Cap. 7 - Não existiria Led.

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Ao fim da aula, enquanto recolhia minhas coisas, Ângelo veio conversar comigo.

- Opa! E aí? – disse, me cumprimentando com um aperto de mão.

- Tudo bom?

- Tudo, e com você? Vi que estava elétrico hoje! – comentou, achando graça.

- É, eu estava precisando gastar energia acumulada. – retruquei, pensando que se ele soubesse o motivo de toda a minha energia não acharia tão engraçado.

- Mas em uma turma intermediária? Você já passou desse nível há muito tempo! – disse Ângelo. Apenas lhe dei uma risada sem graça, sem querer explicar os reais motivos de estar assistindo aula em uma turma menos avançada em um sábado à tarde.

- Então, estou aqui para te fazer uma proposta. – prosseguiu ele. Estranhei.

Tudo bem que Ângelo era um homem para ninguém botar defeito, tanto em sua personalidade cativante, quanto em seu físico invejável. Um homem jovem, bonito, charmoso, independente, com bom papo. Não podia negar que nos dias de seca, havia pensado que um tipo como o de Ângelo viria a calhar muito bem.

- É só uma proposta profissional! – ele se adiantou para explicar enquanto sacudia as mãos, com os olhos arregalados. Seu susto provavelmente era em resposta ao olhar desconfiado que o lancei.

- Profissional? Diga lá!

- Você está sabendo que daqui a um mês nós vamos transferir nosso estúdio para um lugar maior, não é?

Apenas confirmei com a cabeça. Ele vinha anunciando isso há algum tempo e não tinha como não se empolgar com sua alegria. Abrir uma escola de dança espaçosa, em um local de prestígio e que pudesse agregar maiores turmas sempre foi seu sonho. E ele finalmente estava pronto para realizá-lo.

- Então, eu quero pedir sua ajuda. Estava pensando se você poderia fazer um vídeo para divulgar nosso novo estúdio. Quer dizer, você é dessa área de comunicação, com certeza entende disso melhor que eu. O que você me diz?

Aceitei sem pestanejar. Após quase sete anos assistindo aulas com Ângelo, poderia dizer que tínhamos uma relação próxima à amizade, de modo que jamais poderia negar um pedido desses a ele.

Após acertar o pagamento com aulas grátis pelos próximos meses, me despedi e fui caminhando para casa, com meu velho companheiro de guerra, o ipod. Durante o caminho, percebi meu celular vibrando no bolso anunciando uma mensagem recebida de Mabel.

"Tá aí???"

"Tô"

"Ele me adicionou! =DDD"

Entrei em um pequeno estado de ansiedade ao perceber que meu celular não anunciava nenhum novo pedido de amizade para mim. Rapidamente acessei meu perfil para confirmar: nada recebido por qualquer Eduardo ou Led. Talvez fosse melhor assim.

Mas então por que aquele frio no estômago não passava? Dessa vez não tinha álcool algum para culpar.

"E aí, já tá conversando com ele?"

O bom de mensagens por aparelhos de celular era que qualquer emoção que a pessoa estivesse sentindo não era transposta pelas letras enviadas. O que significava que Mabel jamais saberia do que se passava em minha cabeça naquele momento.

"Ainda não. Vc acha que devo?"

Continuei trocando mensagem com minha amiga até chegar em casa e fui dando dicas de como ela poderia puxar assunto com Led, sugerindo tópicos que poderiam gerar uma conversa prolongada. Assunto que variavam desde relembrar a noite do dia anterior até, obviamente, perguntar pelos seus filmes favoritos. 

Vem Comigo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora