"Fugindo"

43 25 5
                                        


MARY:

Estou muito feliz, conseguir um emprego era o que eu precisava. A dona Helena parece ser uma pessoa ótima. Estou arrumando minhas roupas na mala, organizando meus documentos, lavando a louça do jantar e deixando tudo limpo. Vou sentir falta da minha casinha, mas acredito que será melhor morar no local de trabalho, já que fica um pouco longe da minha casa. Pego a Luna no colo e a coloco na cestinha da bicicleta, seguindo em direção à casa da dona Helena. Quando chego, toco a campainha e ela me atende com um lindo sorriso. Ela me mostra a casa e meu quarto, que é muito bonito e aconchegante. A dona Helena adorou a Luna e ela também gostou muito da dona Helena. Sinto que seremos muito felizes aqui.

Organizo minhas roupas e sigo para a cozinha, onde a dona Helena está concentrada em preparar algo muito cheiroso. Enquanto admiro suas flores na janela, fico contente ao notar que ela também aprecia rosas vermelhas.

- Pensativa, minha menina? - ela pergunta.

- Estava observando suas flores na janela. Eu adoro flores, especialmente rosas vermelhas. Vendo flores na rua, cultivo no meu quintal e saio vendendo.

- Que bom saber que tenho alguém em casa que gosta de flores assim como eu. Meu passatempo é cuidar do meu jardim. Minha querida filha também amava rosas vermelhas - diz ela, sorrindo.

- Que lindo, dona Helena. E sua filha mora por aqui? - pergunto, curiosa.

- Não, minha menina. Minha filha faleceu há anos. Ela foi assassinada e até hoje ninguém encontrou o culpado.

- Sinto muito, dona Helena. Eu sei como é perder alguém que amamos tanto.

- Ela se foi, mas deixou dois presentes incríveis: meus dois netos. Eles são tudo para mim, Henrique, o mais velho, e Fernando, o mais novo. Aliás, o Henrique é nosso vizinho, mora na casa ao lado.

- Na casa ao lado? Recentemente conheci a dona daquela casa e, para ser sincera, nunca encontrei alguém tão antipática, mal-educada e preconceituosa como ela.

- Você ainda não viu nada, minha querida. Aquela garota é um verdadeiro pesadelo. Não entendo como meu neto pode querer se casar com ela - diz, frustrada.

- Ele deve estar muito apaixonado, não?

- Duvido, minha menina. Conheço bem meu neto; o Henrique nunca se apaixonou de verdade, nunca amou de verdade. Mas ainda tenho esperança de que um dia ele encontre o amor verdadeiro e eu realize meu sonho de ser bisavó. E você, tem namorado?

- Não, dona Helena, mas sonho em me casar um dia e formar uma família, respondo com um sorriso.

- E você vai encontrar minha querida. Quem sabe você se tornará a mãe dos meus bisnetos? Imagine uma bisneta ruiva como você. Seria um sonho realizado.

Eu não consigo evitar um sorriso ao ouvir o comentário da dona Helena. Seria realmente maravilhoso ter uma filha ruiva, assim como eu, com o amor da minha vida. Após o jantar, lavo a louça e, juntos, vamos para o jardim. O seu Luiz é muito simpático; gostei muito de conhecê-lo. Depois de tantas conversas e risadas, decido ir descansar. Desejo boa noite a eles e sigo com minha gata manhosa para o quarto. Tomo um banho quente e me deito na cama, onde a Luna se aninha ao meu lado. Enquanto tento dormir, meus pensamentos vão para o "moço dos olhos castanhos", que, por acaso, tem o mesmo nome que o neto da dona Helena, Henrique. Será que algum dia verei aquele olhar novamente?

Estava quase adormecendo quando uma pedra atingiu a janela do quarto. Assustada com o barulho do vidro se quebrando, pego a Luna e meu celular e corro para o banheiro.

𝙼𝚈 𝙷𝙰𝙲𝙺𝙴𝚁Onde histórias criam vida. Descubra agora