"Decisões"

35 21 9
                                        

Dois meses se passaram e Beatriz já estava em casa, mas muito abalada, quase não saía do quarto. Henrique, por sua vez, se esforçava ao máximo para animá-la, enquanto o sentimento de culpa o perturbava. Na casa de dona Helena, Mary já estava recuperada e, mesmo sem a aprovação de dona Helena, decidiu voltar a trabalhar vendendo suas flores. Henrique não a via mais, pois decidiu focar apenas em Beatriz. Apesar de todos quererem ajudar, Beatriz só desejava a presença de Henrique.

Mary sente falta do amigo, mas, ciente da situação com Beatriz, foi aconselhada por dona Helena a manter distância de Henrique para evitar complicações. Às vezes, ela o via passeando com seu cachorro, mas apenas trocavam olhares, sem se falarem. Com os últimos eventos, a vida de Henrique se tornou um verdadeiro caos. Sua sede por vingança ressurgiu com força, mas, apesar de investigar, ele não conseguiu descobrir quem atacou Beatriz, já que não havia gravações de câmeras de segurança e ela não se lembra de nada por causa da queda que sofreu.

Henrique se distanciou de Mary. Apesar de isso lhe causar dor, ele acredita que é o melhor para ela, já que merece alguém que seja melhor do que ele. O que o consola é saber que ela se aproximou de seu irmão mais novo, Fernando. Os dois se tornaram muito próximos e têm uma amizade bonita. Todos os dias, Mary sai para vender flores, enquanto Henrique a observa de longe.

Mary:

Com a luz do sol entrando pela janela, olho para o relógio e vejo que são sete horas da manhã. Tomo um banho e cuido da minha higiene, vestindo um vestido vermelho leve. Ao sair do quarto, encontro a dona Helena tomando café da manhã.

- Bom dia, dona Helena - digo, dando-lhe um beijo na testa.

- Bom dia, minha menina. Acordou animada, dormiu bem?

- Sim, dona Helena. O dia está perfeito para vender flores - respondo com um sorriso.

- Que menina teimosa! Você não precisa trabalhar.

- Eu sei, dona Helena, mas eu realmente gosto de vender flores.

- Tudo bem, Mary. Você tem mãos de fada para lidar com flores.

- Já está na hora de eu ir. Até mais tarde! Cuide-se e não se esforce demais - digo enquanto pego a Luna no colo. - Filha, a mamãe vai sair. Cuide bem da vovó, combinado? Ela responde com um pequeno resmungo.

Pego meu cesto e coloco na calçada enquanto pego minha bicicleta. De repente, sinto que alguém está me observando. Olho em volta, mas não vejo ninguém, então decido ignorar.

Essa é a minha rotina diária. Já se passaram três meses desde o pior dia da minha vida, mas alguém me ajudou e serei eternamente grata a essa pessoa. Cheguei a acreditar que ele poderia ser o amor da minha vida, mas percebi que estava enganada, pois o coração dele já pertence a outra. Por isso, ele se afastou de mim. Henrique não me olha mais desde que a noiva dele sofreu um atentado e perdeu os movimentos das pernas. Mesmo eu oferecendo ajuda, tudo que consegui foi o distanciamento dele. Sinto falta das nossas conversas e risadas; os dias eram mais leves e felizes com a presença dele. Respeito a decisão dele e não o procuro, mas sempre que o vejo, sinto vontade de correr e abraçá-lo, dizendo que estou morrendo de saudades. Sou tirada desses pensamentos por um cachorro enorme que pula em cima de mim, me derrubando no chão. Ele lambe meu rosto enquanto abana o rabo peludo.

- Zeus, volte aqui, seu cachorro bagunceiro! diz uma voz que eu reconheço bem.

Era o Henrique, eu reconheceria essa voz em qualquer lugar. Levantei do chão, sacudindo meu vestido.

- Desculpe pelo meu cachorro, não é comum ele fazer isso, disse ele, visivelmente constrangido.

- Tudo bem, Henrique, não se preocupe. Ele é lindo, respondi com um sorriso tímido.

- Você está bem? Se machucou? ele perguntou, preocupado.

- Não me machuquei, nada quebrou, mas e você, está bem? Como está sua noiva?

- Estamos bem, obrigado por perguntar. Preciso ir agora, vamos, Zeus. Tchau, Mary.

Ele saiu quase correndo, como se estivesse fugindo de mim, e isso doeu tanto. Meu Deus, como eu sinto falta dele, "o moço dos olhos castanhos".

Henrique:

É doloroso vê-la e não poder expressar o que sinto. Eu gostaria tanto de abraçá-la, mas saí de lá quase correndo. Manter distância de quem amamos é muito difícil. Sim, eu a amo, mas sinto que não a mereço. Ela quase me flagrou enquanto a observava. Mary está cada vez mais bonita, e me machuca muito abrir mão dela. Eu queria poder deixar tudo para correr para seus braços, mas isso não é viável; meu passado me persegue e meu presente me perturba. Sei que vou sofrer ao vê-la com outra pessoa, mas isso é o que mereço por ter machucado a Beatriz, que agora está paraplégica por minha causa. Eu não a amo, mas vou me casar com ela para garantir sua segurança e seguir com meu plano de vingança pela morte dos meus pais.

- Oi Beatriz, como você está? pergunto ao entrar no quarto.

- Oi, meu amor, estou muito melhor agora, ela responde sorrindo.

- Preciso conversar com você. Decidi me casar com você para garantir seu futuro. O que você acha?

- Claro, eu aceito, Henrique. Vamos ser muito felizes, você vai ver.

- Tudo bem, então. Assim que eu resolver a papelada, te aviso. Falo enquanto saio do quarto e vou em direção ao meu escritório, pego uma bebida, enquanto atendo a ligação do meu irmão.

- Oi, meu mafioso charmoso, ele diz com um tom sedutor.

- Para com isso, Fernando. Hoje estou sem paciência. O que você quer?

- É Assim que você trata seu irmão mais novo? Abre a porta para mim, estou aqui esperando há um tempão.

- Estou indo, digo enquanto desço até a porta. Oi, maninho, ele diz sorrindo.

- Entra aí. A que devo a honra da sua visita?

- A Mari me disse que você estava um pouco pra baixo, então vim conversar com meu irmão. Você está mal por causa da Mary e da Beatriz, não é?

- Sim, Fernando. Eu sou completamente apaixonado pela Mary, mas decidi me casar com a Beatriz para garantir um futuro a ela.

- Não faça isso, Henrique. Você e a Mary se amam. Não deixe ninguém atrapalhar isso.

- Eu já decidi, Fernando.

𝙼𝚈 𝙷𝙰𝙲𝙺𝙴𝚁Onde histórias criam vida. Descubra agora