Cap. 3 - Essa noite não poderia ficar melhor.

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Na cozinha, iniciamos uma tentativa de socialização enquanto preparava minha bebida.

- Então, de onde você conhece a Nina? – iniciei a conversa, enquanto arrumava as coisas para preparar uma caipirinha. Quanto mais álcool para me ajudar a atravessar aquela noite, melhor.

- Eu não conheço. Pelo menos não muito bem. – disse ele, sentando sobre a mesa onde eu preparava minha bebida. Eu apenas lhe mostrei uma expressão de "então o que diabos você está fazendo aqui?" enquanto o empurrava para que tirasse a bunda de cima do lugar onde pessoas comiam.

- Minha irmã. Ela é da mesma turma da sua amiga na faculdade. Ela foi convidada, e como eu não tinha nada melhor pra fazer, vim junto. – comentou, saindo da mesa e sentando sobre a pia.

Será que ele não sabia para que serviam as cadeiras?

- Hm. E como você conhece a Thaisa então? Elas não fazem o mesmo curso. – perguntei, curioso.

- Uma vez eu fui buscar a Luana na faculdade e suas amigas estavam lá conversando com ela.

- Luana é sua irmã?

- Nossa, até que você foi ráp... – antes que ele pudesse finalizar, apontei a faca que usava para preparar a bebida em sua direção. Ele nunca terminou a frase. – ...é. É minha irmã.

- Vem cá, essa sua amiga Thaisa é gamadona na Nina, né? – continuou Led, curioso, enquanto comia alguns petiscos separados para a festa que estavam sobre a pia, próximos a ele.

- É tão visível assim?

- Demais! Ela olha para a Nina como se não houvesse outra pessoa no mundo. É até bonito. E um pouco constrangedor também. – ele brincou, me fazendo rir pela primeira vez.

O mais interessante é que notei em seu comentário que, para ele, não havia problema em existir amor de uma garota para outra. Todas as palavras ditas por ele foram tão simples, tão naturais que parte da minha raiva por ele se dissipou automaticamente. Seu comportamento deixava claro que ele tratava o assunto como uma coisa que de fato não deixava de ser: normal. Nesse momento não pude deixar de pensar em meus pais e sentir uma pontada de tristeza.

- É verdade. Eu não entendo como a Nina não enxerga isso. – comentei, apoiando-me sobre a pia, próximo a ele, e colocando minha bebida pronta entre nós dois. O objetivo do copo ali era que precisava de algo para garantir que a proximidade não fosse tão próxima assim. Afinal, aquele perfume...

- Cara, qualquer pessoa enxerga isso. Impossível ela não ter percebido nada.

- Você acha?

- Certeza. Mas se quiser, eu posso dar uma checada com a minha irmã, ver se a Nina comentou alguma coisa com ela. Aí te aviso.

Como assim? Ele se referia a fazer isso durante a festa ou pensava em algo mais a longo prazo? Talvez me adicionar nas redes sociais, ou mandar uma mensagem pelo celular...

Samuel, foco! Por que eu estava pensando nisso? Eu tinha que me policiar, era assim que começavam meus desastres amorosos. Não que eu fosse me apaixonar por ele ou algo do tipo.

Ou pelo menos era o que eu achava na época. Hoje eu tenho certeza do quanto eu era burro.

- Claro, ia ser bom sab... Ei! Quem te deu autorização para pegar a minha caipirinha?! – resmunguei, com toda a minha raiva por ele voltando a aflorar. Que cara abusado!

- Achei que você tivesse feito para mim. Além do mais, parecia tão gostosa quando você preparou... – respondeu, com ar de falsa inocência.

Hipócrita!

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora