"A verdade"

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HENRIQUE;

Estou cansado. Beatriz não é uma pessoa fácil de lidar. Vamos nos casar em um mês, e eu preferiria não fazer uma festa, mas ela insistiu, e para não deixá-la chateada, acabei concordando. Não estou feliz com isso, mas agora é minha responsabilidade cuidar dela. Sugeri chamar os familiares dela, mas ela não quis, pois não se dá bem com eles. O casamento será aqui em casa, e por isso, estamos rodeados de caixas de decoração. Mal posso esperar que esse mês passe rápido para que essa situação termine.

- Henrique, eu não aguento mais! A Beatriz está insuportável! - diz Mari, nervosa.

- O que você precisa, Mari?

- Reforços, Henrique! A lista de compras para o casamento é muito grande, e eu não consigo fazer tudo sozinha. Preciso de ajuda.

- Contrate alguém para te ajudar, você tem minha permissão.

- Não adianta. Ela disse que não quer pessoas estranhas na casa, teria que ser alguém da família.

- Chame o Fernando, ele vai adorar ajudar você.

- Tudo bem, vou chamar a Mary também.

- A Mary? Isso me deixou nervoso.

- Sim, tem algum problema? Ela já se ofereceu para me ajudar.

- Nenhum problema, mas... eu preciso ir até mais tarde, Mari.

Mary, só de ouvir seu nome meu coração dispara. Eu a amo tanto. Se este fosse o nosso casamento, eu seria o homem mais feliz do mundo. Mas, infelizmente, não posso fazer nada e preciso aceitar a minha realidade, por mais dura que seja.

MARY;

A campainha toca e vou atender.

- Oi, Mari! Oi, Fernando! Como vocês estão?

- Na verdade, não muito bem. Estou surtando com a Beatriz e preciso da sua ajuda para os preparativos do casamento, diz Mari com uma expressão triste.

- Claro que ajudo, Mari! E o Fernando também vai ajudar, não é, Fernando?

- Uhul, vamos às compras! ele diz em um tom brincalhão.

Entramos no carro, e Fernando ficou encarregado da direção enquanto eu revisava a lista com a Mari. Quase tive um ataque, que mulher exagerada! Parece até um casamento real. Não consigo acreditar que ele realmente vai se casar. Isso me deixa triste, mas a vida é assim, não podemos ter tudo o que queremos. Mesmo assim, vou ajudar a Mari na organização, mesmo que isso me machuque.

- Você está bem, Mary? pergunta Fernando.

- Estou bem, Fê, não se preocupe.

- Mary, não precisa mentir para a gente. Nós sabemos que você ama o Henrique. Vocês se amam, diz Mari.

- É verdade, eu amo, mas ele vai se casar e eu preciso aceitar a realidade. Agora, vamos mudar de assunto.

- Vamos sim! O que acha de comprarmos alguns doces para alegrar nosso dia? pergunta Fernando, sorrindo.

- SIM! respondemos juntas.

Depois das compras, voltamos para casa. Fui ajudar a Mari a guardar tudo e, ao entrar, notei a decoração impecável e o cheiro de lavanda que impregnava o ambiente.

Enquanto eu estava distraída, acabei esbarrando em alguém. Ao olhar para o lado, encontrei uma mulher me encarando com uma expressão feia.

- Você não olha por onde anda, sua inútil?

- Desculpe, eu não te vi.

- Mary, essa é a Beatriz, explica Mari.

- Prazer em conhecê-la, Beatriz. Ela me observa com desdém e não responde, aperta o botão da cadeira de rodas e se afasta.

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