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LUÍSA NAKAMURA



Aquele som irritante atrapalhou meu sossego mais uma vez, porém algo havia de diferente nele. Eu já estava esperta mas ainda com os olhos fechados, lutando com meus desejos de ainda permanecer ali. O toque ainda insista, e não era o despertador.

— Quem me incomoda? — Atendi, abrindo finalmente os olhos. Notei que a pessoa do outro lado demorou a falar, por isso já estava me xingando por dentro, imaginando que se fosse uma pessoa chamada Johnny, eu estaria ferrada. E eu amo o meu trabalho. — Perdão, quem é?

Ouvi uma risada.

— Você nunca muda. — Afirmou ele. Imediatamente arrependi de ter atendido a porra do celular. — Lu?

— Oi.

— Você tá bem?

— Sim.

— Acabou de acordar, não é.

— Sim.

— Desculpa te incomodar, sei que nossos horários são diferentes. Eu quem cometi o erro.

— Tá tudo bem, Theo. — Falei, de uma forma que ele parasse de se desculpar e aquilo não ficasse irritante.  — Tá tudo bem com você?

— Tá tudo ótimo. — Aumentou o tom da voz, parecia empolgado. — Quero te fazer um convite.

— Qual.

— Você está convidada para ser a madrinha do meu casamento! — Por mais que sua voz fosse forte, ela foi alterada como ocorria dificilmente. Ainda bem que eu estava deitada. — Luísa?

— Sim? — Previsava pensar nisso mais tarde, pois no momento, disfarçar era meu único objetivo. — Será que eu mereço mesmo?

— Sem ironias, merece sim!

— Tô muito feliz por isso. — Olhei minhas unhas, cheias de cutículas, precisava dar um jeito nelas. — Só que o meu trabalho....

— Sei como é. Por isso que você terá de me falar com uma semana de antecedência se virá ou não.

— Certo. Tem uma pessoa para me substituir.

— Tem, mas você é a primeira e única.

Não diz isso....

— Eu sei. — Falei.
— Convencida.

— Bobo. — Pensei, mas não reparei que havia dito em voz alta.

— Acho que sou um pouco.

— Ei, eu vou ter que ir ao trabalho agora. — Menti.

— Vai lá, que bom que lhe acordei então.

— Valeu. — Sorri pra mim mesma, não conseguia falar com ele sem cometer esse ato. — Tchau.

A partir do momento em que desligamos, as lágrimas já caíam na colcha de cama. Eu queria ser forte para quando esse dia chegasse, fiz de tudo, as simulações todas eu fracassei miseravelmente e agora a real também. Eu só queria voltar no tempo e me arrepender de tudo que disse a ele, deixei o medo me dominar e cá estamos. Ele conseguiu seguir em frente e com nossa amizade também, afinal, éramos apenas melhores amigos e assim somos até hoje.

Tudo isso por medo, e eu odeio sentir isso. Gosto de ser forte pois o medo não me permitiu fazer coisas que eu queria no passado, coisas que até hoje me arrependo. E a pior parte, é que ainda choro por isso, odeio ser uma pessoa assim.

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