Os últimos meses têm sido bastante desafiadores. A dor de perder alguém que amamos é difícil de enfrentar, mas tenho a sorte de não estar sozinha. Minha pequena família sempre esteve ao meu lado: meu querido Luiz, o Fernando, a Mari e a Mary. Sem eles, eu não teria conseguido suportar essa dor.
— Bom dia, vovó — diz Fernando, me dando um beijo na testa.
— Bom dia, meu neto querido. Você já está indo para o trabalho?
— Sim, vovó. A Mary saiu mais cedo, e o vovô e a Mari foram ao mercado. Agora preciso ir. Beijos e se cuida, viu, dona Helena? — ele diz com um sorriso.
— Pode deixar, meu amor.
Neste momento, estou no jardim, plantando minhas rosas. Adoro cuidar das flores. Minha filha tinha a mesma paixão, assim como o Henrique. Mesmo após a tragédia, continuamos a cuidar da casa e da estufa dele. Sei o quanto ele amava esse lugar.
Vou em direção à casa dele, abro o portão para o Zeus passear. Ele também sente falta do Henrique; eram inseparáveis.
O ar da estufa era denso e perfumado, carregado pelo aroma inebriante das rosas em plena floração. Dona Helena, com os olhos marejados de saudade, caminhava entre as plantas, cada pétala, cada espinho, cada folha trazia à tona a lembrança de Henrique, seu neto amado. A estufa era um santuário dedicado à memória do rapaz, um espaço onde a tristeza se diluía em um mar de cores e fragrâncias.
As rosas, em sua exuberância, pareciam dançar sob o sol que se espreitava entre as folhas, como se estivessem celebrando a vida, a beleza, a força da natureza. Dona Helena, perdida em seus pensamentos, não percebeu a presença de um vulto espreitando nas sombras, observando seus movimentos com olhos frios e calculistas.
Zeus, o fiel cão de guarda da família, sentiu a ameaça antes mesmo que Dona Helena a percebesse. Seu pelo eriçou, os sentidos aguçados, o instinto de proteção o dominou. Começou a latir, um latido rouco e insistente, puxando o vestido de Dona Helena com força.
A mulher, ainda imersa em suas lembranças, se assustou com o comportamento repentino de Zeus. Quando finalmente percebeu o perigo, foi tarde demais. Um golpe certeiro, rápido e brutal, atingiu sua cabeça, fazendo-a desabar no chão, inconsciente. Zeus, com o corpo tenso e a respiração ofegante, se posicionou ao lado de Dona Helena, protegendo-a com o corpo, latindo com fúria contra o agressor.
O perfume das rosas, antes símbolo de vida e esperança, agora carregava o cheiro metálico do sangue e o peso do medo. A estufa, que era um refúgio para Dona Helena, se transformou em um palco de terror, onde a fragilidade humana se chocava com a brutalidade da violência.
A cena era de horror. O sequestrador, com a fúria estampada no rosto, havia atirado em Zeus, a cabeça apoiada em um charco de sangue. O ódio do criminoso era palpável, quase tangível. Com o sangue do ferimento de dona Maria, ele havia rabiscado uma mensagem sinistra na parede do muro: "vocês serão os próximos".
A tinta vermelha, quase viva, parecia gritar a ameaça, plantando o terror no coração de quem visse.
O armazém cheirava a mofo e a poeira, um cheiro que se misturava ao medo que congelava o sangue de Dona Helena. Ela foi jogada no chão frio e úmido, as mãos amarradas atrás das costas, a dor latejando nos pulsos. O sequestrador, uma figura sombria escondida por uma máscara, a observava com olhos frios e cheios de ódio.
"Vocês vão pagar por tudo que fizeram comigo, seus miseráveis!", ele sibilou, a voz distorcida pela máscara. "Vocês destruíram minha vida, roubaram tudo de mim, e agora é a minha vez!"
Dona Helena, apesar do terror que a consumia, tentava manter a calma. Ela precisava pensar, encontrar uma forma de escapar. Mas o medo era um peso enorme, esmagando qualquer esperança de fuga.
"Quem é você? O que quer?", ela conseguiu perguntar, a voz tremendo.
O sequestrador riu, um som seco e cruel. "Não importa quem eu sou. O que importa é que vocês vão pagar. Vocês vão sentir a dor que me causaram."
Ele se aproximou, a máscara pairando sobre ela, e a encarou com olhos frios. "E a sua família, Dona Helena? Eles também vão pagar. Esse é só o começo."
Dona Helena fechou os olhos, o medo se tornando um nó na garganta. Será que essa era realmente o fim da família González? O sequestrador estava falando sério? Ela não podia deixar que o desespero a consumisse. Ela precisava ser forte, precisava lutar por sua família.
Mas como? Em meio à escuridão e ao medo, a única luz que brilhava era a esperança. A esperança de que a polícia os encontrasse, de que a família pudesse se reunir novamente. A esperança de que a justiça prevalecesse.
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