𝙼𝚈 𝙷𝙰𝙲𝙺𝙴𝚁

"Juntas"

Henrique:

Após um longo dia de trabalho, nada se compara à sensação de chegar em casa e tomar um banho relaxante. Minha mente está agitada, não consigo parar de pensar na Mary. Onde ela estará? Sinto que estou perdendo o foco nos meus objetivos , mas prometi à minha avó que a encontraria. Como alguém pode desaparecer sem deixar vestígios? Estou prestes a enlouquecer. Estou cansado de esperar o momento certo para agir; é hora de tomar uma atitude. Preciso resolver todos os meus problemas, especialmente me livrar da Beatriz. O Bernardo é realmente um incompetente, não consegue nem roubar um concorrente direito, mas não deixarei que ele atrapalhe meus planos. Ai dele se tentar ficar no meu caminho. Amanhã marcará o início da minha vingança, e o final será trágico, disso eu tenho certeza. O responsável pela morte dos meus pais pagará com sua vida.

- Oi, Rique já chegou? pergunta Beatriz com um tom sedutor.

- Não, ainda estou na rua, respondo sem paciência.

- Nossa, Henrique, você é um grosso.

Viro as costas e sigo em direção ao meu jardim. Preciso distrair a mente, e com a Beatriz por perto, isso é impossível. Esse lugar é o meu refúgio; me traz paz e muitas lembranças.

flashback on:

- Mamãe, mamãe, olha o que eu encontrei! Com a roupa suja de terra de tanto brincar, abro as mãos e mostro uma pedra brilhante.

- Que linda, meu filho! Você quer que a mamãe faça um colar com ela para você?

- Sim, mamãe! O que a senhora está fazendo? pergunto curioso.

- Estou plantando rosas vermelhas, meu amor. Quer ajudar a mamãe? Depois podemos tomar banho de piscina, o que acha?

- Uhul, eu quero sim! digo sorrindo enquanto dou um beijo em sua bochecha. Te amo, mamãe, você é a melhor mãe do mundo!

- Eu também te amo, meu filho querido, ela diz sorrindo.

flashback off:

Eu sinto tanto a sua falta, mamãe. Por que você teve que partir assim? Eu gostaria que as coisas fossem diferentes, mas, infelizmente, não temos controle sobre a vida. O menino alegre e amoroso que eu era deu lugar a um homem cheio de rancor.

MARY:

Cansada de tanto andar, sento na calçada, completamente perdida , sem saber para onde ir ou onde me esconder. Não suporto mais viver fugindo; Marcos não vai me deixar em paz. Sem alternativas, decido me esconder na casa ao lado da minha, uma mansão abandonada. Pego a Luna no colo e pulo o muro, com dificuldade por ser muito alto. Sei que é errado invadir a propriedade dos outros, mas não tenho para onde ir e nem a quem pedir ajuda. Com minha mala em mãos, vou em direção aos fundos da casa. Esse lugar é enorme; quem morava aqui com certeza era muito rico. Tento abrir a porta, mas está trancada. Então, a única opção é dormir na varanda mesmo.

Pego um pacote de biscoitos na mochila e também a ração da Luna. Estou com muita fome gostaria muito de tomar um banho e deitar na minha cama. Mas infelizmente, estou sendo perseguida por um monstro. Sinto muita falta da minha mãe.

Cansada, acabo adormecendo, mas o frio me impede de ter um sono tranquilo. Ao abrir os olhos, me deparo com um homem me observando. Assustada, fico paralisada ao ver seu sorriso ameaçador, e logo percebo que é Marcos.

- Achou que conseguiria escapar de mim, anjo? Preciso admitir que você me deu bastante trabalho.

- Por favor, me deixe em paz, imploro desesperadamente.

- Nunca! Você não conseguirá se livrar de mim, você é minha.

- Não, por favor, não me machuque, imploro enquanto me debato em seus braços. Seus olhos refletem ódio, e ele usa toda a sua força para me manter no chão.

- Eu prometi que me vingaria de você, e vou cumprir. Em seguida, avança em minha direção e faz um corte em meu rosto. O desespero toma conta de mim; não quero morrer. Tento me levantar, mas sou empurrada contra a parede. Marcos me agarra pelo cabelo com força, fazendo-me chorar de dor e terror.

- Marcos, por favor, me deixe viver em paz. Eu nunca te fiz nada.

- Você nunca me fez nada? Foi por sua causa que sua mãe me deixou. Você é a responsável pela minha desgraça. Todo o meu esforço para conquistá-la foi em vão porque você estragou tudo. Eu te odeio por isso, e eu vou te matar, assim como matei seu querido pai. Ah, você não sabe da história, não é? Há alguns anos, conheci um cara chamado Gael. Éramos melhores amigos. Nós dois conhecemos a Amélia no mesmo dia, foi amor à primeira vista, mas ela se apaixonou por Gael. Ele sempre foi o favorito. Eles se casaram, e eu fui o padrinho. Nesse mesmo dia, declarei meu amor por ela, mas ela me disse que eu era apenas um bom amigo e me rejeitou. O culpado disso era o Gael. Então, eu decidi escrever uma carta dizendo que não a amava mais, falsificando a letra do Gael. Ela acreditou que era dele, mas fui eu quem escrevi. E ele nunca foi embora, nem abandonou vocês. Eu o matei.

Amélia ficou muito ferida, mas eu estava lá para apoiá-la e fiz o que pude para conquistá-la. Tudo estava indo bem até ela descobrir que estava grávida do Gael. Quando você nasceu, eu tive que fingir que me importava e que gostava de você, mas, na verdade, eu nunca consegui te suportar. Você me lembra o Gael, especialmente pelos olhos que você tem. Eu te odeio por isso; por sua causa, eu matei a única mulher que amei na vida. Ela e eu tivemos uma briga por causa de você, e eu acabei revelando a verdade sobre o que aconteceu. Ela disse que iria me denunciar, e eu não tive escolha a não ser matá-la. Agora, você é a próxima.

- Como você pode fazer isso? Você destruiu minha família, seu monstro! Você vai pagar por tudo o que fez, digo enquanto procuro algo para me defender. Encontro uma barra de ferro e tento atingi-lo, acertando sua cabeça. Ele grunhe de dor, mas não é o suficiente para derrubá-lo. Ele vem em minha direção e começa a me socar no rosto e no estômago.

Com a intensidade da dor, minha visão fica embaçada e não consigo me mover. Sinto o gosto de sangue na boca. Não quero desistir, mas estou sem forças. Ele me arrasta para a parede e crava a faca em meu peito. A dor é imensa, lágrimas escorrem pelo meu rosto machucado. Meu peito queima e, incapaz de me mover, ele me solta, enquanto escorrego até o chão.

- Foi exatamente assim que seu pai morreu. Ele chorou como você, teve uma morte lenta e perdeu todo o sangue até falecer.

Ele se aproxima de Luna, dando chutes nela, e depois a joga sobre mim, indo embora e nos deixando ali para morrer. Com a pouca força que me resta, abraço Luna, sentindo seu pelo macio.

- Calma, meu amor, a mamãe está aqui com você. Se for para morrer, morreremos juntas, como sempre estivemos...