Cap. 34 - Você só pode estar de sacanagem comigo!

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- Como... Como é? – Edu me perguntou. Seu olhar começava a adquirir aquele tom aéreo, de quem se perdia em seu próprio mundo. Típico de quando ele ficava muito nervoso.

- Eu preciso disso, Edu. Espero que você entenda... – tentaria me explicar com calma e fazê-lo entender meu lado, mas fui interrompido por uma palavra. Três letras. O suficiente para me quebrar.

- Sai.

Foi minha vez de ficar sem palavras.

Inicialmente eu não soube como reagir. Acredito ter ficado ali com cara de paisagem durante uns bons segundos.

- Você quer que eu vá embora? – perguntei assim que consegui voltar a raciocinar, mas Led não me respondeu. Meu namorado não estava mais ali. Seu olhar já não conseguia focalizar qualquer item daquela sala, as luzes das velas já não possuíam mais o ar de romantismo de quando haviam sido postas ali.

Esperei alguns segundos intermináveis para que Edu recuperasse um pouco do bom senso e me respondesse.

- Não. Claro que eu não quero. – ele me respondeu, finalmente voltando seu olhar para mim. – Eu quero que você me explique, Samuel. Morar com ele? Por quê? Vocês... estão juntos ou planejando ficar juntos ou algo do tipo?

- Claro que não, Edu! – falei em tom nervoso. – Claro que não! Zeus, de onde você tira essas ideias? Nós vamos dividir o apartamento, só isso! Cada um com seu quarto, no seu canto. Sem romance, ok?

- Então eu... Eu não estou entendendo nada! Por que você vai morar com ele e não morar comigo?

- Exatamente pelo que eu acabei de te dizer alguns minutos atrás, Edu. Eu não posso.

- E eu não entendo o motivo! Por que caralhos você não pode? – ele insistia, sem perceber que o problema não estava em eu não me explicar. E sim em ele não tentar entender. Até que sua expressão mudou para uma de desconfiança e dor profunda, como se tivesse imaginado algo tenebroso. – Ou você não tem vontade de morar comigo?

- Edu, pelo amor de Zeus... – disse, de maneira cansada. – Você sequer ouviu tudo o que eu disse para você?

- Samuel...

- Eduardo. – cortei sua fala, decidido a acabar com todos aqueles pensamentos desconfiados de Led. - Você se lembra da noite em que eu te pedi em namoro?

Ele apenas acenou a cabeça em concordância, sem conseguir olhar diretamente para mim.

- E você lembra o que você me disse quando aceitou? – eu continuei.

Ele acenou mais uma vez.

– Que eu sou seu cara. E que você é o meu. – lembrar aquilo me trazia uma sensação de nostalgia aterradora. - E eu sempre vou ser seu cara, Edu. Sempre. Tem mais de dois anos que a gente está junto, e eu nunca pensei que depois de tanto tempo eu pudesse continuar amando alguém desse jeito. Eu nunca nem achei que a gente conseguiria chegar até aqui. E isso é maluco, porque eu quero ter isso para sempre.

- Eu também quero, Sam... – ele me disse, e encostou sua testa a minha. Claramente ele estava fazendo um esforço sobrenatural para não chorar, e eu também. Eu nunca havia pensado que uma declaração pudesse ter um tom tão... de despedida.

- Mas você me disse outras coisas naquela noite. – instiguei sua memória.

- Eu te disse que ia acabar te decepcionando. E foi o que eu fiz quando não te contei que ia embora. – ele me respondeu, pensativo.

- Não era disso que eu estava falando. – o corrigi. – Você me disse que eu era muito romântico. E você estava certo.

Os olhos vermelhos de Eduardo me encararam em resposta.

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora