A água fria e turva do lago envolvia Douglas, a sensação de pânico se espalhando por seu corpo como um choque elétrico. Seus pés, presos por uma grossa raiz submersa, se debatiam em vão. Acima, a superfície do lago ondulava, revelando a sombra de um jacaré faminto, seus olhos vermelhos e brilhantes fixos em Douglas.
"Socorro! Socorro!", o grito desesperado ecoava pelo lago, mas apenas as rãs e os pássaros pareciam prestar atenção. O sol da tarde, que antes brilhava forte, agora se escondia atrás de nuvens escuras, como se a própria natureza estivesse conspirando contra ele.
"Onde elas estão, Douglas? Diga a verdade!" O rosto de Henrique estava contorcido pela raiva, os olhos vermelhos de tanto procurar.
Douglas, pálido e tremendo, apenas negava com a cabeça. "Eu não sei... Por favor, não... Não me jogue aqui!"
O cheiro de jacarés famintos pairava no ar, seus olhos amarelos brilhando na água escura. Henrique, com a voz rouca de tanto gritar, sussurrou: "Você sabe, Douglas.
A água do rio se agitou com a queda de Douglas. A corda grossa, antes segurava-o firme, agora se esticou, solta pela mão de Henrique. O grito de terror que escapou dos lábios de Douglas se misturou ao estrondo da água e ao rugido dos jacarés que se lançaram sobre ele.
A dor e o pânico se fundiram em um único grito agudo, rasgando o silêncio da mata. Douglas lutava contra os jacarés famintos, seus braços se debatendo em vão contra as mandíbulas fortes e implacáveis. Henrique, parado na margem, observava a cena com um olhar frio e impassível.
"Você podia ter colaborado, Douglas", disse ele, sua voz seca e sem emoção. "Mas preferiu o jeito difícil de resolver as coisas."
As palavras de Henrique ecoaram na mata, carregadas de um sarcasmo cruel. O sangue de Douglas tingiu as águas escuras, enquanto os jacarés se alimentavam de sua carne. A cena era brutal, um retrato da frieza e da crueldade de Henrique.
O cheiro de sangue e a visão de Douglas sendo devorado pelos jacarés, deixaram um nó na garganta de Henrique. Mas, por um instante, ele sentiu um breve momento de satisfação.
O mês se arrastava como um rio de lama, lento e pesado, deixando marcas profundas em Henrique. As notícias de Mary, Mari, Helena, Luiza, Pérola, Maria, Tatiana, Bianca e a pequena Mirela chegavam aos poucos, fragmentadas, como se o mundo estivesse se desfazendo em pedaços. Cada relato era um golpe em seu peito, um grito silencioso de dor e impotência. O desejo por justiça fervia em suas veias, um fogo que consumia seus pensamentos e o impulsionava a agir.
Enquanto Humberto, Gabriel, José, Luiz, Marcelo, Mariano, Gael e Fernando percorriam as ruas em busca de pistas, Henrique se dedicava a uma outra batalha: a busca por traidores. Ele sabia que Douglas não era o único, que a sombra da traição se estendia sobre eles como uma névoa densa. O coração de Henrique sangrava aos poucos, corroído pela saudade e pela preocupação por Mary, o amor da sua vida.
Cada noite, ele se agarrava à esperança, mas a escuridão da incerteza o envolvia como um manto pesado. A dor da perda, a fúria da traição e a angústia da espera se misturavam em um turbilhão de emoções que o consumia por completo. Henrique sabia que precisava ser forte, que precisava encontrar respostas, que precisava proteger aqueles que amava. Mas, por trás da máscara de coragem, a fragilidade de um homem apaixonado e desesperado se escondia, esperando o momento certo para se revelar.
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O suor gelado grudava em sua pele, a respiração ofegante e rápida. Henrique se sentou na cama, o coração batendo forte no peito, a imagem da casa em chamas gravada em sua mente. O pesadelo, tão real, tão cruel, o havia tirado do sono novamente.
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𝙼𝚈 𝙷𝙰𝙲𝙺𝙴𝚁
RomanceA ᴠɪᴅᴀ é ʀᴇᴀʟᴍᴇɴᴛᴇ ᴄʜᴇɪᴀ ᴅᴇ sᴜʀᴘʀᴇsᴀs, ᴇ ɴãᴏ ᴘᴏᴅᴇᴍᴏs ᴛᴇʀ ᴄᴇʀᴛᴇᴢᴀ ᴅᴇ ɴᴀᴅᴀ. O ᴅᴇsᴛɪɴᴏ é ɪɴᴄᴇʀᴛᴏ ᴇ ᴘᴏᴅᴇ ᴛᴀɴᴛᴏ ᴜɴɪʀ ϙᴜᴀɴᴛᴏ sᴇᴘᴀʀᴀʀ ᴀs ᴘᴇssᴏᴀs. Nᴏ ᴇɴᴛᴀɴᴛᴏ, ʜá ᴀʟɢᴏ ᴀɪɴᴅᴀ ᴍᴀɪs ᴘᴏᴅᴇʀᴏsᴏ ϙᴜᴇ ᴘᴏᴅᴇ ғᴀᴢᴇʀ ɪssᴏ: ᴏ ᴀᴍᴏʀ ᴇ ᴏ óᴅɪᴏ. Essᴇs ᴅᴏɪs sᴇɴᴛɪᴍᴇɴᴛᴏs ᴛêᴍ ᴀ ᴄᴀᴘ...
