava longe de ser preenchido.
Após a minha refeição, senti as primeiras pontadas em minha barriga. Era de se esperar, pois exagerei na comida. Passei a noite sozinha pois Hailey foi verificar umas coisas no escritório, ela tinha medo de me deixar sozinha, pois de acordo com ela, eu iria fazer alguma besteira. Até sinto mas consegui me distrair apesar do vazio. Foi então que a campainha tocou, e em passos rápidos, espiei quem era do outro lado da porta, um frio na barriga se instalou quando vi de quem se tratava e no mesmo instante abri a porta. Encarei os olhos atrás das lentes, tais pupilas se encontravam dilatadas, ouvi batidas rápidas dentro de mim, não sabia o motivo de tais reações do meu corpo.
— Taeyong?
Continua...
(948 palavras)
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Detective Force
Mystery / ThrillerMistérios, suspense e resoluções de crimes sempre foram áreas do interesse de Hailey e Luísa, o que uniu as duas, fazendo-as seguir seus sonhos juntas. Anos depois, após se tornarem investigadoras nos Estados Unidos, elas recebem uma grande oportuni...