"Paz"

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Um mês havia se passado desde o dia em que o sol se apagou para Mary. O céu, antes tão azul e promissor, agora era um pano de fundo cinzento para a sua dor. Henrique, o seu Henrique, o amor da sua vida, o seu porto seguro, havia partido, deixando um vazio imenso em seu coração.

Dona Helena, com a sabedoria dos seus anos, tentava confortá-la, mas as palavras pareciam ecoar em um abismo sem fundo. Seu Luís, com o coração partido, tentava animá-la com lembranças felizes, mas o sorriso de Mary era um fantasma, um reflexo tênue do que já foi.

A casa, antes vibrante e cheia de vida, agora era um mausoléu de memórias. Mary se recusava a sair do quarto, o cheiro de Henrique impregnado nas roupas, nos lençóis, no ar. Era como se ele ainda estivesse ali, respirando, esperando por ela.

A comida, antes um deleite, agora era um fardo. Cada garfada era um lembrete da vida que se esvaía, da alegria que se esvaía com ele. Os olhos verdes, antes brilhantes e cheios de vida, agora estavam opacos, como se a tristeza tivesse apagado a chama que brilhava dentro deles.

Mary se agarrava à dor, como se ela fosse o único elo que a mantivesse conectada a Henrique. Era uma dor que a consumia, que a aprisionava em um casulo de sofrimento, um mundo onde o sol não brilhava e as flores não desabrochavam.

Nada mais fazia sentido. O futuro, antes tão promissor, agora era uma névoa densa, um caminho sem rumo. A vida, antes um presente precioso, agora era um peso, um fardo que ela carregava com dificuldade.

Mary estava perdida em um mar de tristeza, afogando-se em um oceano de saudade. Uma parte dela, a parte mais importante, a parte que amava Henrique, havia sido enterrada junto com ele. E ela se perguntava se algum dia conseguiria respirar novamente, se algum dia o sol voltaria a brilhar em seu céu.

- Mary, você precisa se alimentar, diz Fernando, tentando convencê-la a comer.

- Eu não quero comer nada, Fê. Não estou com apetite, responde ela, olhando para o nada.

- Por favor, Mary, faça um esforço por mim. Eu preciso da minha melhor amiga bem, ele diz, segurando as lágrimas.

- Eu não quero comer nada, ela diz, levantando-se e indo em direção ao quarto, onde se tranca.

- O que podemos fazer, vovó? Fernando pergunta, emocionado. Se ela continuar assim, vai acabar se machucando.

- Calma, meu filho. Nós vamos encontrar uma solução, diz dona Helena, abraçando-o.

Mary:

Não aguento mais essa dor que me consome. Não consigo ser forte novamente. Me perdoe, meu amor, mas não suporto mais viver sem você. E ali na banheira, ela se deita, esperando que a água leve toda a dor embora. Por um momento, tudo fica em silêncio; Mary não ouve nada, até que seus olhos se fecham e sua respiração para. Era o fim da sua dor.

Mary estava imersa na tristeza, e por um instante, ela experimentou uma sensação de paz

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Mary estava imersa na tristeza, e por um instante, ela experimentou uma sensação de paz. Não havia nada além do silêncio e do anseio de permanecer assim para sempre.

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