𝙼𝚈 𝙷𝙰𝙲𝙺𝙴𝚁

"Henrique"

Atualmente, estou na sala de espera aguardando informações sobre a saúde de Mary. Estive muito perto de perdê-la e não conseguiria me perdoar se algo acontecesse. Fiquei afastado dela e da minha família por seis meses, mas não tive outra opção. Reconheço que devo muitas explicações, e agora é a hora de compartilhar a minha versão da história.

No dia em que sofri o acidente de carro, percebi que alguém estava tentando me matar. Não foi uma perda de controle da minha parte; meu carro foi sabotado. Mesmo estando um pouco alcoolizado, isso não justificava o fato de que os freios não funcionavam. Foi o pior momento da minha vida, e eu realmente pensei que ia morrer. Como consegui sobreviver? Graças à família Caccini. Humberto e Gabriel me resgataram das chamas e me levaram para um lugar seguro, onde pude me recuperar. Durante esse período, refleti sobre minhas atitudes e me arrependi de muitas delas. Acabei me aproximando bastante da família Caccini, que foi incrível comigo. Com a ajuda do Gabriel, descobri que meu braço direito na máfia, Ricardo Monteiro, estava por trás da sabotagem. Ele tentou me matar, e eu sabia que era uma pessoa perigosa. Por isso, decidi fingir minha própria morte e contratei policiais para informar minha família sobre isso.

Tudo foi cuidadosamente planejado, um plano impecável sem falhas. O corpo no caixão não era o meu, mas sim o de um dos soldados do Ricardo, que estava usando uma máscara que imitava minha aparência. Eu não poderia colocar a vida da minha família em risco; se não aparecesse um corpo, Ricardo saberia que eu ainda estava vivo. Para piorar, havia Bernardo, John e Beatriz, que Gabriel me contou que estavam trabalhando juntos. Confesso que meu ódio por eles só crescia. A tristeza de estar longe da minha família e da minha amada Mary era inevitável. Durante esse tempo, fiz amizade com Tatiana, que se tornou como uma irmã mais nova para mim. Conviver com ela me fez perceber que ainda poderia ser uma pessoa melhor. Um mês depois, já me sentia muito melhor e sabia que precisava agir. Tinha um plano para acabar com aqueles desgraçados. Foi então que surgiu a ideia de me transformar em outra pessoa, adotar uma nova identidade: MIGUEL SALVATORE, sim, o vizinho dos Caccini.

O Miguel era apenas uma fachada. Foram meses difíceis, e eu pensei que não conseguiria suportar. Muitas noites, eu saía de madrugada para ver minha família. Observava-os à distância e sentia uma dor imensa ao ver a tristeza no olhar da Mary. Eu a amo profundamente, e era evidente o sofrimento dela, mas era necessário que ela acreditasse que eu estava morto. Se não fosse assim, ela se tornaria uma arma que o Ricardo usaria contra mim. Com o tempo, ocorreu o ataque de Bernardo e seus comparsas. Ele achou que estava vencendo, mas não contava com o plano B. Foi um alívio vê-lo queimar na explosão. No entanto, ainda tinha dois problemas: Ricardo e Beatriz. Depois de cinco meses, a saudade dela estava insuportável, mas continuei focado nos meus objetivos. Estava sempre atrás de Ricardo e Beatriz, acompanhando cada passo deles. Aquela mulher nunca foi paraplégica. Em um momento de distração, consegui acabar com o desgraçado do Ricardo Monteiro.

Eu poderia ter voltado para casa, mas o medo da rejeição da Mary me impediu. Felizmente, segui os conselhos da Tatiana. Enquanto caminhava em direção à casa da minha avó, percebi uma movimentação estranha com a presença de policiais. Ao me aproximar, perguntei o que estava acontecendo e fui informado de que ela havia sido sequestrada. Fiquei desesperado, mas lembrei do rastreador que coloquei em um anel que minha avó sempre usava. Ao chegar ao local, encontrei um armazém abandonado. Dentro, vi minha avó deitada no chão; verifiquei seu pulso e percebi que ela estava viva. No entanto, antes de agir, notei uma movimentação e me escondi. O sequestrador entrou acompanhado por Mari, Fernando e meu avô Luiz, todos ensanguentados. Eu precisava encontrar uma maneira de ajudá-los.

Assistir à tortura da minha família me destruiu. Eu queria muito acabar com aquele desgraçado com minhas próprias mãos. Quando ele saiu levando a Mary, o desespero tomou conta de mim. Em questão de segundos, vi um fósforo aceso sendo jogado para dentro do armazém e, sem pensar duas vezes, corri em direção a eles, guiando-os para a porta dos fundos. Em um instante, o armazém explodiu, levando tudo pelos ares. Foi emocionante reencontrar minha família, que ficou em choque, o que é compreensível. Por outro lado, meu coração estava angustiado, pois Mary estava nas mãos de um psicopata.

Minha família está passando por um momento difícil, mas com amor conseguiremos enfrentar todos os desafios. Não consigo tirar da cabeça a imagem do quarto em chamas e da Mary caída no meio do fogo; vê-la sofrendo me destruiu. Tudo isso por causa da Beatriz. Eu vou encontrá-la e, quando isso acontecer, ela vai pagar caro por ter machucado a minha família. Farei com que ela se arrependa de ter nascido. Serei seu carrasco, ou não me chamo Henrique González.