Cap. 8 - Isso ainda vai dar história.

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A semana corria normal, com a rotina de matérias na faculdade me ocupando a maior parte do tempo durante a semana. As coisas dentro de casa se mantinham em águas mornas, o elefante rosa no meio da sala fora varrido para debaixo do carpete. Mas as indiretas diminuíram, considerando que eu mais fugia da presença de meus pais que ficava perto deles. Minhas aulas no estúdio de dança se tornaram então cada vez mais frequentes. E as conversas pelos grupos no celular com minhas amigas eram regulares, para discutir besteiras e compartilhar histórias engraçadas que seriam facilmente esquecidas. 

Aquela semana, no entanto, trazia consigo um detalhe importante: era a semana em que se iniciaria a abertura do processo seletivo para uma das filiais de uma das maiores emissoras do país. Estagiários e universitários da área de Comunicação de todo o país se candidatariam para aquelas poucas vagas, esperando conseguir uma oportunidade de iniciar a carreira em um dos maiores veículos de notícias do mundo. Eu era um dos que almejavam uma dessas vagas, por mais difícil que fosse alcançar um lugar entre os melhores dentre os concorrentes. Havia dado início à construção do meu currículo para enviar àquela empresa, e a qualquer outra que estivesse precisando de alguém para trabalhar. Por mais que minha esperança fosse a de ser o novo contratado da emissora, tinha noção do nível (ou sorte) necessário para obter êxito. E meu desejo pelo início de minha independência financeira começava a atingir graus alarmantes, de modo que não poderia me permitir o luxo de escolher onde gostaria de trabalhar.

Embora Eduardo tivesse acesso livre e recorrente a meus pensamentos, não tive qualquer tipo de contato com ele. O máximo que ouvi sobre ele ao longo dos dias foi através de Mabel: ela parecia muito empolgada com o encaminhar das conversas que tinham e, aparentemente, ele retribuía sua empolgação. O único que não estava tão empolgado com tudo isso era eu, e a culpa que eu sentia por não estar compartilhando a felicidade da minha melhor amiga não ajudava em nada.

Meu desinteresse pelo flerte que estava acontecendo entre os dois não passou despercebido por Mabel; ela me conhecia muito bem para não perceber. Em uma das conversas por telefone em que ela contava sobre a última conversa que teve com ele, ela percebeu que minha motivação pela conversa não estava lá muito grande.

- Você não está nem um pouco interessado no que eu estou te falando, não é?

- Não, não é isso. – menti. – É que estou com sono.

- Mentira! Você não gosta dele que eu sei!

- Não posso dizer que eu não gosto dele. Eu não o conheço.

- E nem vai conhecer se continuar com essa sua indiferença. Parece que você tem medo dele! Por que você não o adiciona? – ela me perguntou.

Como disse antes a vocês, eu jamais o adicionaria, por maior que fosse minha vontade. Eu era muito orgulhoso para fazê-lo.

- Eu não. – me pus na defensiva. – Minha primeira impressão dele não foi das mais amigáveis para eu querer adicioná-lo assim, sem mais nem menos.

- Engraçado, porque ele gostou tanto de você...

Aquela informação obviamente atiçou minha curiosidade.

- Como assim? Ele falou alguma coisa?

- Ah, ele perguntou várias coisas sobre você...

Apesar de minha curiosidade exigir por maiores detalhes, optei pelo silêncio. Minha vontade era de perguntar tudo sobre o que eles haviam conversado; que tipos de pergunta ele fazia a ela, que tipos de piadas ele contava, se ele ia dormir tarde, se preferia cachorros ou gatos, se parecia verdadeiramente interessado em saber mais sobre mim ou se era apenas um ato educado; e principalmente porque eu ainda estava esperando ele me adicionar, se ele supostamente tinha tanto interesse em me conhecer melhor quanto Mabel alegava. 

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora